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12 Regravações no Rap Nacional

Jeff Ferreira
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Em estilos musicais como o samba e a MBP é natural que canções sejam regravadas, artistas de uma geração homenageiam outros que vieram antes com releituras de suas obras, quer um exemplo? “Aquarela do Brasil” foi regravada mais de 400 vezes! Mas longe desse caso extremo, pode-se lançar a pergunta de quantas versões não conhecemos por aí de um grande clássico de Tim Maia? As regravações também acontecem no reggae, no rock, sertanejo e pagode, mas porque no rap, sobretudo o brasileiro, as regravações não são tão comuns? 

 

Dizem que o rap é uma música intimista demais e que os MC's preferem narrar suas angústias, frustrações, felicidades e vitórias a cantar o sentimento alheio, talvez seja reflexo do ego inflado que permeia o meio, a falta de humildade para se curvar perante um clássico ou simplesmente a não capacidade de um rapper se assumir como intérprete, e de fato ser versátil, como acontece nos outros estilos. 

 

Enquanto não temos a resposta do porquê as regravações no rap são escassas, listamos 12 vezes em que o fato aconteceu, se liga: 

 

Eu Tive Um Sonho 

 

Uma das primeiras regravações que escutei no rap, e que me dei conta do que se tratava, foi quando Marcelo D2 regravou “Eu Tive Um Sonho”, de Thaide e DJ Hum. O rapper carioca usou a música da dupla pioneira para homenagear Skunk, o fundador do Planet Hemp, falecido em 1994. Thaide homenageava Cláudio, um amigo que se foi no início de sua carreira, ainda nos anos 80, as duas versões têm leves diferenças na letra, a principal é o nome do homenageado. 

Original 

   

Regravação

   

Racistas Otários 

 

Dez anos depois dos Racionais Mc's lançarem o álbum Holocausto Urbano, o grupo DMN lança em 2002 o disco Saída de Emergência, trazendo a regravação da música “Racistas Otários”. A canção lançada por Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay no início dos anos 1990, como o título sugere, bate na questão do racismo, e como o DMN fala em sua versão, o clássico, infelizmente, ainda é contemporâneo em um país racista como o Brasil. 

Original 

 

   

Regravação 

  

Voz Ativa 

 

Os Racionais tiveram outra canção regravada, “Voz Ativa”, de 1992, ganhou uma versão capitaneada por Dexter e contou com Djonga e Coruja BC1. Quase trinta anos depois é importante reforçar que a juventude negra tem a voz ativa. A música marca um encontro de gerações, primeiro com pai e filho, KL Jay e DJ Will se revezando nos scratches, e rappers jovens como Djonga e Coruja ao lado do veterano Dexter, ao fim, cada um conta como conheceu a música e o que ela representa para si. 

Original 

   

Regravação 

  

Sonho Meu 

 

Essa outra é uma canção desconhecida do grande público do RZO, “Sonho Meu” nasceu naquele período em que a Rapaziada da Zona Oeste desenhava um retorno do grupo, entre 2009 e 2011 os caras lançaram algumas coisas nessa época, entre elas "Osso", "A Conquista" e "Sonho Meu". Nessa última, rimam Hélião, Sandrão e Nego Jam, com produção do DJ Cia. Em 2018, o grupo Função RHK regravou a música, manteve a produção de Cia e o refrão cantando por Nego Jam, Tom fez a parte de Hélião, e o próprio Hélio cantou a parte de Sandrão e a lançaram como single. 

Original 

   

Regravação 

   

Periferia Segue Sangrando 

 

Um dos discos mais clássicos do nosso rap sem dúvida alguma é o Entre a Adolescência e o Crime, do Consciência Humana, de 1997, um álbum que marcou muita gente. Nesse trabalho o grupo da Zona Leste trouxe um som do poeta GOG, a música “Periferia Segue Sangrando”, com participação do Japão. Originalmente a música foi lançada em 1996 no disco Prepare-se, o quarto do GOG, em letra que aborda o descaso e as mazelas nas favelas do Brasil. Como curiosidade, o rapper Dexter já levou esse som ao vivo em seus shows. 

