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Entrevista | Ruana Voz Armada

Jeff Ferreira
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Submundo do Som - Primeiramente muito obrigado pela disposição de bater esse papo com a revista Squatters. Gostaria que começasse se apresentando, quem é a Ruana?


Ruana Voz Armada - Salve salve , eu que agradeço o convite Jeff satisfação total participar com vocês da revista Squatters. Saudações a todos os leitores e todos que acompanha e fortalece a cena da música independente e do Hip Hop! Licença pra chegar e é noisss!


Bom, Ruana sou eu, uma mulher periférica, nascida e criada no bairro Florence região Campo Grande aqui de Campinas. Na adolescência, me criei nas ruas do centro conhecendo então o movimento Hip Hop, através da música, rima, arte, fui me lapidando e transformando no que sou hoje Ruana Voz Armada (Mãe, artista independente, MC, compositora, intérprete, sobrevivente, e abençoada por Deus).


Submundo do Som - Quais suas primeiras lembranças com a música?


Ruana Voz Armada - Meu primeiro contato com a música foi já cantando aos 6 anos, meu pai me levava para cantar na igreja Assembleia, e lá dentro tive bastante experiência com musicalidade etc. Aos 10 anos com a primeira TV em casa vim a descobrir, por um DVD do  Chili Peppers, o rock, o que mudou toda minha percepção. Passando aos 12 mais o menos, comecei a ter meus próprios pensamentos e ideias e a escrevê-los, eram poesias, frases, essas coisas. Depois  conheci o reggae, que foi o estilo que fez a transição para o rap.


O rap foi algo que sempre tive acesso por ser da periferia e não só, também cresci ouvindo sertanejo de raiz por causa de vizinhos e parentes, na verdade a periferia é uma mistura de gêneros né? Mas o que aconteceu para que o rap fosse o estilo que eu faço, foi o reggae que abriu a mente, deu identidade, personalidade, mesmo na rima, no flow ragga, fora todo conhecimento que adquiri através dessa raiz, como o samba, MPB, soul, e todo som do gueto em si.


O que me deu identificação e me fez ganhar espaço e bate com o que escrevo, foi o rap undergroud e o guanguista, por ser de Campinas e aprender isso na rua com a cena local, pelo movimento do skate, graffiti, pichação, nessa troca de informações você passa a abrir um lequi de som e de misturas, vai conhecendo a essência da tua própria cidade, histórias como a da Dina Di, Sistema Negro e por aí vai...


Submundo do Som - E como que o Hip Hop entrou em sua vida?


Ruana Voz Armada - Estando na rua nos movimentos do skate, rima, pichação, rolê, e principalmente através de um convite feito pelo Ovelha para ir em um ensaio, no dia seguinte eu já estava no palco apresentando e foi amor à primeira vista que tudo começou, a mágica da música! Dia 01 de dezembro de 2011 nasceu a Ruana.


Submundo do Som - O que te inspira fazer música e quais são suas principais referências?


Ruana Voz Armada - A vida me inspira fazer música. Todos que vivem a música também me inspiram, a música é infinita! Isso resumi minhas inspirações .


Submundo do Som - Ruana, você é uma artista muito ativa, já participou de diversos projetos, somou com vários grupos. De toda essa bagagem, o que você carrega hoje na sua construção artística?


Ruana Voz Armada – Então, tive sorte e orgulho do meu berço, a sintonia me levou a pessoas certas. Sou integrante dos grupos Revolta 573, que já tem uma caminhada, e Nomads Voz Armada representando assim a caminhada Voz Armada que é minha junção com meu parceiro de rap e de vida, que é lado a lado também e me ensinou, apoiou e insistiu em muita coisa. Tive participações com o projeto Epopeia Mundo 13, uma crew com os mano do Cizo Marfim, Haak, Jhef, toda familia do DIC, uma quebrada forte e fundamental na cena do rap, participei de algumas cyphers como Projeto De Periferia, Ano da 19, e agora saindo mais uma do forno com os irmão de São Paulo, Anonimato Vive 4, prestes a sair. Também tenho conexão com os irmãos de Brasília no álbum do Mr Bikila e Jhef O.G (A Caminhada É Dura), com mano Torogum (Meu Santo É Forte) e minha participação também em dois álbuns dos grupos Revolta, o Positivamente, gravado com Cajueiro, e Nomads, Arte de Se. Além disso, surgiu meus dois trabalhos solo, o álbum Ruana Soul, lançado em 2021 e agora em 2022, o disco Puro Fyah, com participações  do DJ Dumbo , DJ Pia, a banda Antidoto Urbano. Beats de produtores como Max Beats, Gil Beats, Julivan Lemes e Heitor Neto, algumas gravações foram feitas no Jham Estudio e a produção do MW Rap fez a gravação, mix e master e clipes com os irmãos do Skate One Frame Lucas Cavaleiro e Lksreis Smorfinho. E o que levo é aprendizado, evolução, e muita gratidão no coração!


Submundo do Som - Você flerta bastante com o reggae e ritmos jamaicanos e em seu último trabalho, o Puro Fyah, trouxe o peso do rock. Como você vê esse caldeirão de misturas?


Ruana Voz Armada - Foi essa transição do rock para o rap e o que fez isso acontecer foi o reggae. O que marca bastante meu trabalho até hoje e que de forma natural já está dentro de mim, o flow, a identidade, as vivencias, os movimentos e toda a cultura e a mistura dela, o estilo é “raprockn’rollpisicodeliahardcoreeragga, MC no microfone atitude HC!” Rsrs, tipo isso!


