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09.03 Dia do DJ - Uma Breve História do Profissional que Leva a Vida em Risco

Jeff Ferreira
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Dia 09 de março é considerado o Dia Internacional do DJ, data instituída em 2002 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) com o intuito de promover caridade, em que a arrecadação feita pelos DJ's nessa semana seria doada para intituições que fazem tratamento de pessoas doentes através da música, e intenção partiu da World DJ Fund da Nordoff Robbins Music Therapy.

O termo é a abreviação para Disc Jockey e foi utilizado primeiramente para designar os locutores de rádio que tocavam músicas de gramofone e depois em LPs, com a chegada da disco music os DJ's passam a ser ma figura constante nos bailes, tocando os sucessos dos programas de rádio. No dia 24 de dezembro de 1906 o engenheiro canadense Reinald Fessenden fez a primeira transmissão de rádio contendo música, e a escolhida foi "Largo" canção que compõe a opera Serse de Handel.

Em 1914 a nova iorquina Sybil True passa a comandar um programa de rádio com a execução de músicas, todas em vinil, com 18 horas de programação ela se revezava ao lado de seu esposo, Elman Meyers, e é considerada a primeira mulher DJ da história.

No ano de 1958, quando a TV ainda não era popular no Brasil, e estávamos na era de ouro do rádio, Oswaldo Pereira trabalhava em uma loja de discos e aparelhos de som, ia nas casas das pessoas fazer instalações de equipamentos, com conhecimentos de um curso de concerto de rádio e TV confeccionou um amplificador.

Construiu para si uma modesta aparelhagem de 100 watts, que para a ocasião se mostrou um potente equipamento. Os bailes aconteciam nos clubes e eram para pessoas de poder aquisitivo, contavam com bandas completas, as chamas Big Band, e também por orquestras. Oswaldo teve a ideia de dialogar nas casas de shows e negociar para usar o domingo para fazer eventos, já que nesse dia os locais ficavam vazios. Assim montou seu aparelho no local onde ficaria a banda, uma verdadeira orquestra invisível, como ficou conhecida sua mecânica de trabalho, e através de discos de vinil fazia o baile dançar com a mesma potência de uma Big Band, nascendo aí o primeiro DJ do Brasil.

Sua primeira domingueira foi edifício Martinelli, tradicional casa no coração de São Paulo, a ideia se popularizou, outras orquestras invisíveis apareceram e Oswaldo passou a ser convidado para fazer bailes em vários outros lugares de casamentos, aniversários e formaturas a festas rave.

Mini documentário Maestro Invisível - A História do Primeiro DJ (do Brasil)

As primeiras equipes de som eram formadas por cerca de quatro, que auxiliavam na montagem, desmontagem e transporte dos equipamentos, e levavam o nome do seu executor, por exemplo Equipe Oswaldo Pereira, anos depois que nasceram a Zimbabwe, Circuit Power, Kaskata's, Furacão 2000, Colors ou a Chic Show

Paralelo a isso, na Jamaica do final dos anos 40 e inicio dos anos 50 iniciou-se a cultura dos sound system, um conjunto de auto-falantes com um amplificador funcionando com válvulas e executando o R&B estadunidense, a ideia era fazer bailes nas periferias de Kingston, mas também haviam as competições entre sistemas de som, as Soundclashs, e nomes como Duke Reid e Clement Dodd começam a figurar como os maiores DJs do país, esse último sendo o mundialmente reconhecido DJ Coxsome.

Quando Clive Campbell deixou a Jamaica em 1967, juntou a cultura dos sound system com toca discos achados no lixo e introduziu o mixer e com dois vinis iguais consegue isolar o instrumental das músicas, o executando em loop e nesse momento os presentes nas chamadas block party, ou festas de apartamento, se sentiam mais energizados para dançar, fazendo ai  a junção do DJ com o breaking, e também com o MC que declamava versos falados e rimados nesse instante. A lendária festa foi organizada por Cindy Campbell, irmã de Clive, que passou a atender pela alcunha de Kool Herc, e marcou o nascimento do Hip Hop, sendo realizada em 11 de Agosto de 1973, na lendária Avenida Sedgwick.


Foto Divulgação (retirada di site de Kool Herc) - Grand Master Flash, Afrika Bambaataa e Kool Herc
Mas foi o DJ Afrika Bambaataa que introduziu o conceito de elementos, juntando o MC, o breaking, o graffiti e o DJ sob o guarda-chuva do Hip Hop, que passou a ser compreendido não como um movimento apenas, mas uma cultura. Grand Master Flash, outro DJ pioneiro, ajudou a divulgar o Hip Hop.

O Hip Hop chega no Brasil em 1984 através do breaking, e encontra com a cultura dos DJ's e bailes blacks introduzida pelo seu Oswaldo Pereira. Quando o rap começa a ganhar corpo os DJ's passam a ser uma das figuras mais importantes do grupo, os primeiros instrumentais eram feitos pelos mastros dos toca-discos, isolando o instrumento através da técnica do back2back, usando dois vinil com mesmas músicas. Os DJ's além de soltar a música e fazer o scratch, tinham a veia de produtores e pesquisadores, garimpavam discos e estudavam a forma de trabalhar com aquele LP.

Nos grupos de rap dos anos 90 era comum ter uma faixa dedicada ao DJ, onde ele fazia sua performance executando scratches e colagens. Os clássicos grupos de rap dos anos 2000 e anteriores eram tão conhecidos como os MC's, os fãs sabiam seu nome e conheciam seus rostos, mesmo numa época pré-internet.

Faixa Scratch's DJ Lah Ao Vivo, décima faixa do álbum Ao Vivo do grupo Conexão do Morro, do ano de 2002.

Hoje em dia o rap raramente tem um DJ, isso por que o termo em sua etimologia significa DJ + MC, mas por ironia o rap cresceu e muito e se afastou dos disc jockeys, seja por que os equipamentos, em outrora encontrados no lixo, encareceram demais, ou simplesmente por uma negligência com o Hip Hop em que uma geração descartou a figura do DJ, usando bases feitas em computadores sem que haja interação com os toca-discos.

Não é exagero dizer que sem os disc jockey a cultura que reúne os quatro elementos não teria existido. Os DJ's foram extremamente importante tanto para o nascimento como desenvolvimento do Hip Hop e aqui nosso máximo respeito a esses profissionais que infelizmente são cada vez mais desvalorizados.

Esse texto é em homenagem aos DJ's:

Uzi, do lendário grupo O Credo, participante da coletânea Hip Hop Cultura de Rua, o primeiro LP do gênero gravado no Brasil. Infelizmente foi assassinado entre o final dos anos 80 e começo dos 90 em um episódio sem maiores informações.

Primo, apelido de Alexandre Muzzillo Lopes que além de DJ foi produtor e nos deixou em 2008 vitima de uma parada cardíaca causada pela complicação de uma pneumonia.


Lah, maestro das pick-up's do grupo Conexão do Morro. Laércio de Souza Grimas foi morto, junto de mais seis pessoas, em uma chacina na periferia da Zona Sul de São Paulo, no ano de 2013.

Sonia Abreu, DJ que trabalhou na programação da rádio Excelsior, onde lançou a coletânea A Máquina do Som, famosa nos anos 1970. Faleceu em 2019, depois de lutar contra uma doença degenerativa.
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