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Coletânea Programa Consciência Brasileira apresenta Volume 2 - Retratos do Brasil

Jeff Ferreira
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A segunda edição da coletânea do atrativo da Rádio Estrela FM 94.5MHz está no ar! Programa Consciência Brasileira apresenta Volume 2 - Retratos do Brasil é uma ode ao underground e reúne nessa celebração artistas de norte a sul do país, do rap ao punk rock, do hardcore ao ragga, da MPB ao groove e reggae em 26 faixas com mais de trinta artistas envolvidos.

O álbum abre com a faixa "Salveee (Parte 2)", de Jeff Ferreira, com o peso do guitarrista Guilherme F. Wesolowski, que ajuda a cadenciar o beat da vinheta de abertura que serve como cartão de visitas para o restante do disco. Na segunda faixa, o poeta GOG, direto de Brasília com a música "Escrevo Demais", um dos sucessos do seu último trabalho, o álbum Munn-Rá High Tech:

"Banho de mangueira, manga na mangueira
Rua, minha rua, minha estação primeira
Jazz em mim, jaz em mim, tom Jasmim, Tom Jobim
Subiu dois Tiozin, pó de pirlimpimpim
Sem efeito em mim, sempre acreditei que sim
Seria um ser de paz, de luz, mesmo de capuz
Morando longe do centro, com gato “pa” ter água e luz
Só que a paz me reduz, a um ser desordeiro"

A terceira faixa é de Gustavo da Lua, que junto com seu companheiro de Nação Zumbi, Toca Ogan, participa com a música "Prato Vazio", mostrando a musicalidade pernambucana que mescla os tambores de maracatu, os riffs do rock e o canto falado do rap com a essência do manguebit:

"Vejo pessoas nas ruas desejando tempo
vejo crianças nas ruas pedindo ajuda
O prato é vazio
no tempo sangrando
os olhos são garfos
enganam o farto
sistema açucarado"

Na quarta música, a gauchada nervosa da banda Ultramen, que numa mistura de reggae, ragga e rock, e scratches, apresentam "Fala Por Ti", música que compõe o último disco da banda, o Tente Enxergar:

"Direta, indireta, e a caneta é reta
Cumpra sua promessa, dobre sua meta
Rima que estraga, a minha conserta
Ideia fechada, a minha aberta
Liberta o grave do auto falante
Memória está nos livros da estante
Seja gigante, execute o plano
Respeite as mina, as mona
Respeite os mano"

O punk rock do ABC paulista também marca presença, a lendária bada Garotos Podres, liderada pela camarada Mao, cedeu um clássico de 1988, do álbum Pior Que Antes, é a música "Subúrbio Operário":

"Nasceu num subúrbio operário,
de um país subdesenvolvido,
apenas parte da massa,
de uma sociedade falida,
submisso a leis injustas
que o fazem calar.
Manipulam seu pensamento
e o impedem de pensar
Solitário em meio a multidão
sufocado pela fumaça
rodeado pelo concreto
Perdido no meio da massa
apenas caminhando
no compasso de seus passos"

Na faixa de número seis, o rock provocante dos paranaenses da banda Médicos de Cuba, com riffs alucinados e melodias que marcam o grupo da um tapa na cara do fascismo na canção homônima "Médicos de Cuba":

"Você não é rico
Você é um pobre com carro bonito
Parabéns imbecis
Vocês puseram um idiota no poder
E agora se negam
A reconhecer o erro e aprender
Assistam como se faz, um jeito rápido e autêntico
Um poema pra drogar adolescentes"

Na sequência o ragga paulista de Laylah Arruda em canção que aborda a relação do ser humano com o meio ambiente em que vive e a negligência do mesmo para com isso, em "Humano Baldio", que ao mesmo tempo que convida para a reflexão traz uma música dançante:


"Morre cultura, monocultura
Girando o arado
Cabeça de gado
Pés e mãos atados
Por quem controla o preço do barril
Quando viu, nem viu
A lama veio e destruiu
Tsunami a montante
Como nunca se viu
Civil, correu, fugiu, partiu"

A música seguinte segue na pegada jamaicana, a banda Jaafa Reggae, originária de Castanhal no Pará, traz o "Cumrimbó Rasta", ressaltando a cultura do norte do país:


"A cadência do coração
os tambores ecoam
vem prover da canção
e o rugido do leão
uma só raiz, uma só nação"

"#vocemedanojo RMX Oitomão" é a faixa nove, e como o titulo revela é um remix, puxado para o reggae/dub, feito pelo DJ Mauro Oitomão, da música do rapper Siloque, com participação do grupo Synestesia, de Jaguariúna, que saiu do último trabalho do rapper de águas de Lindóia, o Guia Prático de Como Fazer Inimigos.


