Gringos Podcast | 10 Entrevistas Que Comprovam Que o Programa É O Museu do Hip Hop Brasileiro
By -Jeff Ferreira
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Quando via a noticia de um podcast da Gringos, meu coração bateu mais forte. Não é exagero, mas em uma cena saturada desse formato de bate-papo descontraído e sem pautas, apenas deixando a conversa fluir, saber que um cara como o Ney, que administra uma loja de discos há tantos anos e que muito conhece de Hip Hop, iria trocar uma ideia com icones do movimento era prenúncio de que algo gigante iria acontecer. Eu estava certo.
Na era dos strimings os CDs viraram um símbolo de resistência. Assim como o vinil e as fitas K7 foram em relação aos CDs. Porém, os discos alcançaram o status de "cult" no últimos anos. O fato é que uma loja de mídia fisica, como a Gringos, é um ponto de encontro para verdadeiros amantes da música, os apreciadores sólidos e não somentes aqueles de audição exporádica, que bebem e depois cospem. Em uma loja de disco, diariamente, passa vários desses vicerais consumidores. O Ney tem o privilégio de conversar e trocar conhecimento com cada um deles. Por isso a alta expectativa quanto a um podcast. Além disso, o rap paulistano passou todo por ali, seja para comprar matéria prima para suas construções musicais ou para lançar um trabalho.
A Gringos fica nas grandes galerias, para quem não é de São Paulo basta se lembrar de Thaide & DJ Hum em "Sr. Tempo Bom", o rapper cita "No centro da cidade as grandes galerias, seus cabelereiros e lojas de disco mantém a nossa tradição sempre viva". As grandes galerias ficam na rua 24 de Maio, berço do Hip Hop paulista. O icônico endereço é onde Nelson Triunfo e a Funk Cia se reunia no começo dos anos 80 para dançar breaking, quando o Hip Hop chegava no Brasil, isso bem antes do point ser a estação São Bento do Metrô. Em resumo, as grandes galeria, e a Gringos, respiram o Hip Hop puro, como diria o próprio Thaide.
A noticia de um podcast da Gringos chegou até mim através do Instagram, com a criação do perfil na rede para esse projeto. A idealização é de Ney de Harry Goes e no dia 04 de fevereiro de 2001 a dupla surge em uma live no canal do YouTube do podcast para anunciar a estreia e contar um pouco da ideia que tiveram. Para isso, alugaram uma sala comercial, os episódios ainda fora da própria loja. Cinco dias depois ia ao ar a primeira entrevista, com o multicampeão mundial, o DJ Erick Jay. Na semana seguinte Erick estava de volta ao podcast, agora ao lado do Ney para comandar os bate-papos com icônes do nosso rap. Estava formado o conceito do Gringos Podcast.
Aqui listamos 10 entrevistas do Gringos Podcast que, assim como todas as outras, são verdadeiras aulas. Não se tratam de serem melhores ou mais especiais, mas são 10 conversas que fazem com os amantes do Hip Hop descubram um pouquinho mais sobre essa cultura que amamos. Para pessoas que, como eu, são pesquisadores do movimento, o Gringos Podcast vem se tornando um acervo de histórias memoravéis do rap e do Hip Hop, e o melhor, contadas por quem viveu! Confira 10 entrevista que ilustram a fase inicial do do Hip Hop no Brasil:
1. Nelson Triunfo
O pai do Hip Hop Brasileiro, o pernambucano Nelso Triunfo colou no episódio de número 19. Nelsão, com seu carisma ímpar, relembrou histórias da época em que dançava no centro da cidade, no cruzamento das ruas Dom José de Barros e 24 de Maio junto de seu grupo, a Funk Cia. O homem árvore, como também é conhecido, também relembrou os perrengues que passou, como ser preso pelo simples fato de estar dançando breaking em período de ditadura militar ou que ainda carrega resquicios dessa epóca.
2. Pepeu
Quando tudo era mato era mato no rap brasileiro, surgi um de nossos primeiros MC's, o primeiro de dentro do Hip Hop a gravar, Luis Carlos de Matos, o Pepeu. No episódio de número 127, Pepeu, com muito bom humor, contou suas anetodas, relembrou a epoca dos bailes e suas histórias como empreendedor. O rapper também revelou suas motivações para se iniciar no rap, como foram suas primeiras gravações, os recursos utilizados, como foi a construção de seu primeiro disco e os bastidores para a criação de músicas como "Melô do Bastião" e "Nomes de Meninas".
3. Thaide & DJ Hum
Falanfo em pioneiro, Thaide e DJ Hum passaram pelo Gringos Podcast, não juntos como a icônica dupla que víamos nos anos 90, o MC colou no episódio de número 45 e o DJ no episódio de número. Ambos relembraram a fase inicial, a época em que um não sabia rimar e o outro não sabia fazer scratches, mas seguiram desbravando aquilo que conheciam pouco e no entanto passaram a ser sinônimos: o Hip Hop. Thaide pôde falar de seu lado para além do rap com tantos projetos em que atua. Já Humberto abordou seu lado como produtor musical.
