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COPA RAP: O Hip Hop nos países do Grupo H da Copa do Mundo: Coréia do Sul, Gana, Portugal e Uruguai

Jeff Ferreira
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Gana

Reggie Rockstone pioneiro do hiplife

Na África Ocidental anglófona há uma soberania musical por parte da Nigéria, sobretudo no rap. Foi de lá que surgiu o afrobeat de Fela Kuti e os afrobeats contemporâneos e pops. No entanto, Gana é um seio cultural que desafia essa hegemonia nigeriana.  Nos anos 1960 o país deu origem ao highlife, o qual influenciou diretamente na criação do afrobeat e tudo que se derivou depois. Gana é país é pequeno, com cerca de 30 milhões de habitantes, mas imenso em cultura. Por volta de 2010, a música ganense estava conquistando o mundo com o azonto e, cujas origens também são frequentemente atribuídas ao país de Kwame Nkrumah. Além do highlife e do azonto, Gana viveu um período prospero musical na década de 1990, a qual teve como carro chefe o hiplife.


O hiplife é o termo utilizado pelos ganeses para se referirem ao Hip Hop feito no país. Como característica, o hiplife mescla dialetos ganês como o Twi, o Ga, o Ewe e o Hausa, além do Pidgin, termo usado para o inglês mesclado com os demais dialetos. Antes do Hip Hop adentrar no país, Gana viveu o highlife, a música da moda em 1957, ano que conquistaram sua independência. O highlife era a sonora original das elites locais que se reuniam para festas onde as pessoas vestiam ternos e cartola. Em 1966 o presidente Kwame Nkrumah foi derrubado por um golpe. Em 1979, após uma série de eleições fraudulentas e outros golpes, o tenente Jerry John Rawlings assumiu o poder pela força e impôs toque de recolher em Accra. A censura e proibição da vida noturna mudou completamente a paisagem cultural da cidade, e a cena highlife, que existia principalmente por meio das boates. No ano de 1983, o governo de Gana implementou Políticas de Ajuste Estrutural (PAEs), que levaram a uma importante liberalização econômica do país. A economia informal cresceu consideravelmente, acarretando a abertura de muitos bares e pequenos clubes nos quintais pessoais, com alto-falantes baratos substituindo as antigas bandas ao vivo. 


Diante desse contexto, o início da década de 1980 coincide com a exportação do Hip Hop dos EUA para outros países, entre eles Gana. No entanto, ao contrário dos Estados Unidos, os primeiros rappers ganenses muitas vezes vinham de situações confortáveis que lhes permitiam viajar para a Europa e América, onde podiam se atualizar sobre as últimas tendências ocidentais e adquirir discos. Era uma geração jovem que não viveu sob o colonialismo britânico, mas vivia uma queda econômica brutal e assim passaram a ver os artistas do Hip Hop estadunidense como seus novos modelos sociais. 


Antes de o rap bater forte em Gana, alguns artistas apresentaram proto raps, como Gyedu Blay-Ambolley em seu hit “Simigwado”, lançado em 1973. A faixa, por volta de 1:18, apresentar um canto falado em uma mescla de highlife e funk. Na década de 90 surgem bandas como Talking Drums que incorporam as tendências africanas com o Hip Hop. A dupla formada por Kwaku-T e Bayku, lançou a música “Aden” em 1993. No YouTube, pelo menos, a dupla é creditada como "o primeiro grupo de Hip Hop de Gana".


Porém há um consenso na cena ganesa e todos dão como padrinho da cultura o músico Reggie Rockstone, nascido no Reino Unido, mas logo em seus primeiros anos de vida viveu seus primeiros anos nas cidades de Kumasi e Accra, em Gana. Reggie iniciou-se no Hip Hop nos anos 80, através do breaking, vivendo a cena novaiorquina. Em 1991 começou a fazer rap e entre os anos de 92 e 93 integrou o grupo Parables, Linguistics and Zlang, conhecido pela sigla PLZ e um dos principais da Inglaterra. Seus parceiros de grupo eram dois manos da África Ocidental, Fredi Funkstone e Jay, e o britânico DJ Pogo. Em Londres o PLZ lançou o EP EP Build a Wall Around Your Dreams, de 1994, pelo selo independente Go For the Juggler. Porém Reggie se desencanou da cena inglesa e voltou para Accra, em Gana, onde encontrou uma cena de jovens que valoriza a música, dança e artes visuais de origem africana. Então Rockstone introduz o seu rap nesse meio formado por artistas ganenses de classes sociais mais baixas também acabaram se juntando ao movimento.