"Eles querem mais armas de fogo – Eles tem o QI negativo
O Brasil tá pedindo socorro, e “Aleluia, mais um convertido”.
Sangue vertendo pique cascata, esse é o jeito de amar nessa pátria
Vai sem respeito, aceita sucata, é o homem de bem é quem mata!
To fora dos psicopata, me querem assado a-la-Mussolini
Eles adoram ver assassinatos, leão do PROERD é mandante do crime
Sapos e patos passando vergonha total, caguei pra lição de moral
Deixa os menino tranquilo com o brown, deixa os graffiti correr nos mural"

Outra produção de Mauro Oitomão é a faixa "Sobre o Tempo 2.0", de Anderson Xavier, que mescla o rap e rock em mais uma dobradinha direto do interior paulista:


"Nada se, nada saberei
eu só sei que o tempo é rei
ele passa pra mim, pra vocês
ele comando o que vê
o torna refém 
o que não mata fortalece
eu aprendi com alguém"

O trovador brasiliense Marcelo Marcelino traz o rock clássico da música popular brasileira em "A Balada de Rosa e Montanha", música que traz uma hist´ria de amor a família entre pessoas marginalizadas pela nossa sociedade:


"Montanha é um anão de 1,40
um grande coração e alma muito nobre
o amor da sua vida é uma negra bonita
de 1,80 que se chama Rosa
e a Rosa um dia também foi um menino
que era menina de alma e coração
e a Rosa cresceu sem amor de família
seu pai ignorante só lhe dava humilhação"

João Bazilio se junta com o mineirinho bão Lindomar 3L para um rap brega, a faixa "Desilusão", que faz parte de seu EP Bebo, Choro e Rimo, e traz seu estilo único de versar misturando o Hip Hop com a música brega de vanguarda.


"Imigrante nordestino
eu sonhei desde menino
em conhecer esse mundão
viajante peregrino
achei que ia ser fácil, mas fácil nada é
sai com a coragem, com a cara e com a fé
pois é"

A banda do Guarujá, litoral paulista, Radiola Santo Rosa, também está presente com o seu característico rap underground em "Zoro", música que compôs o álbum Disqueria, construído através de samples de discos adquiridos em sebos por R$ 1,00.


"Radiola
Santa Rosa
então aperta o play
esse som é pra b.boy, MC e DJ
inspiração dos graffiteiros para fazer o traço
pras b.girl do Guarujá eu mando um abraço
sem estresse com 60 hertz
Tiquinho faz moinho como um crazy legs
rimas old school,meu rap é freestyle"

Outra banda com a essência underground (e alienígena) é o MOVNI (Música Orbital Viajante Não Identificada), que anunciou uma pausa na carreira, mas cederam a faixa "Siga o Coelho Branco", da spacetape que leva o mesmo nome:


"Na corte um monte de bobo dizem não ter opções
Já sei que essa balela vem do Dragão das Nações
Vem com os seus carrões, cheio de intenções
Colocando cadeados nessas reflexões
Eu sei, cercaram os meios de produção
Mas não significa que eu não tenho solução
A lei, normatizou aqueles figurões
Mas eles também temem as rebeldias das canções"

A música quinze é da banda Casa de Caba, de Manaus, com a faixa psicodélica "A Tabua", que mescla a cultura nortista com os riffs do rock n' roll:


"Eu tava na frente de casa
E um moleque me assoviou
Me dizendo que foi bater asa
Na morada do cantador
Encontrou uma casa de caba
No caminho ele se espantou
Foi tomar um atalho sonoro
E na rua onde eu moro
O moleque passou"

Mundo Livre S/A, banda pernambucana fundadora da movimentação do Manguebit, ao lado de Chico Science e Nação Zumbi, está presente na faixa punk "Batismo NukGruuv", música do álbum A Dança dos Não Famosos, um dos melhores de 2018.


"A esperança usa cassetete
Feito com madeira da elevação
A esperança veste capacete e dispara drops expiatórios de borracha (chá chá)
Jovem em situação de rico
O risco faz academia e planeja estuprar a mulher do vizinho
O risco assume a prefeitura e anda esperançoso com seus jatos d'água
Criança-Nazi-Esperança
Chuá, chuá, chuá"

O rapper potiguar Teagacê é um dos artistas em franca acensão na atual fase do Hip Hop, e também participa da coletânea com a canção "Eek the Cat" onde mostra seu talento lirico, ao mesmo tempo que passa a visão sobre sua cidade e infância:


"Gordo e engraçado como Eek the Cat
com mãe no kitnet, sonhava ser Billy the Kid
de black tie, 007 com uma .45 magnun
de fosforos, durex, Bic
desse lado da city nada abala os leks
estrela do time, a vida num taco de bets
e beats, solucionando puzzles de 8 bits
partindo a 10 de rolimã igual Need for Speed
pegando em armas de brinquedo e combatendo o crime
fumando folhas de tabaco como Wolverine"

A banta do ABC paulista Asfixia Social, que recentemente lançou o álbum A Quebrada, cedeu a faixa "Get Ready (O Começo)", presente nesse trabalho e que conta com participação da cantora e MC Karen Santana. Confira também o texto que o Submundo do Som fez do lançamento dessa música aqui.


"Feche teus olhos, tente não pensar
Vê se é possível não continuar
Ou tente dormir e parar de sonhar
Buscando o silêncio, encontre um trovão
Teu pensamento que grita!
Tua alma inquieta se agita!
Quem não pensa tá morto
Cansou? Pense bem!
Não perca sua chance de ir muito além
O tempo não pára, você tem que pensar!
Buscar uma verdade pra continuar!"

