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Entrevista | Asfixia Social - Sistema de Som(a) - A Quebrada Constrói

Jeff Ferreira
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Salve! O Submundo do Som trocou uma ideia com o Asfixia Social, essa é a segunda vez que tivemos a oportunidade de bater um papo com a banda, confira aqui o nosso último encontro. Nessa ocasião, Kaneda, vocalista, falou sobre o último disco da banda, Sistema de Som(a) - A Quebrada Constrói, o caos político do Brasil e os planos para o futuro. Então, confere aí:

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Submundo do Som - Salve, Salve mano, satisfação total ter esse bate papo, muito obrigado pela disponibilidade!


Asfixia Social - Salve irmão, obrigado você por receber a gente e fortalecer!



Submundo do Som - Seguindo o protocolo, se apresenta pra nós, quem é o Asfixia Social? E qual a trajetória da banda até esse momento?


Asfixia Social - O Asfixia Social é uma banda de São Paulo que mistura várias influências da cultura de rua e da música brasileira com letras que escrevemos pra passar uma visão sobre a importância da luta social, do questionamento e do fortalecimento coletivo!



Submundo do Som - O som da banda é um caldeirão de influências, do ska punk ao Hip Hop passando por várias outras paradas, e como a banda define seu estilo, e musicalmente falando quais artistas vocês se inspiram?



Asfixia Social - A gente ouve muita música junto e cada membro da banda tem uma influência diferente um do outro. A gente sempre traz coisa nova pro caldeirão. Por toda essa liberdade sonora a gente definiu o som como "Da Rua pra Rua" e traz nas letras nosso objetivo principal que é discutir temas pertinentes pra vida do trabalhador, do cidadão, do jovem, pra ser um meio de informação, discussão, de debate... enfim, de motivação pra lutar por direitos e bater de frente contra as injustiças sociais.



Submundo do Som - Mano, e o álbum/livro Sistema de Soma - A Quebrada Constrói ganhou as ruas, como tá sendo a repercussão desse trampo?

Asfixia Social - A gente lançou inicialmente 7 singles, desde 2018, e fizemos vários shows no Brasil e Europa em 2019 pra lançar o formato Livro+CD. Nosso objetivo agora é distribuir o Livro-Disco amplamente pro público e pra molecada, além de lançar as outras 3 músicas do álbum em formato legendado: "Revelação", "Falsidade Ideológica" e "A Quebrada Constrói". Tivemos 40 shows cancelados em 2020, e frente à pandemia nosso objetivo é cooperar com a quarentena, lançar o material virtualmente e seguir trocando ideia com as pessoas para abrirem a mente sobre o atual governo e os projetos sujos que estão colocando em prática, até a situação ser realmente segura para um possível show e tomarmos as ruas.


 capa do livro/álbum Sistema de Som(a) - A Quebrada Constrói
Submundo do Som - E a ideia de lançar junto com o álbum o livro? Como que surgiu essa ideia?


Asfixia Social - A gente começou a gravar o disco em estúdio em 2016, e durante uma oficina em sala de aula à convite de uma professora, o projeto começou a itinerar por escolas públicas com várias oficinas e shows em que a própria molecada ajudou a gente principalmente a ilustrar o livro/disco. Foram 3 anos de gravações, oficinas, shows, ilustrações, e as 10 músicas trazem várias participações, uma construção coletiva mesmo, valorizando ainda mais a poesia e a mensagem nesse formato de livro + cd. É preciso ocupar os espaços, o vazio cultural e informar nosso povo. Levar pras escolas foi algo natural e totalmente necessário pra trocar ideia cara a cara com a molecada.



Submundo do Som - E como que foi a elaboração do conceito desse projeto? É um trabalho feito por várias mãos, quase todas faixas tem um feat, seja no vocal ou em algum instrumento, um álbum muito bem feito e diversificado, comenta um pouco como foram acontecendo as participações


Asfixia Social - As músicas realmente seguem uma ordem, musical e poética. A primeira emenda na segunda, a segunda na terceira, a nona na décima, a última na primeira. É um loop, e a intensidade cresce a cada som. E automaticamente foram surgindo as parcerias com gente de diversas praias como o Bocato, um cara que hoje tá mais no jazz e o Gabriel Rosati, que é um italiano da salsa. Eles são referências no trombone e no trompete e foi um enorme prazer quando eles curtiram as músicas e toparam gravar junto a metaleira, enriquecer os arranjos. Já o Petróleo é um cara que conhecemos de milianos do samba e da luta, o Peixoto é parceiraço do Tequilla Bomb e do ragga e dancehall alagoano, fez a tour de Cuba com a gente em 2015. O Rafael Franja conhecemos há muitos anos e o Beto Firmino é um amigo de longa data da MPB. Todas essas conexões foram enriquecendo o trabalho.

Daí desse groove o disco foi ficando pesado, e convidamos o DJ Tano e o Funk Buia, do Z'África Brasil, caras que praticamente acompanham a gente desde sempre dando um suporte. O Bux do Loucos d'la Mente, MC que é nosso irmão de correria, a Karen Santana, gente finíssima e baita talento na voz, e o El Cepe do La Invaxión, de Cuba, que é outro irmão. Isso foi se desenhando, e convidamos também o GOG depois de tocarmos juntos num festival e o Mao, depois de uma participação em que tive a honra de tocar junto ao Garotos Podres. Esses caras levaram o som ao lado mais extremo do disco e fechamos esse equilíbrio no álbum, do groove ao peso, uma mensagem contundente ao lado de gente que sempre lutou pela música com sua essência crítica.