Também houve críticas a cerca de um estilo estrangeiro e que “não se encaixava na paisagem do país”. Então a cena passa por um movimento de defender que o hiplife é um gênero era genuinamente ganense. Produtores como Jay Q foram foram mais longe e mesclaram o highlife com a herança musical ganense, como o kpanlogo e o jama, ritmos que surgiram nas zonas rurais de Gana. O rap em gana passa a usar das gírias e dialetos locais, nacionalizando a cultura. Um exemplo são letras como a do grupo Buk Bak que rimaram sobre os “Trotro”, os icônicos micro-ônibus de táxi de Accra. Já Reggie Rockstone teve um sucesso chamado “Nightlife in Accra” e Obrafour fez rap sobre o presidente “Kwame Nkrumah”. 


Nessa primeira fase do Hip Hop de Gana, ou o Hiplife, alguns nomes se destacaram, como Kae Sun, Sway DeSafo, Samini, Okyeame Kwame, Bradez, Buk Bak, D-Black, Sarkodie, Tic Tac, Obrafour, 4x4, Kwaw Kese e Ayigbe Edem. Dentro os clássicos do rap local estão as músicas "Asabone", "Eye Mo De Anaa" e "You No Get Money".


Hoje o Hip Hop em Gana apresenta uma cena diversificada e conectada com as tendências mundiais. O país sedia eventos como o Chale Wote Street Art Festival que ajuda a difundir a cultura de rua. Grupos como o YoYo Tinz apareceram em programas de TV e documentários e foram fundamentais para a popularização do rap. A nova geração é representada por MC's como Lil Shaker, Bra Kevin, Yaa Pono, Loone, Asem, EL, Patapaa, Pappy Kojo, Joey B, La meme gang, Big Ghun, Amerado , B4bonah, teephlow, Kojo Cue, Lil shaker, R2bees e Kwesi Arthur.


Portugal


Grupo Black Company, um dos grandes do Hip Hop português

No boom da exportação do rap e cultura Hip Hop dos EUA para o resto do mundo, agentes do Tio San no velho continente, mais precisamente na Ilha Terceira, uma das nove que formam o arquipélago de Açores, ouviam o estilo musical e o introduziram em terras portuguesas, ainda nos anos 1980. O rap começou a ganhar força através do programa Mercado Negro, transmitido pela rádio Correio da Manhã, difundida na região da Grande Lisboa.


Em 1994 é lançado o primeiro disco de rap português, a coletânea Rapública, com 14 faixas e sete grupos, os primeiros do Hip Hop lusitano, sendo eles Black Company, Zona Dread, Funky D, Boss AC, New Tribe, Líderes da Nova Mensagem e


Family. O álbum foi lançado pela Columbia e se tornou um marco no rap do país pois fez Portugal conhecer o gênero, ainda underground. 


Black Company foi formado em 1988, e em suas fileiras passaram diversos rappers da margem sul de Lisboa, como General D e o baterista dos UHF, Ivan Cristiano (beat boxer). Os primeiros shows aconteceram no Ponto de Encontro, em Almada, e Visage, na Costa da Caparica. Depois de três ano o grupo encerra suas atividades, mas em 1992, os membros Guto e Bambino (na época Maddnigga) e outros seis músicos se juntaram no projeto Machine Gun Poetry. No entanto, pouco tempo depois, em 1993, o nome é alterado para Black Company (novamente). Guto, Bambino e Tucha, os três ex-Machine Gun Poetry, convidaram KJB e Makkas (a.k.a. Max, the Criminal) para se juntarem a formação, e o grupo feu seu primeiro show em dezembro daquele ano. O grupo ficou bastante reconhecido na Margem Sul, sobretudo em Miratejo e na Costa da Caparica.


