Hoje é dia de rock bebê! E como já dizia Raul Seixas “O diabo é o pai do rock!” e se o diabo é o pai do rock, quem será o seu filho? e desde quando?
Até porque na verdade nem todo sabe a história real do rock, suas origens, seus pioneiros… e eu te garanto que ele é muito maior que Elvis Presley! Eu não tenho nada contra o Elvis (mas também não tenho nada a favor) mesmo não achando que ele seja original (pelo fato de já ter visto tudo o que ele fez pra ser endeusado em outros artistas que o antecederam), o problema e que o buraco é muito mais embaixo do que só o gosto pessoal…

Boa parte da história do rock foi apagada ao longo de sua formação — como a história de tudo que foi criado pelos negros na américa — e entre essas histórias, muitas delas são as dos grandes músicos pioneiros na criação desse estilo musical que durante muito tempo foram apagados pela mídia que passou a atribuir o rock a artistas brancos, como Elvis, por racismo, para comercio; era preciso encaixar o rock no padrão. A frase famosa citada por Raul no início no texto, sobre o diabo ser pai do rock me lembrou uma história que também envolve o rock e o diabo.

Antes mesmo da apresentadora Xuxa existir já existiam diversas lendas sobre artistas que faziam pacto com o vermelho para conseguir fama, poder, dinheiro ou talento; como no caso do guitarrista Robert Johnson.
A lenda conta que ele era um musico novato sem nenhum talento e por isso era ridicularizado nos bares onde tocava. então, um dia ele vai até uma encruzilhada, encontra o diabo, vende sua alma para ele e em troca disso, se torna o maior guitarrista do mundo. Sua carreira durou pouco, o artista morreu aos 27 anos, deixado apenas 29 composições (reza a lenda que na verdade deixou 30, mas uma foi perdida) e ainda assim, conseguiu fazer história na música e se tornar um dos maiores guitarristas de todos os tempos, pois segundo especialistas no assunto, Robert foi o percursor do rock in roll.
As letras do cara alimentavam a lenda, já que em muitas dela o cantor associava o blues ao demônio, falava sobre estar afundando, ser possuído por espíritos ruins, ficar perdido em uma encruzilhada, entre outros assuntos abordados nas letras, e como não se sabia muito sobre sua vida além das lendas, obviamente que isso contribuía para as suspeitas. Se o pacto existiu eu não sei, o que eu sei é que o talento não chegou do nada, ele veio através de muito estudo e trabalho e seu maior inimigo não era o diabo e sim o próprio blues, que naquela época crescia cada vez mais entre a cultura negra em contraponto a outro grande seguimento que também crescia nesse meio, a cultura gospel. Obviamente, o blues logo se tornou a “música do diabo” por estar presente dentro dos bares, no meio das bebidas, do sexo e das drogas (isso te lembra mais algum bordão?), a igreja pregava que se tu escutasses essa música do diabo, logo tu irias para o inferno.
A associação do blues com o diabo lhe custou muito quando se apaixonou e decidiu casar com uma moça de família cristã que não o aceitava. Ele deixou o blues por um tempo e passou a se dedicar a esposa que depois de um tempo engravidou o que fez o músico voltar a tocar para conseguir dinheiro. Nesse meio tempo, a esposa e filho acabaram morrendo no parto fazendo com que a família passasse a culpar Jonhson pela tragédia por ele estar “cantando música do diabo”. Depois desse episódio, Robert voltou para sua cidade natal, onde aprendeu a tocar guitarra com um dos guitarristas mais conhecidos da região. Por conta de Robert não ser um bom músico, os dois iam ao cemitério pela madrugada para praticar, pois lá não havia vizinhos para reclamar do barulho. Após um ano de estudo, o músico volta surpreendendo a todos e fazendo o seu legado na música.

A história de Robert Johson e a sua importância para a história do rock não é tão reconhecida como deveria, assim como a história de outros músicos que foram usados pela mídia para padronizar a arte e silenciar uma parte de seus pioneiros. A história de Elvis é o maior exemplo entre eles, já que ele é o mais conhecido entre todos, o cantor não compunha suas músicas, a maioria de seus sucessos foram versões de músicas de outros rockeiros negros que estavam fazendo sucesso na época (como maior exemplo o cantor e guitarrista Chuck Berry). As músicas, as danças, o estilo, tudo era uma versão padrão padronizada por uma grande jogada de marketing, onde usaram um grande músico para ofuscar outros grandes músicos.
A história de Robert Johnson chegou a netflix no ano passado na série documental ReMastered, no episódio “O Diabo na Encruzilhada” e eu simplesmente surtei porque até então era difícil encontrar informações concretas sobre ele, além do filme A Encruzilhada, filme ficcional de 1986, também disponível na netflix.


Sobre a padronização do rock através de músicos brancos como Elvis, tem um filme disponível no youtube chamado Cadillac Records, que conta a história da primeira gravadora de músicos negros a Cadillac Records. Entre esses artistas, vemos a história de Chuck Berry e Muddy Waters, grandes artistas negros que foram pioneiros do rock. O filme é incrível, dá pra aprender bastante sobre o cenário musical e social na época e de quebra ainda tem a Beyoncé interpretando a minha cantora favorita Etta James, vale muito a pena assistir.
ReMastered é uma série documental musical original netflix que conta com 8 episódios incríveis e pra quem gosta de música e de história caada tema abordado é aula! No episódio “O Diabo na Encruzilhada” temos uma abordagem mais profunda sobre a história de poucos registros de Robert Jonshon cuja a vida sempre foi um mistério e o seu legado indiscutível. Com depoimentos de familiares, pesquisadores e de grandes nomes da música, o diretor Brian Oakes honra o nome e o talento desse artista tão importante pra história do rock e da música!

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