O Submundo do Som bateu um papo com a MC peruana Hatrapadah. Mãe e professora, Miriam é rapper há mais de 15 anos e nessa entrevista fala sobre a cena em seu país, suas inspirações e como o Peru vem difundidndo o Hip Hop. Confira:
Submundo do Som - Em primeiro lugar muito obrigado pelo papo aqui com a gente. Por favor, gostaria que começasse se apresentando, quem é Hatrapadah?
Hatrapadah - Olá, meu nome verdadeiro é Miriam Ku, tenho 32 anos, sou mãe, sou professora de crianças e Hatrapadah é meu nome de rapper, sou Hatrapadah há mais de 15 anos.
Submundo do Som - Quais são suas primeiras lembranças musicasis e como o Hip Hop surge em sua vida?
Hatrapadah - Sempre gostei de música em geral, gosto de ouvir os instrumentos e as letras das músicas. Quando eu era criança meus pais ouviam vários estilos musicais como salsa, cumbia e chicha. Quando eu era adolescente eu adorava rock porque meus primos mais velhos me tocavam músicas de grupos de rock, alguns eram underground, aos 15 anos já tinha chegado a mim um disco de rap em espanhol, e aquele disco mudou minha vida. Decidi continuar a procurar mais música porque me ajudava a compreender as coisas e sobretudo a pensar. Enquanto ouvia rap, eu também descobria sobre a cultura hip hop. O Hip Hop me pegou.
Submundo do Som - Quais são suas influências musicais e o que te inspira para compor?
Hatrapadah - Não tenho nomes exatos de grupos musicais porque estou sempre procurando novas músicas, mas posso dizer que me inspirei muito no rap espanhol porque era muito poético e também ouvia rap em inglês por causa do fluxo que os rappers tinham. Eu escrevo minhas letras sempre que estou inspirado, feliz ou triste. Para mim é uma forma de fugir, desabafar e dizer o que penso de uma forma interessante. Gosto muito de poesia, gosto de brincar com as palavras, rimas. Sempre me destaquei desde a escola ao escrever rimas.
Submundo do Som - Fala sobre o álbum Bienvenidos Ritmos Turbios que tem a produção da Sepharina.
Hatrapadah - O álbum Bienvenidos ritmos turbios é meu último álbum, escrevi durante a pandemia de covid, tinha algumas músicas e graças às redes sociais consegui entrar em contato com a Sepharina que é uma beatmaker francesa, ele me ofereceu um ritmo e gravei no isso . Sepharina gostou e ela me perguntou se eu queria fazer um álbum e eu disse que sim. Trabalhamos em todo o álbum remotamente. Eu gravei as vozes e ele mixou ali e assim nasceram as 12 músicas.
Submundo do Som - Gostaria, também, que comentasse duas de suas participações, a música "Dualidad", com Frank Eutanasia e a cypher "Peruana Killa", como foi participar desses projetos?
Hatrapadah - Me invitaron a grabar la peruana Killa, fue la rapera Akela quien me invitó, ella es una de las primeras raperas de Lima. Para mi fue un gusto participar en este video ya que considero a todas las chicas que aparecen como mujeres poderosas y talentosas. Me complació agarrarlo y que lo reconocieran en mi país.
Submundo do Som - Qual sua visão sobre o Hip Hop peruano e a relação com os meios de comunicação?
Hatrapadah - Yo creo que la música en general no te apoya aquí en el Perú y mucho menos el hip hop, pero yo creo que poco a poco vamos avanzando, ahora las redes sociales ayudan mucho, y los medios televisivos también empiezan a hablar de rap. Espero que en unos años podamos vivir de la música que hacemos, supongo que otras generaciones podrán aprovecharlo. Hay blogs de música urbana, no tanto de rap, yo solo conozco pocos: Rapealo, HH consciente.
Submundo do Som - Como é ser uma mulher rapper no Peru? Há machismo na cena local?