O Black Company estourou nas rádios com a música "Nadar", faixa da colectânea Rapública e fizeram a expressão "Não Sabe Nadar", entrar no cotidiano dos portugueses. Em 1995 "Nadar" foi relançada como single e ganhou quatro remix assinados por To Ricciardi e André Roquete.


Sérgio Matsinhe, nascido em Lourenço Marques, em Maputo, Moçambique, mais conhecido pela alcunha de General D, fez sucesso como rapper em Portugal e é um precursores do Hip hop no país. Antes de integrar o Black Company, Sérgio foi atleta profissional sendo recordista regional dos 100m e de velocidade na variante 4x100m. Matsinhe chegou a Lisboa com dois anos de idade, vindo morar na margem sul da capital portuguesa.


Em 1990 foi um dos organizadores do primeiro festival de Hip Hop em Portugal, realizado na Incrível Almadense, onde colaram todos os membros da Black Company e da Africa Power. 


O rapper General D foi o primeiro artista em carreira solo a assinar contrato com um grande grupo: a EMI. Em 1995 o MC lança seu disco de estreia, o Pé Na Tchôn, Karapinha Na Céu.


Outro nome lendário do rap português é o de Ângelo César do Rosário Firmino mais conhecido como Boss AC, também participante da coletânea Rapública. Boss AC nasceu em Mindelo, Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, mas veio para Portugal ainda pequeno, passando sua infância e adolescência em Lisboa. O rapper iniciou a sua carreira no final dos anos 80 e chegou a ser vocalista da banda Cool Hipnoise, que mistura ritmos como o como reggae, soul, funk, afrobeat e groove. Boss AC também já foi um grupo, formado por Ângelo e Q-Pid e fizeram várias participações em trabalhos de artistas como Da Weasel, General D e Fernando Cunha e dos Delfins. Os feats lhe deram impulso no meio da musical.


Formada no final dos anos 80, o Líderes da Nova Mensagem surgem timidamente como qualquer outra banda de garagem da Margem Sul do Tejo, mas rapidamente se tornaram uma referência na emergente cena do Hip Hop português, que era a novidade. Quem percebeu a banda foi a gravadora Sony que os integrou na coletânea Rapública. O disco foi sucesso e catalizou o rap português para o top de vendas e conquistou a adesão do público. 


O Líderes da Nova Mensagem se juntou em Almada, com MC Nilton, Pio MC, Beat Box King, Hugo Costa, a.k.a. Cyber G., Pedro Manaças e DJ Jaws T. Em 1996 o grupo lança seu primeiro trabalho, o disco Kom-tratake.


Sobre este disco, o Suplemento Y do jornal Público, na edição de 18 de Julho de 2003, em um artigo sobre os 10 anos do Hip Hop em Portugal, escreveu: "O álbum chegou no 'timming' errado por duas razões: (em 1996) a euforia em torno do hip-hop feito em Portugal tinha passado e a proposta dos Líderes da Nova Mensagem, onde se incluíam samples de guitarra portuguesa e poesia declamada por Manuel Alegre, estava muito à frente".


Em 1998 o grupo se separa. DJ Jaws-T migrou para o projeto Arkham Hi-Fi, juntamente com o jornalista e produtor Rui Miguel Abreu. MC Nilton colaborou em projetos pontuais de rap. Cyber G., o rapper Hugo Costa, mudou de rumo e se enveredou por outros estilos, se tornou letristas de projetos de renome como Viviane e Santos & Pecadores.


Os outros artistas da coletânea também obtiveram éxito nas rádios: o Líderes da Nova Mensagem com  música "Rap é uma potência", o Family com "Rabola bô Corpo", inclusive muito executada nas discotecas.


As mulheres chegaram no rap tuga, como é chamado em Portugal, em uma participação no primeiro álbum dos Black Company, trata-se do grupo Divine. Em 1997 o grupo Djamal se tornou o primeiro conjunto femenino a lançar um disco, o Abram Espaço, pela BMG.