Original 

   

Regravação

   

A Noite  


O Posse Mente Zulu lançou em 2005 seu segundo disco: Revolusom: a Volta do Tape Perdido, e trouxe uma canção de Thaide, a música “A Noite”, originalmente lançada em 1992 no álbum Humildade e Coragem São Nossas Armas Para Lutar. A “Noite” também foi regravada pelo DJ Jamaika no ano de 1998, no disco Utopia (Se Fosse Sempre Assim...), em um raro caso de um rap sendo regravado duas vezes e tendo três versões interpretadas por artistas diferentes. 

Original

   

Regravações 

  

   

Cabeça de Nego 

 

Em vida o rapper Sabotage lançou apenas um disco, o clássico Rap É Compromisso, mas fez diversos trabalhos na cena, dentre eles composições com o coletivo Instituto, onde gravou “Dama Tereza” e “Cabeça de Nego”. Essa última música foi regravada pela curitibana Carol Conká em 2018, fazendo uma verdadeira homenagem ao Maestro do Canão com vídeo clipe gravado na favela do Boqueirão, a produção também é do Instituto, com Rica Anabis e Tejo Damasceno, além da contribuição do Boss in Drama. 

Original 

 

   

Regravação 

   

Centro da Cidade 

 

Em 1988 o Brasil lançava seu primeiro disco de Hip Hop, o lendário Cultura de Rua, de onde se despontou Thaide e DJ Hum, O Credo, Código 13 e MC Jack com a clássica “Centro da Cidade”. Em 1997 o Sampa Crew lançou seu oitavo disco, Aroma, e dentre as quinze faixas, fizeram a releitura de “Centro da Cidade”, trazendo novos arranjos e linhas melódicas. Em 2001, MC Jack lançou o álbum Meu Lugar, e contou com regravação de “Centro da Cidade” com a segunda parte cantada pelo rapper Xis. 

Original

 

   

Regravações 

  

   

Homens da Lei 

 

Outro clássico do LP Hip Hop Cultura de Rua, a música “Homens da Lei”, de Thaide e DJ Hum, ganhou regravação com o histórico grupo Facção Central, na ocasião do lançamento do álbum Inimigo Número 1 do Estado, de 2020. O rapper DumDum, a frente do Facção, buscou uma de suas inspirações, Thaide, e uma música que apesar de ter 32 anos infelizmente segue atual, em letra que aborda o abuso de autoridade da polícia. 

Original

   

 

Regravação 

 

Por problemas de direitos autorais a versão do Facção Central não está disponível no momento.

 

Muito Longe Daqui 

 

Em 2005 Rappin Hood lançou o excelente álbum Sujeito Homem 2, fazendo a conexão do rap com o samba e a MBP, onde participaram nomes como Jair Rodrigues, Caetano Veloso, Zélia Ducan, Gilberto Gil e Arlindo Cruz, esse último no dueto da música “Muito Longe Daqui”, no ano seguinte Marcelo D2 repete a dobradinha da mescla de Hip Hop com samba e ao ladro de Leandro Sapucahy regravam a canção sob o nome de “Numa Cidade Muito Longe Daqui”. 

Original

   

Regravação 

   

Feminina 

 

Fechando temos Athalyba e a Firma com “A” love song do rap nacional, “Feminina” lançada no segundo álbum do Região Abissal e com título homônimo, a música levava o nome de “Feminina Mulher”. Em 1994 Grandmaster Duda, um dos integrantes do grupo Athalyba e a Firma, regravou a música para o álbum (também) homônimo do conjunto. 

Original

   

Regravação

   

Ainda vale lembrar de dois projetos importantes para a cena, o projeto Rap Voz do Crônica Mendes, o qual faz releituras de clássicos do rap nacional e também o projeto Minha Trilha Sonora onde Emicida faz versões de canções do universo rap que cresceu ouvindo. Abaixo uma amostra de cada um dos trabalhos: 

 

Crônica Mendes - A Vingança


Emicica - Verão na VR 

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