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Entrevista | Selo Malandrinhação Com Lheo Zotto

Jeff Ferreira
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São muitos os projetos independentes neste país, ideias de quebrada que fomentam a cultura, música, moda, entretenimento e diversas manifestações artísticas. Um desses projetos é a Malandrinhação, capitaneada pelo MC, beatmaker e produtor musical Lheo Zotto. Diretamente de Uberaba o artista trocou uma ideia com a revista Squatters - a qual o Submundo replica por aqui - e falou do selo que atua na cena underground do rap nacional e vem colocando na pista diversos e fantásticos trabalhos envolvendo uma gama de personagens, alguns do casting da Malandrinhação, como Daniel Comparça, Alessandro Dornelos, além do próprio Zotto.


Squatters - Gostaria que nos falasse o que é a Malandrinhação e que contasse um pouco da história do selo.


Lheo Zotto - Meu mano, Malandrinhação é um anagrama entre “malandragem-em-ação” - à época, início dos anos 90, os praticantes de Hip Hop eram invariavelmente xingados de malandro, desocupados, vagabundos... em uma tentativa de ressignificar essa palavra já que dentro da cultura negra ela tem o significado para os partideiros e sambistas antigos, como uma linha divisória entre o otário e aquele que é esperto, positivamente. Então eu criei essa palavra, “malandrinhação”, para ressignificar a palavra malandragem e deixar óbvio, que, a nossa ação é em busca de conhecimento e na melhoria como ser humano e cidadão. Essa é a nossa verdadeira malandragem!


Malandrinhação começou como uma posse, nome dado aqui no BR para Crew - que a gente tinha que era formada pelo grupo Conspiração Positiva - Ataque Realista e a UBA Crew, de breaking porém, logo, muito breve, A crew ganhou outro nome e se transformou em Kachorrada Racional e foi a nossa posse até a virada do ano 2000 onde muitos grupos foram formados, muitas ações foram feitas por essa Crew, em todos os elementos já que também tinha o AtaqueVisual - que era eu o mano gordo e o R-Llouco bem raramente faziamos uns graffitis, como na Periferia Cultural e uns pontos raros no nosso bairro, então a gente tinha Djs, Bboys e Bgirls, grafiteiros e mcs na posse assim sendo uma posse de Hip Hop, muito orgulho dessa fase e eu resolvi guardar o nome “Malandrinação” comigo e transformei no meu selo musical, comecei fazendo alguns eventos na cidade de Uberaba com o nome de Malandrinhação Produções e mais tarde virou o SELO Malandrinhação HIP HOP inc., Malandrinhação Beatz - isso tudo começou lá em 99/2000.


Lheo Zotto. Foto: Renata Reis

Squatters - Esse ano de 2022 foi bem movimentado para a Malandrinhação, para quem não tá ligado, o que o selo colocou nas ruas neste ano?


Lheo Zotto - Desde 2019, com o lançamento do meu álbum “Hip Hop de Terreiro”, o nome e o selo vem se fortificando, no intuito de acomodar artistas undergrounds, produzir, assessorar e lançar esses nomes de forma totalmente independente.


É difícil, quase impossível, para um selo sem capital de giro é como se fosse “um exército de um homem só”, gerenciar muitas carreiras, muitas redes sociais e mídias além da minha própria, como MC e beatmaker. Porém temos tentado atuar no ramo de produção musical e temos conseguido lançar muitos trabalhos.


Em 2020 lançamos poucas coisas, mas foi um ano de muita produção naquele início de pandemia. Em 2021 lançamos alguns títulos como: “Falso Jazz”, um EP feito em duas canetas, eu e o Molusco – MC daqui de Uberaba;


O álbum do grupo Raciocínio Fatal OADPMECG, primeiro disco de estúdio da dupla formada por W.A. e Daniel Comparça; E o álbum do Alessandro Dornelos - Operário da Palavra – um dos pilares da gênisi do rap uberabense, após 11 anos soltou um disco novo... Além desses álbuns, foram lançados alguns singles também.