Acena portuguesa ainda conta com nomes como Allen Halloween, Capicua, Chullage, Dama Bete, Eva Rapdiva, Julinho KSD, Keso, Luaty Beirão, Masta, MC Snake, Mundo Segundo, Mynda Guevara, Nenny, NGA, Piruka, Plutónio, ProfJam, Proz, Raptor, Regula, Sam The Kid, Andy Scotch, SippinPurpp, Telma Tvon, Valete, Wet Bed Gang.


Coréia do Sul


Rappers da cena coreana.

Recentemente o termo k-pop ganhou o mundo. Vindo da Coreia do Sul o estilo embala adescentes, mas nem só do pop vive os jovens coreanos. Timidamente o Hip Hop chega na Coreia do Sul nos anos 80 e ganha força na década seguinte. O bairro de Hongdae, no noroeste de Seul, tornou-se a meca da cultura de rua no país. O local também sedia a Universidade Hongik, conhecida por sua atmosfera liberal e pela faculdade de arte e música. Os alunos de graduação passaram a frequentar as rodas e difundir o Hip Hop, contribuindo para o surgimento da cena coreana.


No final dos anos 90 os clubes começam a abrir para o rap, como o caso da boate Master Plan, casa do rock indie e um dos principais comentadores do Hip Hop. Do mesmo modo, outras casas de show surgiram e o underground coreano foi se popularizando. 


Diferentemente dos demais países, onde o rap saiu das ruas e ganhou as redes, na Coreia do Sul o Hip Hop surge primeiro nos espaços virtuais, como por exemplo a própria Master Plan que nasceu como um site de compartilhamento de música, antes de se tornar casa de show. Dentre os estilos compartilhados no cyber espaço estava o rap.


A cena freestyle da Coreia também ocorre em Hongdae, como a Everyone's Mic, organizada por Hiphopplaya e bases do DJ.gohyang.


Em 1995 o rapper Tiger JK lançou seu álbum Enter The Tiger, pela Oasis Records. Em 1998 ele se junta com o DJ Shine e montam o Drunken Tiger. O grupo estreou na Coréia e, apesar do conteúdo explícito de suas letras e da rejeição do grupo às tendências musicais convencionais, eles alcançaram popularidade com seu primeiro álbum, Year of the Tiger , que incluía os sucessos "I Want You" e "Do You Know Hip-hop". Nos anos seguintes, Drunken Tiger trouxe novos membros e lançou vários álbuns, o que os fizeram ganhar vários prêmios. Em 2005 o DJ Shine deixa o grupo. Tiger JK criou o selo Jungle Entertainment e também fundou o grupo MFBTY - que significa My F ans are B etter T han Yours - com sua esposa, Yoon Mi Rae e o rapper Bizzy.


Yoon Mi Rae, tamambém conhecida como Tasha Reid leva o título de a rainha do Hip Hop coreano. Em 1995, ela acompanhou uma amiga a uma audição para um grupo, ela não tinha a intenção de fazer o teste, mas a ouviram cantando do lado de fora e lhe convidaram para integrar o grupo Uptown. Aos 16 anos, em 1996, Yoon fez sua estreia. Em 2000, Uptown se desfez depois que alguns dos membros foram presos por porte de drogas.  Rae seguiu em carreira solo em 2001 lançando seu primeiro álbum As Time Goes By. Em 2006 ela ingressou na gravadora Jungle Entertainment do Tiger JK. 


O rapper Verbal Jint é considerado um artista revolucionário na cena coreana. Em 2001 o MC lançou o álbum Modern Rhymes que estabeleceu novos esquemas de rima no rap do país. Hoje, tais esquemas de rimas se tornaram o padrão no estilo coreano. Verbal Jint alcançou o certo sucesso no mainstream e fez uma participação na música "I" do artista Taeyeon. O rapper Dok2 começou cedo, aos 13 anos, quando assinou com a Future Flow Entertainment. Em sua carreira, ele escreveu e produziu para grandes artistas do Hip Hop coreano como Drunken Tiger, Epik High e Dynamic Duo. Dok2 co-fundou a Illionaire Records com o rapper The Quiett e tornou-se uma das gravadoras mais influentes da Coréia.


