O hip hop celebra seu seu 50º aniversário, e sua influência reverbera em diversas culturas e comunidades ao redor do mundo. Entre essas comunidades, destaca-se o dip hop, um subgênero do rap que está conquistando espaço e trazendo uma nova perspectiva para a música.
O dip hop ganha destaque por um motivo especial: os rappers criam rimas em línguas de sinais, expressando suas experiências culturais na comunidade surda. Esse estilo de rap tem ganhado força, e o evento Supafest Reunion 2023, organizado pelo DJ estadunidense Supalee, celebrou os artistas e promotores da comunidade surda nos Estados Unidos.
Nesse evento, artistas como Sho'Roc, Beautiful The Artist, Sunshine 2.0, Key-Yo, Hear No Evil e o ex-rapper Polar Bear, que agora atende pelo nome de Red Menace, brilharam com suas performances. Essa cena do hip hop surdo vem crescendo e encontrando seu espaço próprio, com o dip hop se destacando por trazer à tona a riqueza cultural da comunidade surda.
A história do dip hop começou com o rapper Warren "Wawa" Snipe, que em 2005 criou o termo “DIP HOP” em ASL e em inglês para classificar esse estilo de rap. Embora os artistas desse gênero possam usar rótulos diferentes, como "deaf rap", "deaf hip-hop" e "sign rap", o termo dip hop abraça sua independência e fundamentação na cultura surda.
De maneira similar ao surgimento do Hip Hop, o dip hop encontrou seus primeiros espaços em festas DIY e reuniões sociais organizadas por DJs surdos e empresários do entretenimento nos anos 1990 e 2000. Cidades com escolas para surdos, como a Universidade Gallaudet em Washington, DC, e o Instituto Técnico Nacional para Surdos em Rochester, Nova York, também desempenharam um papel importante nesse desenvolvimento cultural.
O dip hop vai além da incorporação da língua de sinais em suas rimas. Ele reflete a cultura surda e reorienta as noções dominantes do que pode ser considerado música. Os artistas têm seu próprio estilo de rap, e as apresentações podem assumir diversas formas, envolvendo linguagens orais e manuais, colaborações com DJs ouvintes ou surdos, e até mesmo o uso de instrumentos musicais.
A luta dos artistas do dip hop para serem reconhecidos como músicos tem tido sucesso, com artistas como Marko "Signmark" Vuoriheimo e Sean Forbes assinando contratos com grandes gravadoras e alcançando posições de destaque nas paradas musicais.
O dip hop desafia a convenção e quebra paradigmas, não apenas na música, mas também na cultura surda e na surdez, mostrando que a arte musical pode ser ouvida de diferentes formas.
A cada apresentação, os artistas do dip hop promovem uma verdadeira revolução musical, redefinindo o significado da música ser ouvida. E assim, esse estilo independente continua a crescer, mostrando ao mundo que a linguagem de sinais tem um lugar especial na história e no futuro do rap.
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