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"Minhas Linhas" | Pãozin em uma história de superação que movimenta a cena

Jeff Ferreira
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O rap salva! Você já ouviu essa frase, apesar de não ser tão nova ela anda em desuso. Mesmo assim, o rap salva, e o que importa é o efeito que essas palavras juntas têm. O Submundo do Som traz a história de Pãozin, um mano que vem superando, dia após dia, os obstáculos de sua vida. Para isso usa de ferramenta o rap.


Diego, vulgo Pãozinho, desde pequeno deslizava de skate fazendo suas sessions no melhor estilo gangueiro. Mas em uma manobra do destino, Pãozinho levou um capote e trocou as quatro rodas embaladas por rolamentos ABEC por duas rodas de uma cadeira. Era 04 de abril, primeiro domingo do mês, terceiro dia após Jesus ser crucificado e posto no sepulcro. Nesse dia Pãozin também ressusitou. Naquela Páscoa, Diego trocou o ollie por um mergulho em uma cachoeira em Rio Preto e aos 29 anos em uma estrada de terra, acontece o acidente que muda sua vida e lhe acomete um traumatismo de crânio.


Tudo que Pãozinho viveu em quase três décadas teve que ser revisto, reaprendido e resignificado. Para muitos o rola sugaria as energias para remar. Agora a vida não era mais descer uma rampa e sim subir um morro a pé levando um fardo. Diego sempre curtiu rap e se inspirou em versos que ecoavam em seu fone nos points que encostava. Desse modo, usou o rap, mais precisamente a escrita. Sobre isso o próprio Pãozin comentou:


"Foi em 07/08/22. Comecei a fazer umas rimas para treinar o cérebro, porqque ele foi reiniciado. Queria treinar a dicção, que está sequelada até hoje. Eu tive que aprender a respirar novamente. Em um mês eu já tinha escrito oito letras".


O processo de compor de Pãozin, além de um hobby, teve uma função fisíca e o ajudou (e vem ajudando em sua recuperação): "Eu fiz uma ressonância na cabeça e fui à  uma neurologista. Ela não sabia explicar como eu estava vivo e tão bem. Segundo os médicos, era para eu estar vegetando. Então mostrei os rap que escrevi no celular, ela leu um verso de uma música chamada "Renascença", a médica começou a chorar. Então saquei que meu propósito era esse e tava acontecendo. Não podia e não posso parar".


Pãozin seguiu escrevendo, mas sem a possibilidade de cantar suas composições devido à sequela do acidente. No entanto, o sonho de ter um rap músicado não foi deixado de lado e nesse ponto da história que entra a figura do rapper Li Chéng


Rafa Alonso, vulgo Li Chéng, foi apresentado para esse que vos escreve através de outro mineiro, o Lheo Zotto e o projeto Efeito Eskambo. Zotto está uma cara no Hip Hop, mais anos do que os que ele próprio tem de vida e nos últimos anos Lheo engatou a quinta e fez mais lançamentos do que o Centro Espacial de Alcântara. Em 2022 veio o Efeito Eskambo volume 2 em uma dobradinha entre Li Chéng e Zotto.


Pãozin conheceu o trabalho de Chéng e passou a acompanhá-lo pelo Facebook. Nesse momento Diego já havia se acidentado e mesmo com uma limitação que muitos não tem, compartilhava a rodo o trampo de solo de Li e também de seu grupo, o InSenso, postura que tantos não fazem, de compartilhar e fortalecer o corre independente. Li Chéng comenta como a história de Pãozin chegou a ele:


"Fiquei sabendo da história do Pãozin através de um amigo que o rap me deu, o Skunk, e nessa troca de ideias surgiu a ideia da convidar o Diego para ser meu ghost-writer em uma track. Fiz o convite e ele aceitou de imediato".