Os baianos de Ilhes do grupo OQuadro, com uma mistura de rap, rock, ritmos latinos e regionalidade de seu estado apresentam nesta coletânea a música "Gang", música de seu álbum Nêgo Roque, um dos mais geniais da música brasileira:


"Fala, fala, fala e tropeça na própria fala
Viaja na bosta rala, fazendo várias escalas
Língua de trapo tá pedindo pra eu queima-la
Lascar em banda e desovar na Guatemala
Conheço caras e vejo que eles nasceram pra’quilo
Outros vivem na pose e na fonte do vacilo
Mentira tem perna curta e revela o segredo
É tanta merda que rico me diz
Jeff, o que é aquilo?
Mais marra que atitude
Mais pose que negritude
Mais fala que concretude
Mais blefe do que gangueiro
Mais tipo que verdadeiro
Com a pose do mundo inteiro"

O rapper gaúcho Di MC estreia a música "Fora de Alcance" nesse projeto, canção que sucesso seu último trabalho, o disco Versos Pontiagudos e marca uma nova fase na carreira do poeta de Viamão.


"Eles querem te ferir
derrubar e conferir
quem se salva na selva, 
uma salva de palmas é o que merece
então vão ter que engolir
aturar e ver subir
a soma é inevitável
só cuidado onde ela vai cair"

Capim na Palheta, temo utilizado para quando alguma coisa deu ruim, e também para designar a banda de Manaus, que deu bom na coletânea com o rock clássico na faixa "Guarda Mirim":


"Meu filho você compreende
a necessidade de uma mente consciente
transparente
que te leve até o seu tão desejado baú?
meu filho preste atenção
você cresceu na indiferença
acorrentado a manipulação"

O hardcore antifa do Rio Grande Sul está presente com a banda Hempadura, e chegam junto com a música "Cidadão de Bem", de forma direta definem a parcela da sociedade que vomita seu ódio em cima das minorias em prol do desgoverno fascista:


"Cidadão de Bem tem
Cidadão de Bem tem
Cidadão de Bem tem
ódio, raiva
Cidadão de Bem tem
Cidadão de Bem tem
Cidadão de Bem tem
mente fraca
egoísta, misógino, fascista!
o muno é teu espelho
e eu vivo tacando pedra
estilhaços que cortam sua vista"

Seguindo tem o punk rock paulistano das Ratas Rabiosas que traz em suas letras a bandeira feminista e em "Não Desista" aborta a necessidade de se manter firme e de pé, fazendo resistência a imposições do sistema e dos atrasa-lado:


"Pra quem trabalha,
pra quem batalha, pra quem estuda
quem vai a luta
pra quem enfrenta e não se deita
para aquela que grita mulher não desista
Não desista, não desista, não desista"

Zumbira e os Palmares, banda do Rio Grande do Sul que mescla o reggae com rock, samba e MPB, e vêm com a música "A Moeda", que aborda a desigualdade social no Brasil e que originariamente compôs o álbum Rock Samba, da banda:


"O pobre verdadeiro esquece o seu orgulho
Junta a moeda e corre pra comprar o pão
Mas não sabe se compra o pão ou o bagulho
Um alimenta o corpo e o outro a ilusão
Faltou o jornal pra servir de coberta
Sobrou a calçada pra fazer colchão
Mas a noite é fria, longa e tão incerta
Engana a cabeça e cala o coração"

Na faixa 25, a penúltima do álbum, a banda Atropelo crossover vem com a mistura da contundência do punk com o peso do metal, numa paulada sonora da periferia de Sampa em "Mundo Cão", música do EP lançado em 2019, o Fundo do Poço:


"Humanos egoístas
tornando o mundo cão
tem sangue no asfalto
também tem sangue em minhas mãos
sentado no sofá
assistindo televisão
com todo o controle remoto
aperto o botão
eu tenho o rei na barriga não quero nem saber
se estiver na larica eu mato pra comer"

E fechando esse rolê pelo Brasil, o álbum retorna ao ponto de partida, o Interior de São Paulo, o que motivou o volume 1 da coletânea (confira aqui). O grupo de Mogi Guaçu/Mogi Mirim Primavera Nacional mostra o talento da região 019, e desabafa que "O Interior Tem Voz":
"Pé vermelho na porta
Guaçu, Mogi
Toco tambô
Sancofa senti
Os caipira incomoda
É vergel, e aê?
Vista minha pele
Veja o que eu vi
Desde um, nove, nove, sete
Até agora tamo aqui
Interior terror
Terror interior ai
Sem cota pra rua
Sobrevivi
Governo com golpe
Descorde, lute!
Acordo, penso na noite
De noite, penso no dia
No dia, penso nas hora
Oito horas de mais valia"

Confira a coletanea Programa Consciência Brasileira apresenta Vol 2 - Retratos do Brasil abaixo:

Clique aqui e conheça o volume 1 Programa Consciência Brasileira apresenta Interior, Mas Não Inferior!


Veja a coletânea no Spotify:




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