The Quiett começou sua carreira em 2004 quando co-fundou o selo Soul Company. Em 2005 ele lançou seu primeiro álbum, o Music. Em 2010, o rapper lança The Real Me, disco que ganhou ouro e solidificou sua reputação como um dos MC's mais populares do país. Ele então co-fundou a Illionaire Records em 2011 e também apareceu em Show Me The Money 3 com o rapper Dok2. Antes de sua estreia, Beenzino se apresentou com alguns dos mais famosos artistas do rap coreano como Epik High, Dok2 e Verbal Jint. Ele lançou seu primeiro álbum em 2012, o 24:26, pela Illionaire Records.


San E teve um começo selvagem. Ele lançou suas mixtapes Ready to Be Signed e Ready to Be Famous em 2008 e 2009 e em de seus álbuns ele zua Verbal Jint, o rapper toma conhecimento a faixa e, ao invés de retaliar, Jint convidou San E para se juntar ao seu selo Overclass. San E ganhou o prêmio de Melhor Canção de Hip Hop com a música "Rap Genius" no Korean Music Awards de 2010. Ele também é o primeiro rapper solo a assinar com a JYP Entertainment. Hoje, ele está na gravadora Brand New Music ao lado de Verbal Jint.


O MC Swings estreou em 2008 com o lançamento do disco Upgrade. No ano seguinte, ele se junta ao grupo Uptown, mas logo em seguida os deixas. Swings lançou o álbum Growing Pains em 2010 e entrou como concorrente em Show Me the Money 2 e apareceu como produtor em Show Me the Money 3 ao lado de San E e Tablo. Em 2013, Swings foi eleito o artista do ano pela revista coreana de Hip Hop Hiphop Playa. Já Giriboy fez sua estreia em 2011 ao lançar o single “You Look So Good To me”. Ele competiu no Show Me The Money em 2014 e seu single “Fluttering Feelings” entrou no top 100 no Gaon Digital Charts. Recentemente lançou o álbum Mechanical Album.


Keith Ape é relativamente novo, mas já ganhou grande popularidade com sua faixa "IT G MA". Logo após seu lançamento, um remix foi feito com A$AP FERG, Father, Dumbfoundead e Waka Flocka Flame. Um dos nomes que chamam a atenção da cena coreana é o a dupla Dynamic Duo, formada pelos rapper's Choiza e Gaeko. Eles se conheceram na escola e formaram um grupo chamado KOD com os rappers SIXPOINT e Zason. O KOD acabou se dissolvendo e Choiza e Gaeko seguiram em frente e formaram um grupo chamado CB Mass com rapper Curbin. Em 2003 eles se separaram ao descobrir que Curbin estava roubando dinheiro do grupo. Então Choiza e Gaeko se tornaram o Dynamic Duo e o selo Amoeba Culture.


Em 1997, Gary se juntou ao X-Teen e conheceu Gil e o rapper Diggity, passaram a fazer alguns trabalhos colaborativos até formarem o Leessam Trio. Depois que Diggity deixou o trio, o grupo mudou o nome para apenas Leessang. Os dois não tiveram nenhuma formação musical formal e passaram apenas 400 horas dentro de um estúdio onde conseguiram produzir 60 músicas.


O Supreme Team é formado pela dupla Simon Dominic e E-Sens. Eles estrearam em 2009 com o lançamento de Supreme Team Guide To Excellent Adventure. Os dois receberam o prêmio MAMA de grupo revelação masculino do rap coreano. A dupla se desfez quando o contrato de E-Sens com a Amoeba Culture foi rescindido.


Em 2001, o Epik High foi formado com Tablo, Mithra Jin e DJ Tukutz. O grpo se apresentou ao lado de CB Mass e fizeram parte do Movement Crew, uma das das maiores bancas de Hip Hop da Coréia na época. O Epik High lançou dois álbuns antes de antigirem o sucesso em 2005 com o disco (que seria o último do trio) Swan Songs que atingiu o mainstream. A popularidade continuou crescendo e em 2012 eles assinaram com a YG Entertainment.


A Coréia do Sul tem o programa de TV, no canal Mnet, o Unpretty Rapstar que promove a competição de rap no país. O diferencial é que a disputa é voltada para as mulheres, onde a vencedora participa de uma nova música produzida pelos beatmakers do programa. O Unpretty Rapstar deu visibilidade para novos talentos que se destacaram na cena coreana, entre elas as MC's Jessi, Cheetah, KittiB, Yezi, Heize e Tymee.


