Banner do seu site

In Tha Beginning... There Was Rap | O disco de tributo do Hip Hop dos EUA

Jeff Ferreira
By -
0


O rap é um estilo musical caracteristico, dentre outras coisas, por sua lirica. Quase sempre o texto cru explana sobre vivências pessoais de testemunhas oculares e esse fato faz com canções dentro do Hip Hop sejam praticamente únicas na voz daquele que a concebeu. No entanto, alguns hinos ultrapassam essa mística e se tornam a música de um povo, de um movimento ou uma geração, mesmo que escrita de forma pessoal e/ou introspectiva.


O Submundo do Som já visitou as regravações do rap brasileiro (que pode ser conferida aqui), onde grandes artistas prestaram homenagens a outros gigantescos nomes da nossa música fazendo covers de clássicos e até mesmos das "b side". No berço mundial do rap, os EUA, a regravação dentro do Hip Hop descorreu em um disco, o primeiro álbum de tributo do movimento: In Tha Beginning... There Was Rap.


No Começo... Havia o Rap, em tradução para o nosso português, foi lançado em 25 de novembro de 1997 pela Priority Records, selo fundado em 1985 por três ex-executivos da K-tel: Bryan Turner, Mark Cerami e Steve Drath. A premissa do álbum é a de apresentar versões cover de clássicos old school do Hip Hop, interpretados por artistas em populares e em alta naquela segunda metade dos anos 1990.


Em menos de dois meses após o lançamento, In Tha Benning... There Was Rap chegou a marca de 500.000 cópias vendidas e foi certificado como disco de ouro. O álbum também alcançou a 15ª posição na Billboard 200 e a 4ª posição na parada de álbuns de R&B/Hip-Hop da Billboard.


Mas o que há em In Tha Benning... There Was Rap?


O disco tem doze faixas e já abre com Wu Tang Clan fazendo conver de Run-DMC. O grupo de Nova Iorque liderado por RZA regravou "Sucker MC's", múisca originalmente lançada em 1984 em álbum homônimo do grupo formado por Jam Master Jay, Joseph Simmons e Darryl McDaniels. 


A faixa dois é a clássica "Fuck tha Police" do icônico N.W.A., projeto que teve eem suas fileiras Eazy-E (1964-1995), Dr.Dre, Ice Cube e DJ Yella, além de Arabian Prince e MC Ren. "Fuck tha Police" foi lançada em 1988 no disco Straight Outta Compton. A versão cover é perfomada pelo grupo Bone Thugs-N-Harmony.


P Diddy está na música de número três. O rapper do Harlen regravou "Big Ole Butt", de LL Cool J, MC do Queens, lançada em 1989 no disco Walking with a Panther, pela Def Jam.


A música de número é "6 'n the Mornin'", performando pelo rapper de Central City, o Master P. Já a versão original é do Ice-T, lançada em 1987 no álbum Rhyme Pays.


Snoop "Doggy" Dogg fez uma incrível versão para a clássica "Freaky Tales", música do MC de Los Angeles, o Too Short. A música original é do ano de 1987, integrante do dia o Buen To Mack.


Chegando na metade deste álbum de tributo, temos a releitura de "Knick Knack Patty Wack" feita pela dupla D.P.G., o Tha Dogg Pund, com Daz Dillinger e Kurupt. A música original é de outro duo, o EPMD, acrónimo para "Erick and Parrish Making Dollars" e posteriormente alterado para "Erick & Parrish Millennium Ducats", a música foi lançada em 1989 no trabalho Unfinished Business.


"Rapper's Delight" é considerado como um dos primeiros rap do mundo. Lançado em 1979 pelo trio de Nova Jersey, o Sugar Hill Gng. "Rapper's Delight" foi regravada pelo supergrupo The Def Squad, projeto formado ppor Erick Sermon, Keith Murray e Redman. O cover inovou, mas sem se afastar da versão original e foi o primeiro single lançado do álbum In Tha Benning... There Was Rap.


Seguindo, o lendário Cypress Hill comanda a releitura de "I'm Still #1", música original da Boogie Down Productions, grupo formado por KRS-One, D-Nice e DJ Scott La Rock em 1986. A música "I'm Still #1" foi lançada em 1988 no disco By All Means Necessary e cita vários artista daquele período, nesta releitura o Cypress Hill substitui alguns nomes pelos grupos e MC's participantes do projeto In Tha Benning... There Was Rap.


Neste álbum de tributo, Too $hort teve uma música regravada por Snoop "Doggy" Dogg, mas o MC representante de Oakland, na Califórnia, também presta sua homenagem ao regravar "I Need a Freak", música original de 1983 do grupo Sexual Harassment, banda que continha  Dale Jackson, Lourdes Figueroa, Kelly Albright, Alicia Starr, Charlie Inez e Lynne Poole. "I Need a Freak" foi regravada e sampleada diversas vezes durante os anos 90 e 2000, fato que abriu uma disputa judicial sobre royalties no ano de 2014.


O N.W.A. teve uma segunda música regravada, dessa vez o som "Dopeman", performado por Dedrick Rolison, mais conhecido por Mack 10. A canção do grupo de Compton foi lançada originalmente em 1987 no disco N.W.A. and the Posse.


A penúltima faixa é performada pelo saudoso Coolio com "Money Dollar Bill Y'all". O rapper de Monessen, Pensilvânia, pretou tributo ao MC do Brooklyn, Jimmy Spicer, cuja a música originalmente foi lançada no álbum Money (Dollar Bill Y'all) de 1983.


Fechando o álbum In Tha Benning... There Was Rap tem a música "The Show" de Doug E. Fresh com participação de Slick Rick, lançada no disco Oh, My God!, de 1986. Agora a música tem releitura feita pelo grupo de Black Thought e Questlove, o The Roots.


Shack, vice-presidente sênior de A&R da Priority Records à época e co-produtor executivo do álbum disse que "muitos desses artistas concordaram que era hora de fazer esse tipo de coisa", referindo-se ao tributo prestado. O executivo ainda complementoi: "Obviamente todo mundo quer respeitar o Hip Hop e toda a cena, principlamente quem a criou. Snoop fez isso sozinho em álbuns, mas conseguir que artistas tão poderosos façam isso em um único disco é ótimo".

A publicitária Phyllis Pollack, veterana no rap e que assinou trabalhos com nomes como Geto Boys e NWA, comentou que um projeto como o álbum In Tha Beginning... faz todo o sentido, pois mostra o respeito que os rappers têm uns pelos outros dentro do Hip Hop. "Essas músicas são tão reverenciadas na cena, as pessoas não fazem versões cover no rap com a frequência que no rock, porque simplesmente não querem tocar em coisas de outros artistas assim. Por outro lado, as pessoas são mais cautelosas sobre isso, têm mais respeito pelos mestres da velha escola que escreveram e executaram originalmente essas faixas. Os covers são levados mais a sério no Hip Hop do que as pessoas fora pode entender".

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)