Nova - Esse
trabalho é de fato diferente de nosso último álbum, talvez mais próximo do primeiro
disco do que do segundo. Trata-se de um disco ensolarado e a novidade são as
linhas de guitarra de Bunho, que adicionaram novas texturas para nossas
músicas, e eu estou muito feliz com isso.
Como se trata de um disco ensolarado, as letras seguem pelo mesmo caminho, mas nem sempre. Ou eu sigo o tema e ambientação dos instrumentais ou sigo pelo caminho contrário, criando contraste com as letras. Para mim, ambientações não são algo abstrato e sim algo muito claro, como se as melodias e harmonias conversassem comigo e me impusesse uma história ou um ambiente. Então, eu apenas acrescento “palavras humanas” nas músicas para inventar uma história para essa ambientação. Às vezes a inspiração vem dos títulos (permanentes ou não) que o Mário dá para os instrumentais, de questões que me sobrecarregam no momento, de cenas vivenciadas do cotidiano (que eu modifico para transformá-las em algo surreal), e de muitas outras fontes.
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Nova Cleret - Vocal |
Submundo do Som - Terceiro álbum da banda, cada um com uma
pegada diferente. Como é o processo de vocês para definir o tom do disco? A
premissa é não repetir fórmula?
Mario - Na verdade, o primeiro álbum foi um álbum livre, criado sem seguir muitos parâmetros, mas o segundo e o terceiro foram álbuns criados baseados em um tema, são álbuns conceituais. E sim, uma coisa que Nova e eu sempre repetimos desde o primeiro álbum é que nunca gravaremos o mesmo álbum duas vezes. Assim seguimos.
Submundo do Som - Gabriel, você é novo integrante do projeto, como tá sendo chegar e somar num som que ainda soa estranho para muitos por ser pouco consumido no Brasil?
Bunho - É uma experiência diferente. As pessoas ficam até surpresas quando eu falo que eu participei desse projeto por ser algo tão fora da minha curva de consumo musical. Esse tipo de composição exige um olhar um pouco diferente, mas, querendo ou não, sempre entra aquela pitada de rock clássico. A verdade é que o grande desafio é contribuir na música com o que ela pede, às vezes me dá mais trabalho pra escrever uma linha de guitarra por conta disso e até me gera dúvida se aquilo está legal ou não, mas no fim das contas o Mario sempre da o toque mágico de produtor e faz o trabalho ficar acima da média.
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Gabriel Bunho - Guitarrista |
Submundo do Som - Aproveite Bunho, e se apresente para que nos lê: quem é o Gabriel Bunho e quais suas influências na música?
Bunho - Eu sou guitarrista de duas bandas: Capitania Sonora (Pop
Rock) e Exkil (Thrash Metal autoral). Por conta da Capitania Sonora eu tenho a
oportunidade de tocar muita música variada como a base do rock nacional (Legião
Urbana, Barão Vermelho, Capital Inicial, etc.) e alguns clássicos
internacionais (Losing My Religion, Smoke On The Water, Another Brick in the
Wall, etc).
Ultimamente tentando modernizar o repertório entramos com The Strokes, Arctic Monkeys, O Rappa e afins. No metal, a base é o Metallica, Iron Maiden, Megadeth, Angra. E ultimamente tenho ouvido muito Greta Van Fleet, Maneskin, The Killers, que pelo momento estão sendo minhas bandas preferidas. Eu já passei por outras fases como Rap e Funk, mas eu sempre acabo retornando pro rock/metal justamente pelo fato de eu ser guitarrista e estar envolvido com bandas.
Submundo do Som - Mario, ainda sobre o processo de produção, explica pra nós, como o Ocean Key trabalha geralmente? Primeiro nasce a melodia e letra da Nova, ou primeiro vem a base instrumental? E como é costurar tudo isso, transformando a sua criação - somada a colaboração dos seus parceiros - em música? Como é sua rotina?
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Mario Sergio Ribeiro - Produtor |
Mario - A criação do Ocean Key geralmente segue por uma só direção. Nos dois primeiros discos, eu criei os instrumentais e enviei para Nova, que criou as letras, gravou e me mandou de volta para que eu realizasse a mixagem. No terceiro disco, o processo foi parecido, porém mais trabalhoso, a diferença é que eu enviei primeiro os instrumentais para o Bunho, para que ele gravasse as guitarras e só depois que ele me devolveu eu enviei para que Nova gravasse os vocais. O único som que construído através de um processo diferente foi “Authenticity”. Um esboço desse som foi criado pela Nova no violão, Gabriel criou guitarras baseadas na gravação acústica e eu criei o instrumental em cima das guitarras dele. Foi um inferno (risos).
Submundo do Som - Nova, você comumente canta em inglês, mas também já cantou em seu idioma natal, o francês, e participou de outro projeto no Brasil, o Bas-Fond, onde arriscou umas linhas em português. Pensa em enveredar mais para o sua língua? Ou ainda veremos a Nova novamente cantando em português?
Nova - Eu canto em línguas
diferentes por que não é algo que me assusta. Na verdade, eu acho divertido. Eu
amo cantar em outras línguas.
Na maioria das músicas eu canto em inglês, mas comecei a escrever mais em francês desde que começamos a produzir “Warm”. É mais difícil pra mim, pois por se tratar de minha língua-mãe, é preciso escrever muito bem, a escrita precisa ser mais aplicada. Pra mim, é mais fácil criar melodias em inglês do que em francês. E sim, eu cantaria em português novamente com o maior prazer.
Submundo do Som - Valeu pelo bate papo, alguma consideração final?
Mario – Mesmo que você não se identifique com o som que nós fizemos em nossos dois primeiros álbuns, dê uma chance para o novo, você pode se surpreender.
Nova – Mal posso esperar para estar nos palcos com esses caras. No Brasil, ou em qualquer lugar. Eu simplesmente amo trabalhar com eles.
Bunho - Gostaria de dizer que esse trabalho pra mim é
algo totalmente fora da curva por conta do estilo musical, mas que no fundo...
é música. Esse é um álbum que acredito que possa alcançar vários tipos de
pessoas por que têm músicas que são mais alegres, outras que são mais tensas e
sérias. Espero que seja bem recebido.
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