O Face da Morte é um dos grupos mais politizados e contundentes do rap nacional. Formado em Hortolândia, interior de São Paulo, no ano de 1995 pelos irmãos
Erlei e Ed Carlos, o Aliado G e o Mano Ed, e logo em seguida somou a dupla do
DJ Viola. O grupo apresenta uma discografia sólida e repleta de sucessos nesses 25 anos de caminhada em prol do desenvolvimento do Hip Hop e sendo sempre a voz do povo oprimido e de descontentamento com a classe política. Aqui desbravamos a discográfica desse icônico grupo, confira:
Além dos discos citados abaixo o FDM participou
de inúmeras coletâneas, sendo presença garantida em todas as principais
compilações do rap nacional dos anos 90 e 200, e inclusive participando da
coletânea do Programa Consciência Brasileira Apresenta Vol 1. – Interior, Mas
Não Inferior, da rádio Estrela FM, de Jaguariúna, com apresentação e
organização desse que vos escreve. Saiba mais aqui.
Em 1995 o Face da Morte lança seu primeiro álbum,
o disco Meu Respeito Eu Não Enrolo Numa Seda, lançado pela TNT Records em vinil e CD. O trabalho é
enxuto com seis faixas. No lado A, tem o grande destaque, a música “Quatro
Manos” que narra os acontecimentos na periferia tendo como pano principal a amizade
de quatro crias da favela. Seguindo tem uma biografia cantada do revolucionário
“Malcon X”, e uma faixa que pede a paz nos estádios, conversando diretamente
com as torcidas dos quatro times grandes de São Paulo, mas com recado para todo
o pais. No lado B, tem as faixas “Carruagem da Morte”, a faixa título, “Meu
Respeito Não Enrolo Numa Seda”, e por fim “Caso de Assassinato”. As músicas "Carruagem
da Morte" e "Quatro Manos", se revezaram por 60 dias em 1º lugar
nas paradas de sucesso do programa Mister
Rap, da Rede CBS, o que projetou o grupo no cenário do rap nacional e fez
o Face da Morte alcançar a marca de 15.000 cópias do álbum
vendidas só no ano de 1996.
A solidificação do grupo se concretizou em 1998
quando foi lançado o segundo álbum Quadrilha
da Morte, pela RDS Fonográfica. Esse trabalho veio com doze faixas, trazendo
regravações dos sucessos do disco anterior, as faixas “Meu Respeito”, “Carruagem
da Morte” e “Quatro Manos”,
essa última também disponível na versão instrumental. As músicas “A Carta” e “A
Vingança” ganharam versões dub, que eram muito comuns na época. E por falar em “A
Vingança”, essa é um dos maiores sucessos do FDM, que se manteve por 200
dias entre as 10 mais tocadas da rádio 105 FM, no programa Espaço Rap. O
sucesso nas FMs se traduziu em vendagem que ultrapassou a marca de 30.000
cópias.
O terceiro trabalho do grupo foi lançado no ano
seguinte, em 1999, intitulado O Crime
do Raciocínio, também pela RDS Fonográfica, que veio numa pegada
altamente crítica, abordando a mídia, política, polícia, e crise social em
geral, para esse álbum o Face da Morte teve uma preparação de meses de
pesquisas e estudos aprofundados em história e filosofia, tendo como QG o
campus da Unicamp (Campinas). O disco marca a participação do rapper GOG, na época
vivia em Hortolândia, fazendo parceria na faixa “Televisão”. Outro grande
sucesso é a canção "Tático Cinza", essa com a participação do grupo Realidade
Cruel, também do interior paulista. O grande sucesso, que arrebentou nas rádios
com programação dirigida ao rap, foi a música "Bomba H", sendo
integrada em diversas coletâneas de Hip Hop.
Em 2001, o Face da Morte lança o seu disco mais
conceitual, o Manifesto Popular Brasileiro, que a exemplo do disco anterior,
também teve um conclave de estudos na história brasileira, assim Mano Ed, DJ
Viola e Aliado G apresentam um dos discos mais politizados da história do rap
nacional. E já começa repetindo a dobradinha com o GOG, na introdução “Fazendo
Escola”, e na sequência “Julgamento”, mostrando o rap brasileiro como linha de
frente e dando cabo dos maus políticos. “Anos de Chumbo” narram os tempos sombrios
da ditadura no Brasil e as quatro últimas faixas compõem um calendário de datas
importantes de revolução e resistência, cada música abordando os meses de um
trimestre. A música “Churrasco” muda um pouco o clima, dando um tom de
camaradagem e união na periferia. Ainda há “Caipira” e a “Caravana”, músicas
mais reflexivas que abordam problemas sociais promovidos pelo capitalismo. O
grande sucesso é a música “Mudar o Mundo”, que se destaca pela poesia ímpar do
Face da Morte. Leia mais sobre o Manifesto Popular Brasileiro aqui.
