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E Como Foi 2019 para a Velha Guarda do Rap Nacional?

Jeff Ferreira
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Hoje se der um Google rápido sobre o rap nacional de 2019 nomes como Makalister, MC Thaia, Yung Buda, Vix Russel, Murica, Ebony, Jaya Luuck, Jovem Dex, Cristal, Sidoka, Davzera, Meno Tody e Matuê, só para citar alguns, serão apresentados pelo buscador. Diversos sites de música, life style e cultura urbana vão listar e mostrar os trabalhos desses artistas devido ao seu mérito e pela forma de consumir rap, principalmente suas vertentes que ganharam destaque na decada de 2010.

Muitos canais e portais, principalmente aqueles que não têm preocupação com o Hip Hop, e são mais ligados no universo dos views e likes para sustentar o hype, listam esse nomesem seus destaques, e até aí tudo bem, já que esses artistas acenderam e roubaram a cena, mas há um apagamento de artistas da chamada old school, como se o trabalho de artistas que estão 30 ou 20 anos pavimentando a estrada do rap não tivesse mais importância nesse ano. Realmente 2019 foi um ano muito esquisito!  

A arvore do rap tem diversos galhos e muitos vêm colhendo seus frutos hoje em dia, há uma ramificação que num passado não tão distante foi o vanguarda da cena nacional, foi a velha guarda que recebeu nos peitos os tiros de do preconceito com o gênero musical no Brasil, foi essa escola que estruturou todo o movimento e fez crônicas cruas sobre as mazelas da periferias e crimes da elite, movimentaram a industria fonográfica criando selos e industrias e realizando festivais e eventos, resumindo: roeram o osso para que hoje muitos comam filé!

Nesse texto, aos 45 do segundo tempo, uma passagem rápida pelo ano de 2019 de grandes nomes da então velha guarda do nosso rap, mostrando que esses artistas estão na ativa e também são engrenagens importantes na movimentação do Hip Hop brasileiro.

A começar com o locutor do inferno, Eduardo Taddeo, que entrou em estúdio para gravar seu novo álbum, intitulado Necrotério dos Vivos, que apesar de estar em pré-venda o CD físico a obra ainda não ganhou as ruas, mas o rapper soltou duas faixas nas redes: "Senhor Candidato" e "Falando de Amor":

música "Falando de Amor", do Eduardo Taddeo

O Facção Central, ex-grupo do Edu, também teve um ano produtivo e lançaram um novo álbum, intitulado A Voz do Periférico o trabalho tem 18 faixas produzidas pelo DJ Pantera e traz participações de  nomes como Crônica Mendes, Conflito Crucial, Branco P9 e WGI.

"Colecionador de Lágrimas" Facção Central, música do álbum A Voz do Periférico

Por falar em WGI, uma das vozes do Consciência Humana, o MC lançou seu álbum solo Você é Capaz, com participações de Nego Jam, Zona de Risco, Bang Nova Ameaça Loko, Eduardo Taddeo e Reinaldo A286, o disco apresentam alguns remixes e um releitura da música "De Encontro com a Morte", do Facção Central.

 "De Encontro com a Morte" WGI faz releitura de Facção Central

O parceiro de Consciência Humana de WGI, o rapper Preto Aplick, também um ano agitado lançando diversos singles que prepparam para o lançamento do seu álbum Ghetto Eyez, que reune rappers da West Coast dos States, e dentre esses singles estão "De Toca", "União Og'z", "Casa Velha" e "Astronauta".


GOG, o poeta do rap nacional, e uma das grandes vozes do DF, um dos pioneiros do rap nacional foi simplesmente responsável por uma das melhores músicas de 2019, dedo na ferida e combatente como rap nasceu para ser, 21 anos depois "Matemática Na Prática parte 2", com participações de Fabio Brazza e Renán Inquérito. Geoge também somou com a banda Asfixia Social no Sistema de Soma, novo álbum dos manos do ABC, onde mostraram "A Cara do Inimigo" e junto do DJ Caique fez Coligações Expressivas (5) e lançou a inédita "Pais e Trilhos":

"Pais e Trilhos" som poeta GOG

O Inquérito comemorou em 2019 duas décadas de caminhada, e com isso realizaram o projeto Bumerangue, um olhar para os 20 anos de trajetória do grupo com releituras de canções numa visita a discografia de seis álbuns. O projeto teve 9 músicas e contou também com algumas de letras inéditas como "Fotossíntese (20 Anos Luz) que fechou brilhantemente o trabalho no último dia 20. 

música "Bumerangue 2.0" uma das releituras feitas pelo Inquérito

Outro nome da cena 019, o grupo Realidade Cruel, lançou o single "Podem Até Censurar", primeiro trabalho do grupo pela Baguá Records, o single prepara o grupo para o lançamento de um novo disco, o último do RC como o grupo prevê e para isso irão contar com algumas participações, como Hélião, que está confirmado.

Single "Podem Até Censurar", do Realidade Cruel

Hélião também se movimentou, assinou contrato com a OneRpm, onde pretende lançar seu disco solo (e talvez o lendário álbum em parceria com Ice Blue em fase de produção desde 20??). primeira música lançada dessa nova fase do rapper do RZO foi "Mano Hélio Acelera", um trap para cobrar respeito pelo Hip Hop.

