Antes de mais nada um conselho:
é fundamental ficar de olho no selo Malandrinhação e nos lançamentos que vêm
fazendo. Não Estamos Sozinhos é só a ponta desse iceberg. Tempinho atrás o
Submundo do Som bateu um papo com Lheo Zotto, o qual você pode conferir aqui, nessa troca de ideia o "mineiro do interior de SP" falou da sua
origem, trajetória e trabalhos.
Lheo Zotto lança o álbum Não
Estamos Sozinhos o qual consegue fazer uma viagem no tempo resgatando a
essência do Hip Hop e ao mesmo tempo se mostrando contemporâneo e conectado com
as atualizações do rap. O #NES é o primeiro volume de uma série anual que Zotto
pretende lançar, ou seja, a cada ano o MC nos brindará com a continuidade da
obra, sempre recheada de participações de aliados feitos nas últimas décadas de
engajamento na cultura.
O disco tem dez faixas, são
canções inéditas que foram gravadas nos últimos quatro anos. Todo o projeto foi
produzido pelo próprio Lheo Zotto contando com a parceria de Basílio Teodoro,
multi-instrumentista que foi responsável pelos arranjos, e de Jessica
Valeriano, integrante da banda Ferpanuzoi e que soma nas linhas de baixo.
Abrindo o álbum tem a faixa
título, “Não Estamos Sozinhos”, uma
introdução feita por Alessandro Dornelos, a qual lembra bastante um misto de
Criolo e Parteum, duas referências que Zotto tem em sua formação artística.
A faixa dois, um trap, é a “Bala no Pente”, com participação de K.olliver MC,
e como o título sugere os MC’s vêm carregados e descarregam rimas e ideias
sobre uma visão geral sobre as mazelas da sociedade. Em “Orgânico” Leandro Gladiador rima em cima de beat
de Marcelinho Beat Box, justificando o título da faixa e trazendo a atmosfera
do freestyle. Na quarta canção DJ Double Dee e Primas se juntam a Lheo para
falarem da melhor idade no Hip Hop. Apesar do time jovem (já que a juventude é
um estado de espírito e nada tem a ver com a idade!), em “100 Prazo de Validade” os artistas falam de
envelhecer na cultura Hip Hop, como verso: “Quero
ser um velho estiloso que faz uns beats pesados, imagine o legado? Eu ligado,
sempre ali, de cabelo branco agitando, causando nas rodas de free...”.
Outra fita da hora nessa faixa é a colagem com uma fala de Gustavo Black Alien
sobre envelhecer dentro e fora do rap, sobre ser um sobrevivente. Essa é uma
das minhas favoritas!
A música cinco é “Absynto”, com participação de Camila Rocha que junto de Lheo
Zotto mostram uma dose de seu “veneno”. Em rimas com poderes medicinais a faixa
é introspectiva e aborda, do ponto de vista pessoal, os relacionamentos, e do
ponto de vista plural, a luta para ser nota em tempos de produção a nível
industrial e de cena pulverizada: “Eu não mato,
mas intoxico!”. Seguindo temos “Saiba
Lidar”, que conta com Eibe Lapaz, e talvez seja a faixa mais íntima
do Não Estamos Sozinhos, uma canção que fala de conflitos internos e saber
lidar com eles.
A sétima faixa tem um time de
peso com Alessandro Dornelos, NDN, Miúcha Ramos, Og Roc, Beto Dogtyle,
Amandynha MC, Robsom Selecta e o DJ Double Dee na “Cypher
Rimaremoto”. Cada envolvido trás sua visão que soma para um retrato
da sociedade contemporânea e usam o rap como deve ser usado, como ferramenta de
denúncia, protesto e transformação. Cada linha é um ensinamento, cada linha é
um aprendizado. Em “Metafísica”, Lupa
OutrAtitud e Zotto vem mais filosóficos, abordando uma análise sobre as realidades
que coabitam o indivíduo, fornecendo fundamentos sobre as ciências de cada um através
da reflexão de cada ser. A música ganhou clipe filmado pela GTA GANGSTA e com edição
e motion da IFÁ Films.
A penúltima faixa é “Na Ponta da Caneta” com participação de Inútil e scratchs
e colagens do DJ Double Dee, a dupla fala da importância da caneta, ou seja, da
letra, de não desperdiçar linhas e entregar algo útil no rap, algo que o Inútil
fez de forma genial, por sinal! Fechando o disco Não Estamos Sozinhos temos “Flow Tabajara”, Zotto vem um beat mais tenso e sombrio
para lembrar de sua trajetória e vários corres na cultura Hip Hop.
Na parte técnica a ilustração da
capa é assinada pelo Vinicius Nabuco e o lettering por Nelson Gnz. Já a finalização,
montagem da capa e os lyric videos são de autorias da IFÁ FILMS, e feitas por
Lheo Zotto que também assina a direção de arte.
Não Estamos Sozinhos é um disco
para ouvir no reapeat, tem várias ideias, vários manos e minas, uma construção
coletiva em prol de uma obra. Além do corre da Malandrinhação, vale muito a
pena pesquisar e conhecer melhor cada um dos artistas envolvidos e se ligar no
corre deles. Enquanto esperamos o volume dois, temos um bom tempo para degustar
com calma esse projeto sensacional!
COMO SEMPRE... Um primor de texto, imersivo, responsável, honesto e cheio de amor..
ResponderExcluirObrigado pelo sua verdade e pela sua palavra com minha arte..Gratidão irmão!