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ENTREVISTA | Rarefeito011: "A música tem um papel importantíssimo na construção (ou na desconstrução, falando dos tempos atuais)|"

Jeff Ferreira
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Rarefeito011. Foto: Divulgação


Salve! O Submundo do Som trocou uma ideia com a banda Rarefeito011, representada pelo vocalista Pedro Lopes e o guitarrista Rafael Gregorio. A banda paulista faz mescla do rap consciente com o peso do rock e nesse papo falaram da banda, de suas influências, da cena underground, do cenário politico e dos sonhos pela música. Então, se liga aí:


Submundo do Som - Primeiramente muito obrigado pela disposição de trocarem essa ideia com o Submundo do Som, e começo seguindo o protocolo e peço por favor que se apresentem, quem é a banda Rarefeito 011 e qual a trajetória de vocês até aqui?


Pedro Lopes (Vocal) - Salve galera do Submundo Do Som! Primeiramente, queremos agradecer o espaço e dizer que estamos felizes em estar aqui com vocês. A Rarefeito 011 nasceu da mescla multicultural dos artistas, reunindo elementos do hip hop, com a levada do rock e a vontade de fazer revolução através das palavras.


Rafael Gregorio (Guitarra) - A banda Rarefeito 011 é formada por: Pedro Lopes (Vocal), Alê Pereira (Baixo), DJ From (Riscos) e Cebalbz (Bateria) e por mim, Rafael Gregorio (Guitarra). A banda foi formada em meados de 2017, na zona leste de São Paulo.


Submundo do Som - O que chama bastante a atenção para a banda é essa mistura engajada do rock e o rap, quais as influências do grupo? O que vocês curtem em comum e o que a rapaziada costuma ouvir no dia a dia?


Pedro Lopes - Mano, na real a banda trouxe consigo várias influências do boombap e do rock dos anos 90. Eu particularmente sou um amante do rap nacional e internacional, assim como nosso DJ (DJ From) e nosso baterista (Cebalbs). Mas de uns anos pra cá, tenho agregado mais conhecimento ao meu “vocabulário sonoro”, buscando estudar cada vez mais o groove, o jazz e as referências do rock trazidas pelo nossa baixista (Ale) e do nosso guitarra e meu amigo de infância, Greg (Rafael Gregório)


Rafael Gregório - A gente bebeu e ainda bebe da fonte dos anos 90, que teve bastante expressão no rock e rap da cena nacional. (Planet Hemp / O Rappa / Raimundos / Racionais MC’s / Sabotage / Charlie Brown JR / Barão Vermelho / Titãs / Ira! / SNJ / RZO) e otras cositas más. Em geral, a banda toda tem essas referencias e escutamos basicamente as mesmas influências.


Submundo do Som - Você se define como um "Informativo Sonoro", e esse título é bem apropriado, porque vocês trazem nas letras informação, denuncia e protesto, bandeiras que o rock e o rap sempre carregaram. Mas como vocês vêm o cenário hoje em dia, acham que as bandas e grupos, no geral, amoleceram o discurso ou a cena segue contundente?


Pedro Lopes – Então, os poucos que se mantiveram “raiz" trazem consigo a responsabilidade eterna de levar a mensagem. Mas a grande maioria está buscando o hype, querendo fazer hit, morô? Na minha visão, você pode criar uma música de “sucesso” (estre aspas mesmo), porque sucesso é algo relativo. O que é o sucesso propriamente dito? Um Som que estourou, bombou nas plataformas de streaming? Mas, e a mensagem? Carregava algo produtivo? Trazia alguma crítica ou algum incentivo ou era um mero entretenimento? Você pode fazer tudo isso e ainda manter a sua postura, defendendo os ideais e lutando por aquilo que acha certo. Olha aí o que Gabriel O Pensador fez e faz até hoje na cena. O mano vai em todas as mídias, mas continua contundente nas ideias. Olha o Tio Bill (MV Bill), pesadão nas letras e manda a pancada de onde estiver!! Porque eu acredito que, uma cena que vem buscando espaço, defendendo e alertando os nossos desde a época dos monstrões da são Bento, no início dos anos 80, não pode iludir nem ser iludido com esse discurso de “país das maravilhas”, liga!?


Submundo do Som - Mano, aproveitando a pergunta anterior, e excluindo o fator pandemia (que esperamos passar bem por isso tudo e quanto antes), quais os picos e rolês que vocês indicam para quem quer conhecer artistas engajados e conscientes no discurso e com uma sonoridade tão foda quanto da Rarefeito 011?


Pedro Lopes – Mano, na moral? Se você está em São Paulo você está no lugar certo. Aqui, de certa forma a cultura ainda é valorizada. Existem (ou existiam, por conta da pandemia) vários picos gratuitos para você colar e ouvir um som. A Matilha Cultural, as Fábricas de Cultura espalhadas pela city, as Casas de Cultura, sem falar nas Viradas Culturais, que rolam shows de bandas, grupos e MC’s gratuitamente. Atualmente, conhecemos um pico que se chama “Toca do disco”, que é uma casa multicultural super acolhedora e compromissada com os artistas. Vale a pena conhecer!


Submundo do Som - Falando ainda da questão lírica e do peso das palavras, qual o papel da música no meio desse cenário que vivemos, com um governo fascista e genocida e uma crise política e social sobre o país? Como que a música, e consequentemente os artistas, podem somar no combate desse caos?