Uruguai

Grupo Se Armó Kokoa, uma das sensações do rap uruguaio

Ao mesmo tempo que o Hip Hop no Uruguai tem origem similar à de outros países sul-americanos, tem uma gêneses peculiar que o difere de seus vizinhos. É importante saber que o Uruguai, chamado carinhosamente por seus habitantes de “paisito”, é o segundo menor país da América do Sul, ficando apenas à frente do Suriname, com 3,5 milhões de habitantes, enquanto a cidade de São Paulo tem pouco mais de 12 milhões, a encargo de comparação. Desses, 1,8 milhões vivem na capita Montevideo, onde a cena se desenvolveu. Outro fato importante de ser mencionado é a cultura argentina e brasileira sobre os uruguaios, a capital argentina e a capital uruguaia são separadas apenas pelo Rio del Plata. No caso dos brasileiros, uma invasão em 1821 anexou o “paisito” como uma província do Brasil, chamada de Cisplatina, a situação do Uruguai como território brasileiro durou até 1828, além de colônias portuguesas no país como em Sacramento, também as margens d Rio Del Plata.


Então, o Hip Hop uruguaio tem influências dos Estados Unidos, assim como o resto do mundo, e de seus vizinhos Brasil e Argentina, além de fundir-se com a cultura própria do Uruguai, a exemplo de como foi feito nos outros países. 


Em 1973 inicia-se a ditadura militar no Uruguai, o que faz com que muitas pessoas deixem o país buscando exilio em outros lugares. O regime acaba em 1985 e aqueles que saíram para não serem mortos pelos milicos, regressam trazendo consigo algo que viram no México, Suécia ou França, algo chamado Hip Hop. No ano anterior, em 84, graças aos filmes “Beatstreet” e “Breakdance” surgem os primeiros bboys, mas algo isolado, sem ser conectado a cultura HIP Hop, sem nenhuma informação, o que só muda nos anos seguintes com o retorno dos filhos dos exilados políticos, comumente pessoas de classe média, e em suas bagagens vieram discos e o breaking, assim o Hip Hop uruguaio dá seus primeiros sinais de vida, logo é alastrado para as periferias de Montevideo, para bairros carentes como Cerro e La Teja, passando a ser consumido pelos filhos de funcionários das fabricas que fecharam, jogando pais de família no desemprego.


Na cena rock uruguaia pós ditadura militar surge a banda Los Tontos, formada pelo baterista Leonardo Baroncini, o baixista Santiago Tavella e o guitarrista e vocal Renzo Teflón , o grupo faz seu primeiro show em 1984 na Asociación Cristiana de Jóvenes, em Montevideo. Pelo selo Orfeu, Los Tontos gravaram três ábuns: (Los Tontos, de 1996, Al Natural, de 1987 e Chau Jetón!, de 1988, esse último sem o vocalista Teflón que havia se lançado em carreira solo desde 1987. Em 88, também pela Orfeu, Renzo lança o disco Je Je, o qual trás a canção “Fuimos Campeones En El ‘30”, uma música que questiona a mentalidade uruguaia de ficar presa ao passado, essa faixa é considerada por muitos pesquisadores como o primeiro rap feito no Uruguai. A música é a última do lado B do disco, uma faixa descompromissada e experimental, com guitarra e bateria orgânica, muitos solos e nenhum scratch, o rap está presente na forma de cantar de Teflón, que faz um canto falado em estrofes rapeadas ainda sem precedentes na cena uruguaia. 


No mesmo ano de 1988, D-Mente, mais tarde conhecido como Nan, voltava da Dinamarca, após 15 anos vivendo na Europa, e regressa “contaminado” pelo Hip Hop, que na segunda metade dos anos 1980 vivia sua explosão por todo o mundo, longe de sua pátria natal pode ver Beastie Boys, Run DMC, LL Cool J. E quando volta passa a difundir o Hip Hop entre os garotos do bairro, conhece O.S.K.I., passam a ser amigos e nutrir gostos similares pelo rap, por Run DMC, Public Enemy, Boogie Downs Productions, e junto a isso a vontade de gravar, juntos decidem aprender a fazer rap. Surge então o grupo V.D.S., O Victimas Del Sistema, considerado por muitos pesquisadores como o primeiro grupo de rap no Uruguai, e fazem uma música totalmente desconhecida no país o que faz com que a banda seja completamente ignorada pelos meios e público, o V.D.S. segue no underground mais como um hobby de adolescentes, mas sempre tentando difundir a cultura Hip Hop na cidade.