Hatrapadah - Quando comecei a fazer rap em Lima, Peru, as pessoas não acreditavam que uma mulher não pudesse fazer isso bem ou melhor que os homens. Havia poucas rappers femininas, elas eram respeitadas, mas as novas rappers femininas não tinham muito espaço. Aos poucos eles perceberam que eu não estava fazendo isso pela moda, e assim eu estava abrindo espaço para mim na cena hip hop peruana. O machismo ainda existe, como em muitas partes do mundo, sei que querem mudar mas primeiro teriam que desativar aquele chip que existe rap feminino e masculino. Para mim é apenas rap e é isso.
Submundo do Som - Hoje o mundo todo atravesa uma grande crise política, sobretudo a nossa América Latina. Como você enxerga o Hip Hop no meio disso? Qual o papel do rap?
Hatrapadah - Acho que o hip hop está relacionado com a realidade da cidade, dos bairros, com as pessoas que não têm muitas oportunidades e o hip hop ajuda a se expressar, a contar para os outros o que está acontecendo no nosso país, ajuda a pensar em como conseguir mudar essa realidade, ajuda a se aprimorar intelectualmente, também já vi que ajuda as pessoas a saírem de problemas com drogas, depressão, etc. Acho que depois que você conhece o Hip Hop você tem outra forma de ver as coisas. Você busca respeito dando respeito e fazendo coisas positivas para você e sua comunidade.
Submundo do Som - Vê diferença do Hip Hop do Peru para o dos outros países da América Latina?
Hatrapadah - No Peru tem muito talento mas não temos grandes produtores ou estúdios reconhecidos, acho que países que se destacaram na música como Argentina, Colômbia, Chile, Brasil sempre são reconhecidos mundialmente, mas levam o Peru como um ouvinte do país.
Submundo do Som - Conhece algo da música do Brasil?
Hatrapadah - Sinceramente, não entendo muito de música brasileira mas gosto do pouco que já ouvi e também das letras de alguns raps que já aconteceram comigo.
Submundo do Som - Indique artistas peruanos para o nosso público brasileiro.
Hatrapadah - Os que eu gosto e respeito: La Prole, Mseco, Fundamento Under, o som da resistência, Sky, Prinz, Almen, Sofgab, La élite, e muitos mais.
Submundo do Som - Que sonhos almeja realizar em sua caminhada pela música?
Hatrapadah - Gostaria de poder viver fazendo Hip Hop, não necessariamente tendo sucesso com minha música, gostaria de ter uma escola de Hip Hop para crianças de 3 a 16 anos onde a metodologia fosse relacionada a cultura Hip Hop, onde há cursos que servem para toda a vida.
Submundo do Som - Finalmente, qual mensagem você deixa para quem nos acompanhou e quais são suas redes sociais?
Hatrapadah - Obrigada por me dar espaço, por querer saber um pouco mais sobre mim e o que penso. Se isso for lido por alguém que está começando, só te digo que isso não é e não será uma moda, é uma forma de ver as coisas, com o hip hop a gente sai na frente, aprende a respeitar, aprende lutar e não ficar calado se algo parece injusto. Acho que nem todos nós esperamos nos tornar milionários, só queremos um mundo com pessoas que compartilhem desse pensamento. No instagram sou tipo @hatrapadah e no Facebook como Hatrapadah.
en español
1. Hola, mi nombre real es Miriam Ku, tengo 32 años, soy mamá, soy profesora de niños y Hatrapadah es mi nombre de rapera, llevo más de 15 años siendo Hatrapadah
2. Siempre me ha gustado la música en general, disfruto escuchar los instrumentos y las letras de las canciones. Cuando era niña mis padres escuchaban varios estilos musicales como salsa, cumbia y chicha. Cuando era adolescente me encantaba el rock porque mis primos mayores me pasaban música de los grupos de rock, algunos eran underground, a los 15 años ya había llegado a mí un disco de rap en español, y ese disco cambió mi vida. Decidí seguir buscando más música porque me ayudaba a entender cosa y sobre todo a pensar. Mientras escuchaba música rap también averiguaba sobre la cultura hip Hop. El hip Hop me atrapó.