Submundo do Som - No seu primeiro trabalho solo, o Ruana Soul, você trouxe a água como elemento. Em Puro Fyah foi o fogo e sabemos que os próximos trabalhos também irão trazer outros elementos, conectando todas as obras. Por favor, nos explique esse conceito e quais são seus planos para o futuro.


Ruana Voz Armada - Na verdade o grupo Revolta 573 carrega essa ideia dos 5 elementos, no caso no Hip Hop são 4 elementos (DJ, graffiti, MC, breaking) e o skate seria o quinto elemento, mas mesmo assim não foi algo proposital, aconteceu de forma natural o Ruana Soul, levei para o lado da alma que, buscando refletir sobre, encontrei o elemento água e começando outro trampo, no caso o Puro Fyah, vim conhecer o elemento fogo que também surgiu naturalmente, acho que pelo momento, a vivencia que estamos de renascimento, fênix e tal. Apareceu juntamente com o que estou vivendo e aí começaram a surgir bastante coisas, informações ligadas a isso, o que me fez buscar mais sobre o assunto e quero concretizar sim essa saga de 5 elementos nesses trabalhos solo, me identifico cada vez mais com essa alquimia relacionada a vida e a música. Mas é algo que quero fazer, é como estou nesse momento, em uma busca!


Submundo do Som - E como é ser uma artista mulher, independente e do interior de São Paulo? Quais os maiores desafios?


Ruana Voz Armada - É difícil ser mulher no país em que vivemos, artista independente imagina? O maior desafio é realmente conseguir impor suas ideias em um cenário onde eles impõem a forma como você deveria agir para alcançar um certo patamar na carreira. Faço parte de uma contracultura, tudo o que não cabe, tudo que não serve dentro dos padrões está sendo representado quando eu canto, é por isso que é mais difícil, porém essa raiz que liberta!


Submundo do Som - Como você vê a atual cena underground de Campinas e região?


Ruana Voz Armada - Campinas é foda! Ganguista original, a cena underground é nóis, tem muita raridade aqui que merece muito valor!


Submundo do Som - E quais artistas desse rolê independente você citar para aqueles que nos acompanham possam ficar ligados?


Ruana Voz Armada - DIC: Revolta 573 (Marião e Magrelo),  Fator Moral (Jords MC e Haak), Dina Di, DJ Dumbo, Cizo Marfim, Em13, Henrique Art, Rafa Shine, Leo Peralta, Julivan Lemes, Jenny Zion, Joe Fyah, Familia Sistema Negro (Kid Nice, Ice Juck, Mano Tota, 2K, Master Jay), Cris Cros, Jhef O.G, Leaul Gang, Max Beats, Doc, Doctor X, Eazy Dow, Banca Peso, Risco Iminente, Capitulo 1, Du Chock, Mano Delta, Pkno, Versos Periféricos, Overdose Verbal, Geração Underground, Arte de Periferia, Estudio Jabuticaba Ruffneck Sound (Flavio e Raquel, Sammy B, Leo Poeta) DJ Pia, DJ Buiu, Mista Mexico, Riva, Reggae Spirit, Ding Batucada. Os músicos Jairo, Ananias , Feijão Kaia, Cajueiro, Bless, Kaia Board, Aruanda. Toda familia Antidoto Urbano (Paulão, Juliano, Mosquito, Dario) DJ Maka , Jham Estudio, MW Rap, Wu, manos do audio visual skateboard Massa filmes, Lucas Cavaleiro, SMF, Lksreis, Folly Crew, Luan Artsroyale, Coxa HC, Sujera, Rafael Hortenci Chakra, Karol Kolombiana, Sacramento, Pretah Vy, Tum, Nicole, todos irmãos da pichação do skate os b.boys,  Mos Crew, Negão, Ary, Radicais Suburbanos Crew, mano China e geral da Resistencia, isso e muito mais que isso é Campinas no ar! Gratidão a todos os pé vermei!


Submundo do Som - Quais sonhos que a Ruana deseja realizar nessa caminhada pela música?


Ruana Voz Armada – fazer Revolução e lutar através da música, principalmente, trazer um poder de transformação de vidas e poder viver do que eu faço e amo deixando algo e somando com o rap para as próximas gerações!


Submundo do Som - Para aqueles que nos lê, que mensagem você deixa?


Ruana Voz Armada - Em algum Momento na transição do Ruana Soul eu Li esse pensamento de Rabindranath Tagore: “Em muitos dias de ócio lamentei o tempo perdido. Mas ele não foi de todo perdido. O Senhor guardou em minhas mãos cada instante da minha vida. Escondido no coração das coisas, ele estava alimentando sementes para que sejam rebentos, os botões para que sejam flores, e amadurecendo as flores para que sejam frutos. Eu dormia cansado no meu leito, indolente, julgando que todo trabalho tivesse cessado. Acordei pela manhã e encontrei repleto de milhares de flores o meu jardim!”


A mensagem que deixo é que nada é em vão, tudo o que passar é um preparação, a plantação e voluntária, mas a colheita é obrigatória! Se eu tivesse mais alma para dar eu daria: Ruana Soul Puro Fyah, isso para mim é viver. Mantenha o ritmo!


Submundo do Som - E para quem quiser te acompanhar mais de perto, trocar uma ideia e tal? Quais seus contatos e redes sociais?


Ruana Voz Armada - Ruana Voz Armada nas redes sociais e em todas as plataformas digitais! Contato : 19995143604 - Ruanasoul@gmail.com

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