Ja em 2022 realmente foi um ano fora da curva para o selo, começamos o ano em Janeiro lançando o disco Lheo Zotto - Não Estamos Sozinhos Vol. 1, um álbum lotado de participações, MC's e DJ's, designers de várias cidades e estados envolvidos nesse projeto lindo que sera anual todo ano teremos #NES no mesmo mês lançamos o primeiro álbum solo de “Dunga Dias O Grito dos AncestraisBoom Bap clássico trazendo esse monstro do Rap do Triângulo Mineiro.

Depois lançamos em junho dois títulos o EP do Fabão MC - Batalha da Vida, MC que tenho o maior respeito de Uberaba também e o EP em conjunto entre eu, Lheo Zotto, e Alessandro Dornelos, em Simbiose, que foi um presente que dei pela nossa amizade, lançado no dia do aniversario do mestre BZK, onde envolvemos muita gente boa no processo – músicos produtores e designers, ficou lindo!


Em setembro lançamos o álbum solo de Lheo Zotto, Griot de Rua, disco que tenho muito carinho e foi feito com muitos colaboradores e amigos também, desde a capa até mix e master, um disco de gratidão.


Em outubro saiu o disco do Daniel Comparça - Eu Vim de Lá, trabalho solo do meu irmão do Raciocínio Fatal, foram ao todo seis lançamentos oficiais pelo selo, um recorde absoluto na nossa história! Confiram que vale muito a pena. 


Squatters - E para 2023? O que podemos esperar da Malandrinhação? Solta um spoiler aí!


Lheo Zotto - Bom eu não gosto de dar muito spoiler, risos, mas vamos lá... nos que já estão traçados: em janeiro sai o novo EP do Lheo Zotto – Nossa Senhora do Boom Bap Sagrado, Um EP que vai trazer essa não tão nova textura que o boombap vem resgatando e consolidando em todo o mundo que é o drumless. Os loops, bases sem bateria. só no sample e o MC.... muito foda! Como chamamos a: “Golden Era do Agora”.


Confira o review faixa-a-faixa que o Submundo do Som In Review fez no YouTube sobre o álbum Nossa Senhora do Boombap Sagrado

 

Também temos para logo mais, se não em janeiro, para fevereiro, o primeiro álbum de Lheo Zotto como produtor de Zotto, trazendo e consolidando a entidade Malandrinhação Beatz no álbum “Boom Bap House” -, são 18 faixas com 18 MC's de todo o Brasil e DJ's convidados riscando em todos os sons.


Tem também o projeto “Efeito Eskambo” que vai ser uma série de EP's, onde Lheo Zotto trará sempre um convidado que também é beatmaker, ou seja, um MC que também é beatmaker para colaborar. Serão EP's de cinco faixas, alguns volumes desse projeto já estão sendo produzidos já que a ideia é trazer um EP por mês e projetos do #EE, além de umas supresinhas a serem confirmadas, já que em 2023 Lheo Zotto completa 30 anos como MC, 30 anos de palco. Não é todo todo dia que se completa 30 anos fazendo aquilo que a gente gosta, mesmo não sendo respaldado financeiramente como sonhamos e sim com muito muito amor e dedicaçao em prol da arte, cultura e conhecimento. São coisas que não têm preço.


Squatters - Lheo, e pra quem tá procurando um selo, produção, mixagem ou gravação e quer fazer parte do casting da Malandrinhação, como que faz? Quais os canais de comunicação?


Lheo Zotto - Bem o casting da Malandrinhação é um casting fechado, os projetos acontecem especificamente. Os convites para fazerem parte do cast são direcionados de acordo com a vivência ou com o meu olhar em busca de parceria e determinada vertente do Rap. Por hora, a Malandrinhação só está cuidando dos projetos musicais de Daniel Comparça, Lheo Zotto e do Alessandro Dornelos.


Temos projetos para mais artistas, claro, a gente recebe convites para parcerias que, com toda certeza, são estudados com muito carinho e feitos com muito amor.


Um Salve pra todos todas e todes que acompanham a Squatters. Acessem nossas redes no SoundCloud, Instagram, Facebook, YouTube e demais plataformas de música... Lheo Zotto é Malandrinhação Beatz.


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