Também no ano de 2001, uma fusão entre o Face da
Morte e o grupo Realidade Cruel, numa tática ainda pouco utilizada no rap
nacional, mas que num ato visionário resultou no projeto Face Cruel, onde lançaram
o álbum De Quem É a Culpa? Álbum considerado
por muitos como uma obra prima do nosso rap e se destacaram as faixas “O Dono
do Tempo” retratando a batalha de um pai que vê seu filho no mundo das drogas.
O disco traz uma parte 2 de “Tático Cinza” intitulada de “Coral Tático Cinza “Parte
2)”. O “O Mendigo e o Mundo” foi outra música marcante abordando a dura
realidade dos moradores de rua.
No ano 2002, o grupo lança o álbum Face da Morte
Ao Vivo, reunindo os grandes clássicos presente nos quatro últimos álbuns. Lançado
pela RDS Fonográfica e com distribuição da SKY Blue Music, com gravação disponível
em VHS. E para a performance ao vivo o FDM contou com uma banda formada por
Caio na guitarra, Feijão no teclado, bateria por Lucas, contrabaixo por Denis e
bongo pelo Caio e Adriana, que também canta junto com o Douglas do Realidade
Cruel e do GOG. As ilustrações do álbum foram feitas por Éder José S. Gil. E compuseram
esse disco as músicas: “Fazendo Escola”, “Televisão”, “A Vingança”, “4 Manos”, “Bomba
H”, “Caravana”, “Churrasco”, “Mudar o Mundo”, “Carruagem da Morte” e “Tático
Cinza”.
Em 2004 o FDM lança seu sexto trabalho em um
álbum duplo, o disco Feito no Brasil com vinte e três músicas, doze no CD 1 e
onze no CD 2, distribuído pela Radar Records. Teve como destaque as faixas
"Feito No Brasil" e "Mundo Livre" muito executadas nas
rádios raps. Além dessas o álbum apresenta a versatilidade do Face da Morte
mostrando músicas variadas como “Meu Brasil”, um rolê de norte a sul pelo país,
“Mulheres”, que faz ode a mulher brasileira, ou “Minha Vida” que narra a
história da família de Mano Ed e Aliado G. Ainda há o poema declamado em “O
Jogador na Igreja” e a melódica “Por Entre Os Anjos”, Renan Inquérito teve sua primeira
gravação aqui no álbum Feito no Brasil, o rapper de Nova Odessa participou da
faixa “União”.
E para comemorar a carreira do grupo, é lançado o
disco Face da Morte 12 Anos, em 2007, injetando novo folego na cena com músicas
como “Libertadores” em homenagem a grande pátria latino-americana, “Somos
Maioria”, celebrando a união da periferia, e “48 Horas”, essa uma continuação
da clássica “A Vingança”. Na música “Periferia É Foda”, que contou com guitarra
e baixo da banda Sangue Inocente, teve nova participação do Inquérito e do Léo
Ideia de Periferia, assim como do grupo Klandestinos, de Hortolândia. A pegada
orgânica, com banda, se repetiu nas faixas “Respeito É Bom”, “Cara Feia” e “Minha
Fala”. O Face da Morte também apresenta um samba, em “Samba de Bombeta”, fazendo
a celebração do gênero genuinamente brasileiro com o Hip Hop e para isso contou
com a participação de Carlinhos do Cavaco, quem fez a percussão, e de Samuel,
músico de Hortolândia, responsável pelas cordas e baixo.
Em 2008, Aliado G se lança candidato a prefeitura
de Hortolândia, pelo PCdoB, dois anos antes havia tentando para deputado
estadual, sendo o primeiro rapper a
disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, nas eleições seguintes o Hip Hop
tinham mais de 30 representantes em todo pais, e para a campanha de 2008 foi
lançado a música “1 de Nós”, que virou clipe com a participação de diversos
rappers, como Crônica Mendes, Edi Rock, DBS, Renan e Dexter.
Em 2015 o grupo lança a música “Maloqueiro”, com
participação do rapper Robin, do grupo Porta Voz, e veio para celebrar os 20
anos do grupo. O single utiliza do mesmo sample da faixa “Janeiro Fevereiro
Março”, presente no álbum Manifesto Popular Brasileiro.
Parabéns rapaziada excelente resenha!
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