A partir de 1990 começa uma cena mais sólida, com bboys, MC’s, grafiteiros e DJ’s, o que fazem com que muitos finquem o ano como data do nascimento do Hip Hop uruguaio. No entanto, assim como na argentina, os primeiros artistas a trazerem elementos de rap para suas construções artísticas foram as bandas de rock, como Traidores e Los Estómagos, ou ainda a banda Elefante, surgida em meados dos anos 90, utilizando samples e mesclando Hip Hop, nu metal e música eletrônica. Além do V.D.S, outros dois grupos são considerados como pioneiros do rap ururuguaio, o Critical Zone e o Fun You Stupid!


Em 1992 é formado grupo Fun You Stupid! vindo da cena da música eletrônica, sobretudo a industrial, Tío era o vocal e faziam programações e teclado e contava com o baixista Menestor, que também cantava. Em novembro de 1993 fizeram seu primeiro show para um grupo de mais de 300 pessoas e apresentando para a cena undergorund o rap. Nesse momento o Fun You Stupid! Mesclava o rap com a música electrónica e fazia um som experimental.


Em 1994 surge o primeiro pico, Amarillo, lugar que dá oportunidade ao rap em Montevideo, e o V.D.S. pode se apresentar e mostrar o que ficou anos ensaiando, nesse evento também estreia o grupo Fun you Stupid. Nessa mesma época o circuito underground vai tomando forma e criando espaços como festas de hip hop, campeonatos de skate, saraus, teatros e pubs. No ano de 95 o V.D.S. grava seu primeiro álbum, uma demo com quatro faixas: “Abran la Mente”, “Un, Dos Va Tres Pirados en la Esquina”, “Bienvenidos a la Noche Oscura” y “999 Es Línea Muerta”, registro jeito através da Grabadora del Sur. Nomesmo ano, participam do Primer Encuentro Hip Hop de Uruguay, que aconteceu em Montevideo. 


Ainda em 1995, o Fun You Stupid! Lança seu primeiro álbum em K7, de forma caseira e independente, o “Divertite Stupido”, com onze faixas onde mostram uma pluralidade musical com as mesclas com a música industrial e faixas de hardcore, metal, synth e dub. As letras abordam a defesa dos animais, vida livre de tóxicos, vivências pessoais e a paixão pela cultura urbana, como as bikes e o graffiti.


No final de 1996 o Fun You Stupid vai até a Argentina para uma apresentação em Buenos Aires, no bairro de Flores com grande presença do público. No mesmo ano, soma-se ao grupo Victimas del Sistema o DJ Pirex, contribuindo com scratches e colagens e dando maior peso ao grupo.


Com a chegada do DJ, o grupo lança em 1997 o seu segundo álbum, o EP 97, o que acarreta o nascimento do selo Sucadas en Guerra Producciones, o embrião para no futuro se tornar um coletivo com diversos artistas. O disco é considerado como o primeiro disco profissional do rap uruguaio, o EP 97 traz oitos faixas que são: “Mundo Muerto”, “Odio”, “999 - Es Línea Muerta (Versión 97 En Vivo), “A la Gente Esa de Mierda”, “Violencia Urbana” y “Muerte es la Palabra (en vivo)”, além de dois interlúdios. Chili, fundador do site El Quinto Elemento, um dos principais veículos do Uruguai, definiu o EP 97, do VDS, como:


“Suas rimas se distinguem pela forte referência marcante dos grupos que chegaram na década de 90, produções como a do Dj Muggs, RZA ou as lírica do Public Enemy são amplamente reconhecidas. Dos versos rebeldes, atitude “Straigth”, pós-ditadura. Seu rap carrega toda a força que têm os primeiros MCs de um país por natureza. Implicitamente com suas rimas, eles gritam ‘estamos aqui!’, ‘Aqui está o rap!’”