Diego Pãozin revela os seintimentos acerca dessa parceria: "Essa atitude é linda. Eu sabia que minhas ideias estava lokas. Ele [Li Chéng] me falou que eu estava no caminho certo, deu algumas dicas e uns puxões de orelha (risos), é de lei, né? Eu só não chorei porque depois do acidente eu não consigo mais chorar. Não que eu não queira ou nçao goste, mas acho que todo mundo precisa desabafar".


Sobre o processo de contrução da música, Li Chéng também revelou detalhes:


"O Paozin já estava escrevendo umas linhas quando fiz o convite. Então ele mandou algumas letras, eu ajustei as ideias em um beat que vinha produzindo, tentei modificar as linhas o mínimo possível, só pra elas encaixarem no BPM mesmo. Já tinha um refrão de uma música de um projeto antigo que encaixava muito bem com as ideias que o Pãozin mandou, coloquei esse refrão no som, e ficou perfeito!


Durante o processo de adaptação eu fui mostrando o resultado da letra para aprovação do Diego, mas segurei o som pra ele ouvir o resultado final somente no dia do lançamento".


Pãozinho escreveu, Li Chéng rimou e produziu e Lheo Zotto me apresentou esse trabalho e história. Além dessa matéria, pude participar desse momento tendo o privilégio de fazer um lyric vídeo da música "Minhas Linhas". Acredito no poder de transformação e recuperação que o rap tem. Creio que o caminho para a vitória (e não necessariamente as cédulas) é a união e a história de Li Chéng e Pãozin tem muito disso, de união, de Hip Hop.

Parecido com meu pensamento, Lheo Zotto dá a letra em emocionante depoimento sobre esse episódio:

"O Senso coletivo sempre foi um vetor no meu trabalho, esse olhar para o lado do coletivo, porque é a essência do Hip Hop, é a essência dos Sound Systems jamaicanos, é a essência das Block Parties, festas populares, reuniões entre amigos, o coletivo...  E eu que tenho trampado nesse projeto colaborativo que é o Efeito Eskambo que acaba tendo esse olhar coletivo,  porque não só envolve eu e o outro convidado, mas uma série de outros profissionais amigos. Já estava trabalhando ao lado do Li Chéng quando conheci o Diego Pãozin e toda a sua história. O Pãozinho também fortaleceu muito meu corre nesse ano de 2023 e de muitos artistas interioranos, sempre compartilhando, comentando, indicando o trabalho de todos nós para sua rede de amigos que, independente do número de pessoas que tem, esse é o sentimento. Então quando eu vi toda essa movimentação eu quis estar bem próximo e a minha contribuição e ajuda nessa música, no lançamento e no processo desse som, foi mínimo, simplesmente conectando você, Jeff Ferreira, aos manos Lì Chéng e Diego Pãozin. Creio que daqui para frente se inicia uma ótima amizade entre todos nós... então essa essência. Isso é o que fica, as pontes, os elos e o coletivo... e vendo tudo isso tomando vida, tomando corpo e sendo transformado em arte só indica que eu estou no caminho certo, trabalhando com as pessoas certas, rodeado das pessoas certas....

muito obrigado pela oportunidade de estar aqui invadindo a entrevista dos meus irmãos e é isso Jeff - Submundo do Som - Dando a Letra -  Lì chéng e Diego Pãozin. Muito amor,  tamo junto... Hip Hop 50 anos!"

Li Chéng também cita a união como principal elo nesse movimento em que estamos todos inseridos: 


"Muita gente se refere ao Hip Hop como um gênero musical, mas pra galera que respira a cultura sabe que o Hip Hop é a somatória dos elementos, e pra mim, o Hip Hop é sobre isso, é a superação, a ajuda, a troca de conhecimento, de ação… Essa track marcou uma época importante na minha carreira como MC e como produtor, agradeço demais ao Pãozin pela oportunidade e também ao grande Lheo Zotto, que ajudou nas conexões pra que o lyric video acontecesse. Valeu Jeff Ferreira pela produção do lyric e pela parceria!"


Sem mais, acompanhe "Minhas Linhas" o resultado dessa movimentação que mantém Pãozin no corre:




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