3. No tengo nombres exactos de grupos musicales porque siempre estoy en búsqueda de música nueva pero podría decir que me inspiré mucho en el rap español por ser muy poético y también escuchaba rap en inglés por el flow que tenían los raperos y raperas. Mis letras las escribo en cualquier momento que esté inspirada, alegre o triste. Para mí es una manera de escapar, desahogar y decir lo que pienso de una manera interesante. Me gusta mucho la poesía, me gusta jugar con las palabras, las rimas. Siempre he destacado desde el colegio al escribir rimas.
4. El disco Bienvenidos ritmos turbios es mi último disco, lo escribí en la pandemia por el covid, tenía algunos temas y gracias a las redes sociales pude contactarme con Sepharina que es un beatmaker francés, él me ofreció un ritmo y yo grabé en él. A Sepharina le gustó y me preguntó si quería hacer un álbum y yo le dije que sí. Todo el álbum lo trabajamos a distancia. Yo grababa voces y él las mezclaba allá y así nacieron los 12 temas.
5. Me invitaron a grabar Peruvian Killa, fue la rapera Akela quien me invitó, ella es una de las primeras raperas de Lima. Para mí fue un placer participar en ese vídeo ya que considero a todas las raperas que aparecen como mujeres poderosas y talentosas. Me agradó grabarlo y que sea reconocido en mi país.
6. Creo que la música en general no tiene apoyo aquí en Perú, mucho menos el hip Hop, sin embargo creo que poco a poco estamos avanzando, ahora las redes sociales ayudan mucho, y los medios televisivos también están empezando a hablar de rap. Espero que en unos años se pueda vivir de la música que hacemos, supongo que otras generaciones podrán aprovechar eso. Hay blogs de música urbana, no tanto de rap, yo solo conozco pocos: Rapealo, HH consciente.
7. Cuando yo empecé a rapear en Lima Perú, la gente no creía que una mujer no lo podía hacer bien o mejor que los hombres. Habían pocas raperas, eran respetadas pero a las nuevas raperas no les daban mucho espacio. Poco a poco se dieron cuenta que yo no lo hacía por moda, y así fui haciéndome un espacio en la movida de hip Hop peruano. Aún existe el machismo, como en muchas partes del mundo, sé que quieren cambiar pero primero tendrían que desactivar ese chip de que hay rap femenino y masculino. Para mí solo es rap y listo.
8. Creo que el hip Hop esta relacionado a la realidad del pueblo, de los barrios, a la gente que no tiene muchas oportunidades y el Hip Hop ayuda a expresarse, a contar a los demás lo que pasa en nuestro país, ayuda a pensar en cómo poder cambiar esa realidad, ayuda a superarte intelectualmente, también he visto que ayuda a la gente a salir de problemas de drogas, depresión, etc. Creo que después de que uno conoce el Hip Hop tiene otra forma de ver las cosas. Buscas un respeto dando respeto y haciendo cosas positivas para ti y tu comunidad.
9. En Perú hay mucho talento pero no tenemos grandes productores ni estudios reconocidos, creo que a nivel mundial siempre se reconoce a los países que han sobresalido por la música como Argentina, Colombia, Chile, Brasil, pero a Perú lo toman como un país oyente.
10. Sinceramente no sé mucho de música brasileña pero me gusta lo poco que he escuchado y también las letras de algunos raps que me han pasado.
11. Los que me gustan y respeto: La Prole, Mseco, Fundamento Under, el sonido de la resistencia, Sky, Prinz, Almen, Sofgab, La élite, y hay muchos más
12. Quisiera poder vivir haciendo Hip Hop, no necesariamente triunfando con mi música, me gustaría tener una escuela del Hip Hop para niños desde los 3 años hasta los 16 años donde la metodología se relacione a la cultura Hip Hop, donde hayan cursos que nos sirvan para la vida.
13. Gracias por darme el espacio, por querer saber un poco más de mí y de lo que pienso. Si esto lo lee alguien que recién empieza pues solo les digo que esto no es ni será un moda, es una manera de ver las cosas, con hip hop uno puede salir adelante, aprende a respetar, aprende a luchar y a no quedarse callado si algo le parece injusto. Creo que no todos esperamos hacernos millonarios, solo queremos un mundo con gente que comparta ese pensamiento. En instagram estoy como @hatrapadah
Y en Facebook como Hatrapadah
Postar um comentário
0Comentários