O ano de 1997 também é marcado pela expansão da presença do Victimas Del Sistema, onde compartilham palco com nomes consagrado do Hip Hop internacional, como Control Machete, do México, as argentinas do Actitud María Marta e o grupo Peyote Asesino. No ano seguinte, continuam marcando terreno e vão para a Argentina para participarem do festival em reupidio a ditadura militar no país, que na ocasião fazia 25 anos desde o golpe de estado, em show realizado na Plaza Primero de Mayo. 


O Fun You Stupid segue realizando apresentações em Montevideo e interior do Uruguai agariando cada vez mais novos fãs e em outubro de 1997 lança seu segundo álbum, a fita K7 Demo Bola, com oito faixas e seguindo a amalgama de samples de vários estilos, inclusive fazendo uma interessante mistura de tango e Hip Hop. Em julho de 1998 o Fun You Stupid faz uma excursão ao México, sendo a única banda uruguaia selecionada pela MTV para participarem do festival Expo Rock, o grupo se inscreveu no concurso após verem a chamada na emissora, que fazia uma convocação para todas as bandas da América Latina, a única condição era de que não tivessem contrato assinado com nenhuma gravadora. 


Nessa época entra no grupo a artista Barbara, que já vinha fazendo participações nos shows cantando os refrãos ao vivo e após regressarem do México, a garota é oficializada na banda. Na América do Norte fizeram uma mini turnê, para além do festival, passando pelas cidades de Monterrey, Guadalajara, Tampico e Ciudad Victoria, em um período de dez dias, onde também fizem aprentações em rádios e TV’s, como na TV Azteca.


No início de 1999 é lançada a coletânea Sudacas en Guerra  - Volumen 1, o que iniciativa com que muitos outros grupos de rap fossem criados. No álbum participaram os grupos La Revolución, El Lado Oscuro, Último Xiclón, além do V.D.S. Também em 99, o Victimas del Sistema grava uma nova demo em CDr, com duas faixas: “Verdadero Hip Hop” e “América Sigue Con Un Revólver En Mi Nuca”, no intuito de fazerem seu trabalho ser reconhecido por público para além das fronteiras do Uruguai.


Em 2019 é lançado o documentário “Así Es Mi Barrio”, com nome inspirado na cação “Así Es Mi Barrio, Así Es Mi Vida” do coletivo Sudacas, o  filme é feito pela TV Ciudad e tem direção de Nicolás Soto, roteiro e pesquisa jornalística feita por Gabriel Peveroni e produção de Sergio Del Cioppo. A obra parte dos pioneiros dos pioneiros V.D.S., Fun You Stupid! e Zona Crítica e aborda os murais da Kncr Crew e os sons de Latejapride, Contra las Cuerdas, passando pelos graffitis que atravessam a cidade e os artistas que promovem a consciência do rap, assim como coletivos de b.boys, DJ’s e beatmakers, até os gigantes grupos da atual cena como Dostrescinco, AFC e Los Buenos Modales.


O documentário entrevista diversos nomes que ajudaram a construir a história do Hip Hop no Uruguai, nele vemos Tejo Mattioli, Min Ocho, Chili, Nan, os irmãos Gamboa, Emisario, DJ RC, Eli Almic, Hache Souza, Arquero, JT, Santullo, Supervielle, Oski, Santi Mostaffá, Viki Style, Nataniel, Hurakán Martínez, Farath Beats entre outros. A proposta é celebrar os 25 anos de Hip Hop no Uruguai, e tem como marco zero os eventos do ano de 1994, quando o publico underground de Motevideo conheceu o rap. Porém algumas pessoas criticaram o período escolhido para tal marco, já que logo no início do filme Nan, do Victimas del Sistema, cita a canção de Renzo Teflón, de 1988, com isso a história ganharia ao menos mais seis anos, mas além disso pouco se aborda do break que chegou na primeira metade dos anos 80. Criticas a parte, o documentário ajuda a compreender um pouco da história do Hip Hop no Uruguai.


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