Pedro Lopes - Pô, aí você tocou em um ponto delicado para mim... A música tem um papel importantíssimo na construção (ou na desconstrução, falando dos tempos atuais) da sociedade como um todo, tá ligado? Existe uma teoria que se chama “teoria dos 21 dias”, que comprovadamente explica a mudança dos hábitos praticando algo sem interrupção por 21 dias. Ou seja, os compositores de hoje em dia precisam saber em qual sociedade eles gostariam de viver, pois aquilo que você põe em um som, é provável que seus fãs comecem a pensar e agir de acordo com aquilo que vem sendo proposto na sua música.


Esse exemplo também se aplica na política. Quando se tem um chefe de Estado que dissemina ódio e mentiras, em um país carente de Cultura e conhecimento civil e jurídico, Você tem uma contaminação em massa. O papel da música deveria justamente ser essa ponte entre o conhecimento e o discernimento, ajudando na formação de opinião e caráter de um público em geral, principalmente daqueles que ainda estão em formação de caráter, exemplo das crianças e adolescentes.


Submundo do Som - Recentemente vocês lançaram a música "Non Ducor Duco", uma porrada sonora e que ainda contou com participação do DJ Erick Jay, bicampeão mundial nas pick-ups, como que foi fazer esse trabalho com o DJ?


Pedro Lopes - Só corrigindo, ele já é Tri, (rsrs). E o mano é um monstro, né?! Uma humildade enorme que está quase extinta hoje na cena. Pra nós foi incrível, um presente! É uma satisfação gigantesca poder ver de perto esse artista trabalhando, quem não viu ele riscando ao vivo ainda, não tá ligado. Ele nasceu pra isso!


Rafael Gregório - Na verdade, foi um grande presente para nós quando ele aceitou o convite. Maravilhoso poder trabalhar com alguém que é uma referência para a música, um verdadeiro campeão em todos os sentidos, humildade fora do comum.


 

Submundo do Som - Na música "Non Ducor Duco" as colagens fazem a pergunta "qual a definição da arte?", devolvendo a pergunta para a banda, como vocês definem a arte?


Rafael Gregorio - A Arte para nós é um estado de espírito. É sair do quadrado que colocam a gente desde sempre. E simplesmente expressar seus amores, suas angústias, suas frustações, suas alegrias da forma que lhe convém.


Pedro Lopes - Colocamos essa questão na música justamente pra que cada um se fizesse essa mesma pergunta: “O que é arte e como ela se define?”. Mesmo que nós nos esforcemos MUITO para tentar definir a arte, nós limitaríamos o campo de visão dos artistas. A arte como disse o Greg, é um puro sentimento que pode ser expressado de várias formas diferentes. Através da pintura, da pixação, do grafitti, da música, das artes visuais e teatrais etc. É uma pluralidade indescritível, na verdade, que uma simples definição soaria singular demais.


Submundo do Som - Apesar da pandemia que enfrentamos, como vocês vêm o circuito underground? As casas de shows, público, produções? Qual a visão de dentro para o cenário?


Rafael Gregorio - Todas as áreas relacionadas com a Arte em Geral terão que se reinventar, pois a tendência é o crescimento de espetáculos, seja, musicais, teatrais, por meio de Lives... O que podemos fazer é conseguir trazer essas pessoas que já não frequentavam casas de shows e afins a estarem por dentro da cultura em geral. Então, acreditamos que o futuro é bem promissor.


Submundo do Som - Indo para o final desse nosso bate papo, qual a expectativa que vocês deixam para os fãs da banda? Quais serão os próximos passos? Quais os planos para o futuro?


Rafael Gregorio - Acabamos de soltar o single “Ciência do Ego”. Agora vamos focar no lançamento do nosso primeiro álbum: o “Informativo Sonoro”, já citado acima. Após este álbum, temos músicas para serem trabalhadas para o próximo. Os planos para o futuro são esses: não deixar de fazer músicas e não deixar de passar a mensagem. Pois é isso que amamos fazer.


Pedro Lopes - Coloquem o capacete e vem com “nois". (rsrsrs)


Submundo do Som - Nessa caminhada pela música, quais os sonhos que vocês ainda almejam realizar?


Pedro Lopes - Além de levar a mensagem para o maior número de pessoas, nossa realização pessoal seria ver que a molecada entendeu a mensagem e se espelhou pelo menos um pouco na nossa arte. Pra assim, a gente sentir que está ajudando cada vez mais na construção da cena atual da música no país.


Rafael Gregorio - Temos o sonho de poder levar a nossa sonoridade para o infinito, que todas as pessoas que não tenham vozes possam se sentir apoiadas e representadas. E o principal vivermos do que fomos abençoados, esse dom de fazer todos os nossos instrumentos falarem por um só.


Submundo do Som - Para fechar, qual a mensagem que a banda Rarefeito011 deixa para a galera que acompanhou nosso bate papo?


Pedro Lopes - É isso galera, nesse primeiro momento fiquem fortes e aguentem firme, que isso tudo vai passar. Será mais uma batalha que nosso povo sofrido vem enfrentando e vencerá, independentemente de governantes e de todo o mal que nos causam com o descaso e a incompetência da forma em que nos regem.


E logo depois que isso passar, a Rarefeito 011 promete fazer diversos shows e chegar pesado junto com vocês nesse grito sufocado de LIBERDADE!


Submundo do Som - E para quem quiser acompanhar mais de perto o trabalho da banda, quais são os canais de comunicação?


Pra quem quiser acompanhar de perto nosso trabalho, é só seguir a banda no Instagram, Facebook ou em qualquer outra plataforma, acessando os links abaixo:

https://www.youtube.com/rarefeito011

https://www.instagram.com/rarefeito011/

https://www.facebook.com/rarefeito011

https://open.spotify.com/artist/2ZCLV0UWDwZfM1FO7vyd0l


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