4. Sharylaine
A história do Hip Hop brasileiro, sobretudo paulista, se confunde com a trajetória de Sharylaine. No episódio de número 39 a MC encostou no Gringos Podcast e falou da sua carreira, da época dos bailes, da chegada do breaking e das primeiras rimas como uma rapper. Shary contou sobre o seu grupo, o Rap Girls, sobre os shows que fez ali nos anos 80 e comecinho dos anos 90. Toda essa essência de Sharylaine, principalmente sobre seu começo, é transmitida nesse bate-papo, mas a cantora também mostra que está ativa e segue trabalhando e tem diversos projetos para além do rap.
5. Marcelinho Backspin
Marcelinho Backspin é um dos grandes representantes do nosso Hip Hop, membro da crew que lhe dá o "sobrenome", o b.boy encostou no episódio #107 e falou bastante sobre a fase inicial, principalmente do breaking e nos revelou que aquele auge do movimento com revistas, programas de TV, abertura de novela e tudo mais, foi um boom que depois se dispersou, o breaking sumiu, para depois voltar na estação São bento com aqueles que tinha vontade de seguir com o Hip Hop. A Backspin, crew de Thaide e DJ Hum, foi uma das quatro gangs que participaram do LP Hip Hop Cultura de Rua, de 1988.
6. Rooneyyoyo
Rooneyoyo, O Guardião, também conhecido como AG Naja, esteve presente no disco Hip Hop Cultura de Rua acompanhando MC Jack e DJ Ninja. B.boy, DJ e MC, além de pesquisar e preservacionista do Hip Hop brasileiro, Rooneyoyo é a personificação da cultura no país. Rooneyoyo falou sobre os primórdios do movimento, do breaking, das dificuldades da época e de seus projetos, principalmente os encontros atuais na estação São Bento, uma forma de dar continuidade e manter vivo o legado daquela época mágica e de descobertas.
7. DJ e MC Jack
Jack, MC, B.boy e também DJ de destaque, participou do episódio 38 do Gringos Podcast. O autor de "Centro da Cidade", música que integra a coletânea Hip Hop Cultura de Rua, também resgatou histórias da fase inicial, a dança na 24 de Maio, o clima de competição entre as crews - inclusive Jack desafia Thaide (em tom de amistosidade) para um racha de breaking, relembrando os tempos da São Bento -, e as descobertas de uma epóca em que a informação não era abundante. DJ Jack também passa sobre sua trajetória no comando das pick-ups, ofício que lhe rendeu vários prêmios.
8. DJ Dri & Linno Krizz
Os irmãos gêmemos DJ Dri e Linno Krizz também não colaram no mesmo episódio. Krizz foi entrevistado no Gringos de número 60 e Dri no de número 61. A dupla começou no rap ainda adolescente, por volta dos quinze anos quando se chamavam Os Metralhas e fizeram sucesso em 1988 com a música "Rap da Abolição", lançada na coletânea O Som das Ruas pela Kaskata's. Cada um dos irmãos falou dessa época, da formação da dupla, escolha do nome, os concursos de rap que eram constantes e a participação no compilado, um dos primeiros discos de rap do país.
8. DJ Cuca
DJ Cuca é um dos grandes responsável pela fomentação do rap no Brasil. Um dos primeiros produtores do estilo e que fez carreira para além do Hip Hop, assinando produções de artistas como Kid Abelha, Vini, Genival Lacerda, Kelly Key e Tiririca, só para citar alguns. No rap, Cuca produziu nomes como Pepeu, RZO, DMN, Ndee Naldinho, Thaide, Edi Rock, Rappin Hood, entre outros. Além de atuar nos bastidores produzindo, Cuca faz jus a sigla DJ e é um disc jockey de performance sendo bicampão de DJ's pelo DMC e tricampeão Sul-Americano de DJ's pela Numark.
9. Rose MC
Rose MC participou do episódio de número 80, aqui ela conta sua história que se iniciou no ano de 1985. Como b.girl ganhou prêmios, como da Toco Disco Clube, da Vila Matilde, dividiu as ruas da 24 de Maio e Don José de Barro com Nelson Triunfo e a Funk Cia. Em 1988 cursou a faculdade de Belas Arte e em 1992 escreveu sua primeira letra, fazendo a conversão do breaking para o rap. Em 2022 Rose MC lança seu primeiro disco, 37 anos depois de ingressar na cultura Hip Hop.
10. KL Jay
O DJ KL Jay colou no episódio de número 44. Integrante do mais icônico grupo do país, o Racionais MC's, Kleber Geraldo Lelis Simões relembra seu inicio de carreiro junto de Edi Rock, até que o caminho dos dois artistas (DJ's) da Zona Norte se encontrasse com a dupla Bbboys, da Zona Sul, surgindo aí a lenda do rap brasileiro. KL Jay fala das festas, do universo dos DJ's e da cena do rap nacional.
faltou só a do P.MC
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