Submundo do Som - O Asfixia Social faz muitos rolês, toca em diversos picos. Como vocês vêm a cena independente e autoral, tanto de público, artistas e casas de shows?

Asfixia Social - Tem muita gente que não conhece o som da gente, então é nossa missão levar os shows ao máximo de cidades, bairros, bares, praças. Apresentar nosso trabalho pras pessoas e pra quem é linha de frente na organização, pois sempre tem alguém fazendo um som consciente, independente em cada quebrada. Nossa missão é fazer essas conexões e levar uma música que fortaleça aquele ambiente, o espírito de luta, de celebração e união. 



Submundo do Som - Mano, falando do caos político desse país, essa ascensão fascista, como você vê a música no meio disso tudo?


Asfixia Social - Existe um vazio cultural, um plano de emburrecimento e confusão mental que vem sendo implantado pra que as pessoas desconheçam a história, deturpem a verdade, não confiem na ciência. A ignorância se torna a cada dia um obstáculo maior a ser vencido, e o fascismo joga com isso, aliado ao sentimento de medo das pessoas, das incertezas que eles mesmos estimulam. Eles financiam artistas fúteis, um entretenimento banal, financiam também o individualismo, a pobreza, o desemprego, o salário baixo, a violência, e a falta de noção das pessoas causa essa desconexão com a realidade, essa falta de percepção sobre a vida do próximo. A elite política e econômica tem um projeto de empobrecimento cultural e por isso eles odeiam os artistas que querem jogar um pouco de luz no meio dessa escuridão.


Nosso papel é fundamental em fazer música e falar da realidade, fazer contraponto à ignorância, expressar nossa opinião livremente, cantar por gente que como nós nunca tiveram voz, gritar os problemas da periferia e as coisas inaceitáveis que acontecem no nosso país. Estamos aqui pra dizer que só com a luta coletiva vamos garantir direitos, vamos avançar em diminuir os problemas sociais, vamos enfrentar as atrocidades cometidas pelo Estado e pela ganância de muitas grandes empresas. Esse caos político e os ataques à cultura são justamente pra calar a verdade, embaralhar as ideias, causar poeira pra ofuscar a visão, gerar desesperança nas pessoas, tentar calar a voz de gente que aponta os erros e os bandidos envolvidos em atos de corrupção. Eles estão roubando dinheiro público e não estão garantindo o acesso à escola pública e à saúde de qualidade pro filho do cidadão, que trabalha o dia todo e no fim do mês tá devendo. Só nos resta denunciar e lutar!



Submundo do Som - Indicações mano, o que você pode indicar de artistas, grupos e bandas pra galera que tá acompanhando esse bate papo?



Asfixia Social - Vou indicar 3 links.

O enredo da Mangueira em 2020, "A Verdade Vos Fará Livre":



A rima do Policeno em "Messias":

https://www.youtube.com/watch?v=DtOsLL-VEQg

E a entrevista o Vladimir Safatle pra Carta Capital:




Submundo do Som - Seguindo com as indicações, por favor, indica 1 livro, 1 filme, e 1 disco pras minas, monas e manos que estão ouvindo a gente.


Asfixia Social - 1 livro: MÍDIA - PROPAGANDA, POLÍTICA E MANIPULAÇÃO (leitura rápida, gratuita e online) DE NOAM CHOMSKY



1 disco: ENXUGANDO GÊLO, DE BNEGÃO E OS SELETORES DE FREQUÊNCIA - https://www.youtube.com /watch?v=TTDX3LtqVXE



Submundo do Som - Kaneda, sonhos mano? Quais os sonhos que o Asfixia Social ainda pretende realizar nessa caminhada dentro da música?


Asfixia Social - Nosso sonho é seguir evoluindo enquanto pessoas, músicos e ativistas.
Fazer um som cada vez mais engajado e que abra espaço para a reflexão.
Transformar nossas vidas e a do máximo de pessoas que conseguirmos.
Ter mais voz aqui no Brasil e Europa e levar adiante as lutas que cantamos!



Submundo do Som - E quais os projetos do Asfixia? O que vem de novidade?

Asfixia Social - Vamos lançar "Revelação", "A Quebrada Constrói" e "Falsidade Ideológica" no youtube.com/asfixiasocial nas próximas semanas, com participações de Funk Buia, Bocato, Gabriel Rosati e Bux Loucos d'la Mente. Estamos também em processo de composição pra lançar um single aqui no Brasil e na Europa, e isso vai ser bem massa!



Submundo do Som - Finalizando, que mensagem você deixa aí pra rapaziada?

Asfixia Social - Leiam os livros de Noam Chomsky, Paulo Freire e Darcy Ribeiro.
Substituam os canais de youtube por leituras desses caras.
Estimulem o pensamento crítico de amigos e familiares com dicas, com arte e livros.
Conheçam e incentivem o trabalho do MST na produção de orgânicos.
Acompanhem as lutas dos indígenas que vem sendo perseguidos,
das favelas que vem sendo massacradas, dos professores que defendem a educação pública. Ajudem como puderem (doe, informe, divulgue, faça barulho).



Submundo do Som - Pra quem quiser acompanhar o trabalho da banda, quais os canais de comunicação?



Asfixia Social





Obrigado família!

Muita força!


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