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O ódio que eles semeiam e a Vida Bandida de Tupac.

Nathiele Saraiva
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Lançado em fevereiro de 2017, O Ódio que Você Semeia, best seller de Angie Thomas, abocanhou diversos prêmios e chocou o mundo levantando questões raciais, sociais e históricas. O livro foi adaptado para o cinema em 2018, sob o olhar do diretor George Tilman, Jr (Um Salão do Barulho, Homens de Honra). A história tem como protagonista a adolescente Star que se divide entre os dois mundos os quais habita. Semanalmente, Star, que é negra, frequenta uma escola particular, predominantemente rica e branca, pois seus pais acreditam que o ensino das escolas do bairro onde moram não podem proporcionar a educação que os filhos precisam para serem os famosos “alguém na vida”.

O Ódio Que Você Semeia de Angie Thomas, 2017.
O ódio que você semeia de Angie Thomas, 2017.

Aos finais de semana geralmente convive com os amigos de infância e frequenta as festas do bairro. Em uma dessas festas, ela reencontra, depois de alguns anos, o melhor amigo de infância Khalil, que lhe dá uma carona pra casa após uma briga acabar com a festa.

No caminho, os amigos são parados por um policial que ao “desconfiar” que Khalil, um jovem negro da periferia, estava armado atira e acaba matando o rapaz. A injusta morte de Khalil gera revolta na sociedade e traz à tona diversos debates raciais gerando uma grande manifestação social. Star, como a única testemunha do ocorrido, logo se vê envolvida na trama e perturbada sobre qual posição tomar.

Cena de O Ódio Que Você Semeia, 2018.

Tupac é citado em dois dos momentos mais importantes do livro: O primeiro, quando Star e Khalil estão no carro a caminho de casa. Star tira sarro do amigo por ouvir Tupac pois o considera um rapper muito velho. Khalil então começa a explicar pra ela o quanto a obra do artista é importante e continua fazendo sentido atualmente e que por isso ele ainda deve ser considerado o melhor. Ele conta que o rapper criou o movimento Thug Life (Vida Bandida) como sigla da frase “The Hate U Give for the Little Infants Fuck Everyone” (O Ódio que Você dá para as Criancinhas Fode com Tudo). E num segundo momento, após a morte de Khalil, quando Star se encontra no dilema de testemunhar contra o policial e se envolver com os movimentos sociais a favor de Khalil, em uma conversa com o pai. Ao som de Changes de Tupac, os dois entram no assunto de como o rapper era, nas palavras do personagem, “intenso” e que não se fazem mais rappers como antigamente. Ao citar o termo Thug Life o pai se surpreende com a filha que conta já saber o que significa e que foi Khalil quem havia lhe explicado antes de morrer. Sendo um dos diálogos mais marcantes do livro, o pai de Star faz com que a filha reflita sobre o que esse ódio significa e os dois embarcam em uma discussão sobre direitos, racismo e preconceito.

O ódio que a sociedade semeia, escondendo e alterando a história, negando os problemas sociais que as classes marginalizadas sofrem ao longo da anos, impedindo que educação chegue até as minorias para que, quem detém o poder não corra o risco de perder o lugar de superioridade, contribuem para a desigualdade e, como coloca Tupac, acabando com os sonhos e as chances das crianças. Diversas passagens incomodam, emocionam, nos fazem lembrar de situações que enfrentamos no nosso dia ou que vemos na mídia, pois a história de Star, sua família e seus amigos é a história de muitos de nós, é a história de quem nos oprime, é a história do mundo!

Cena de O Ódio Que Você Semeia, 2018.

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