Hélião em "Mano Hélio Acelera"

E por falar em RZO vale lembrar que em 2019 o grupo relançou seus álbuns Todos São Manos e Evolução É Uma Coisa, ambos em vinil, da mesma forma Xis e Z'Africa Brasil também apostaram nas bolachas, lançando Seja Como For e Antigamente Quilombos, Hoje Periferia respectivamente.
LP Vinil Evolução É Uma Coisa, do RZO

Thaide, o pioneiro, lançou alguns singles, um deles "Não Me Leva A Mal" junto com sua esposa Ana P., mas 2019 foi um ano que o rapper trabalhou para o cinema, primeiro com a música "Não Pague Pra Ver" que compõe a trilha sonora do filme Carcereiros, e atuou no longa O Homem Cordial, contracenando com Paulo Miklos, o projeto já estreou no Festival de Gramado e deve ganhar as salas de cinema em 2020. 

Thaide em "Não Pague Para Ver", tema do filme Carcereiros

O grupo 509-E, formado por Dexter e Afro-X, se reuniu para comemorar 20 anos em turnê por todo o Brasil, com isso lançaram uma coletânea reunindo sucessos dos dois álbuns da dupla Provérbios 13 e MMII-DC (2002 Depois de Cristo). Em suas carreiras paralelas, Dexter lançou, em parceria com Daniel Dhemes, a música "Tipo Suspeito" e Afro-X as músicas "Das Track Pro Rec" e "Mó Brisa (Acústico)".

Dexter e Daniel Dhemes em "Tipo Suspeito"

O rapper Mauricio DTS, Detentos do Rap, em seu projeto solo lançou o álbum Cidadão Kane, recheado de participações especiais como DJ Dri, DJ Caique, BIG da Godoy, Dennisville, Ylsão, JR RDG, Xama, DJ Cia, Kiko Latino, Spinardi, Lino Krizz, Adriano Roma e Reinaldo A286.

"Fake Remix", som de Mauricio DTS com participação de Ylsão

Em 2019 o A286 lançou o vídeo clipe da música "Seja Como For", lançada ano passado no álbum Sobre Paixões e Tragédias.

Video clipe de "Seja Como For", do A286

O grupo Função RHK não lançou álbum, mas foram 9 singles em 2019, o que praticamente dá um disco. entre as músicas lançadas: "De Frente Com Gabi", "Tô Envolvido", "Kid Mancada", "Barra Limpa", "É O que Acontece", "Provocante Trapfunk", "Pânico", "O Pai da Z/O" e "FUI".

"Kid Mancada", do Função RHK com participação de Cristhian Alves, Matraka e Guy

O MP do Expressão Ativa entrou em estúdio para gravar feat com Mano Mari Morô, trabalho que deve sair no inicio de 2020. E tivemos também o retorno de Pregador Luo, que após sair de um quadro de depressão voltou a lançar música deixando sua contribuição na cena de 2019 com a música "Girassol de Deus", e ao passo que se livra da doença passa projetar seu futuro no rap, com um ano promissor.

O retorno do Pregador Luo em "Girassol de Deus"

O Guind'Art 121 também veio com single, a música "Opala", que vem conversando com a estética do trap e o rapper e produtor Parteum, um dos maiores do país, lançou seu clássico single de primeiro de janeiro, a música "MMXIX" (2019), e ficamos no aguardo do seu lançamento de 2020.

Parteum deu boas vindas ao ano de 2019 com a música "MMXIX"

Alguns artistas da velha escola que são mais hypados como Edi Rock, que em 2019 saiu em turnê nacional com os Racionais, comemorando 30 anos do grupo, lançou o álbum Origens, a Negra Li ainda colhe frutos de seu disco lançado em 2018, mas esse ano atacou com o single "Brasilândia", além de participar do projeto "Poesia Acústica 7", onde disparada foi a melhor da cypher, e o MV Bill que também fez "Poesia Acústica 8" e o balado "Poetas no Topo 3.3", mas além disso o rapper da Cidade de Deus fez um tributo a "Tim Maia", na música homônima ao pai do funk no Brasil e lançou duas coletâneas, uma MV Bill Essencial, reunindo seus hits e outra com seus instrumentais clássicos.

Negra Li brinda sua quebrada em single "Brasilândia" 

Esse são alguns trabalhos lançados pela "velha guarda" do nosso rap, a fim de mostrar que esses caras estão na ativa e entregando obras incríveis, e que não existe só a nova geração, como os nomes citados no começo desse texto e como alguns veículos querem acreditar. Finalizo com versos do MV Bill em "Poetas no Topo 3.3" que diz bem sobre esse assunto:

"Deu pra entender ou tem que desenhar?
Não generalizo, falo de uma parte
Peso pena morto fala de combate
Admiro vários pelo bom trabalho
Miraram no topo e ignoraram atalho
Demonstrou respeito pela velha escola
Vou jogando junto, vão passando a bola
Sabotage fica feliz
Ou quem sabe o valor da raiz"
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2Comentários

  1. Pena que vcs só citaram grupos das antigas mídias como da 105 FM, época que se pagava pra tocar .mas quem realmente pavimenta o.rap.nacional sem.apoio da mídia do.rap são. Muitos entre eles phanton , xemalami, p2, uterço,X da questão, Dory de Oliveira, stafhany, PDD, AVANTE O COLETIVO VIXI TEM UMA PAR QUE NÃO FORAM CITADOS

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    1. Pena que você não aproveitou a matéria... Se liga no que tem e dê valor, o fato de não ter esses nomes NESSA MATÉRIA não apaga eles. Se você acompanhasse o site veria que todos o que você citou tem matéria no site: temos entrevistas com Dory de Oliveira e Xemalami, tem o álbumnovo do Xemalami resenhado faixa a faixa, tem texdo sobre o Pau de Dar em Doido (PDD), tem texto sobre o Panthon, sobre o X da Questão, sobre Uterço, efim, você só veio aqui para reclamar e não para somar!

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