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Garotos Podre: "Jairzinho Mimadinho"

Jeff Ferreira
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No ano 1993 a banda Garotos Podres lançava seu terceiro álbum intitulado Canções Para Ninar, e uma música chamava a atenção: “Fernandinho Veadinho”, direcionado ao ex-presidente Fernando Collor. A expressão “veado” é utilizada para insinuar uma fragilidade homoafetiva, num preconceito quase que natural das décadas passadas e que em 2019 não tem espaço.

Mas deixamos por um instante de lado o termo pejorativo e homofóbico utilizado no titulo, e que se repete no decorrer da letra, interpretando-o como um sinônimo de “sem noção”, “mané”, “babaca”, “trouxa” ou qualquer coisa similar, pois a intenção da banda era ofender o ex-comandante da nação e não faltar com respeito com a comunidade LBGT+.

Collor de Melo havia renunciado a presidência da republica em dezembro de 1992, quando já estava afastado do cargo devido ao processo de impeachment. Sua popularidade era baixíssima, deixando o governo com apenas 9% de aprovação. Esse índice se deve a desastrosa forma de governar mesclada a mentiras que, contadas durante a campanha e não se sustentaram no exercício, ou contadas no exercício contradizendo falácias de campanha, e o mais famosos dos desastres foi o confisco da poupança, o qual o então candidato acusou veemente Lula, de que se eleito o faria.

Pois bem, voltando a letra do Garotos Podres, a banda punk quis provocar o politico lembrando de episódios de sua vida como “Mas quando ele cresceu / Resolveu tomar a linha! / Aprendendo karatê, / Pra bater nas menininhas!”, não evidências claras e históricas de Collor agredindo mulher, mas novamente a ideia é provocar usando-se de um personagem escroto, e que seus adeptos (da época) agiam dessa forma, desse modo sendo um provocativo para quem também se identifica com o “Caçador de Marajás”.

Das festas de embalo / Do baixo Leblon /As orgias em Brasília/Agora só passa a mão/Na poupança das velhinhas!”, nessas linhas o direcionamento a pessoa de Melo fica mais evidente, relacionando o estilo de vida do playboy com  o golpe que deu  ao confiscar a poupança da galera. Assim como no verso seguinte que diz: “Um cidadão respeitável ,/ Até se casou  / Com uma boneca inflável” lembrando da esposa do corrupto, um dos responsáveis por sua queda.
A letra ainda adverte “Esta é uma história fictícia”, e realmente é, porém é uma história sincera sobre um homem desonesto, o qual não gostou da fiel caricatura, chegando a ameaçar a banda, no melhor estilo mimado de ser. Em 2019 o cenário é bem parecido, temos um desastre na presidência que teve uma grande aceitação popular, e que já deu indícios de queda em impressionantes 23 dias de governo, tempo suficiente para realizar diversos estragos.
As semelhanças entre Collor e o “Coiso” não se resumem a isso, nem as mentiras, nem a arrogância e prepotência, mas em como a letra dos Garotos Podres: “Fernandinho Veadinho” expôs o lado bunda mole do chefe da nação, assim como o capitão, que na sua posse de durão, não passa de um crianção, já censurou o Setor Proibido com a música “Primavera Fascista”, isso antes de ser eleito, e fará de novo e pior, assim que não gostar de ser provocado em uma música.
A música dos Garotos Podres, apesar da advertência lá em cima, que gere inspirações para muitos outros garotos podres que seguem aí na resistência, que em breve possamos cantar numa roda punk (ou de reggae, ska, hip hop, samba ou MPB) o seguinte verso: “Jairzinho Mimadinho!”.
Abaixo a canção do Garotos Podres:

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