Comemorando a marca de 1 ano de
existência, o Programa Consciência Brasileira lança a coletânea “Programa
Consciência Brasileira apresenta: Interior, Mas Não Inferior – Vol 1”, álbum
que reúne grandes nomes da música autoral e independente do interior paulista,
e que abrilhantaram as transmissões do programa na Rádio Estrela FM.
O projeto foi idealizado por Jeff
Ferreira, locutor do programa, que assina a produção executiva junto com Mário
Ribeiro, e com acessória do MilGrauTape Studio. O disco reúne dezessete
artistas, em dezoito faixas, incluindo um introdução comandada pelo
apresentador.
A coletânea abre com a faixa
intro “Salveee”, a tradicional saudação do apresentador durante as transmissões
do Consciência Brasileira, e dá um breve resumo do que será do álbum. Com beat
elaborado pelo próprio Jeff Ferreira, em que a ideia é um clima de festa, um
Boogie Naipe, com samples de clássicos como RZO, Racionais, BNegão e Os
Seletrores de Frequência e Thaide.
A primeira música é “Bem Vindo
& O Rio” da icônica banda piracicabana Mazzaropi Contra O Crime, num estilo
genuíno de mesclar o rock rural com pegadas punks, e que fazem um contraste
entre agressividade da letra com temas do cotidiano caipira. A banda encerrou
suas atividades conjuntas, mas seu som sempre ecoou no programa e sua
participação é uma homenagem ao seu legado.
Seja bem vindo ao lugar onde peixe para
Seja bem vindo ao lugar onde peixe para
De respirar, de nadar, de crescer e de se multiplicar
Seja bem vindo ao lugar onde peixe para
Seja bem vindo ao lugar onde peixe para
De respirar, de nadar, de crescer e de se multiplicar
Na faixa três, o Mr. Dic, de
Campinas, traz um reggae envolvente e pesado com a música “Amotidados”, que
trás para o questionamento quem são os heróis e todo sofrimento dos africanos
que foram escravizados e arrastados para longe de seus lares. Está música, foi
lançada exclusivamente no Programa Consciência Brasileira!
Escaparam dos piratas no motim todo convés
Mas não puderam retornar a Africa
Hoje amotinados pelo seus legados de sangue
Nossa fé, nossa cor, nossa crença
Os fundamentalis não pensa
Eles temem o diferente
Seguindo temos Siloque, de Águas
de São Pedro/Jaguariúna, um dos grandes parceiros do Programa Consciência
Brasileira e do Submundo do Som, o rapper que dispensa apresentações cedeu um
de seus maiores clássicos para a coletânea, a música “Prata da Casa” que contou
com a voz belíssima de Laura Camarini. Esse som tocou na primeira vez que o
programa foi ao ar, em novembro de 2017.
Hoje eu não vim pra debater, eu vim pra combater
Não vim para bater na mesma tecla que você
Falar pucê que hoje eu não vim aqui pra me divertir
Vim te advertir!
Há de saber que furtar brisa, cê não vai conseguir
Quando cê for, cê me avisa, que eu vou ficar aqui!
A música cinco traz a poesia da
banda Laranja Oliva, da cidade de Limeiraem "Wei-Ji", uma música forte, autentica e
corajosa, desde letras, arranjos e variação, transmutando entre a suavidade da
nova MPB, passando pelo peso do rock até o swinge do groove em um hino sobre a
dualidade humana.
Como um Ghandi cheguevarizado
subo os Andes pra dormir munido
do meu oscilante lá e cá
ora contesto o perímetro do metrô
ora clamo luxo no barro seco
Na faixa seis, outra banda de
Limeira, a Cigana, vem com seu grande hit “Às Vezes Cansa”, num hibridismo
musical do rock alternativo com o experimental. Com destaque para a obra de arte
da voz de Victoria Groppo enquanto seus companheiros de banda quebram tudo numa
verdadeira viagem sonora.
Realidade dissonante
No seu copo o escape
Nós não queremos saber
A estrutura arrebenta
Na cidade que atormenta
Nosso corpo não aguenta
Sangue escorre e esquenta
Na próxima faixa os manos do
Synestesia apresentam à inédita “Tabela Sem Aros”, o grupo de Jaguariúna, que
também é parceiro do Programa Consciência Brasileira e do Submundo do Som.
Nessa canção o grupo formado por Leozera, Beiço e Anauê abordam a cena da
música alternativa e independente no interior de São Paulo. A música foi
lançada no programa e trabalhada pelo grupo justamente para integrar a coletânea.
Não dá pra negar que ansiedade cerca
Mas não posso me apegar a tranquilidade
Mas o bem e o mal farão as passes
Tensão não fará mais parte. Não.
No dia a dia obscuro, das noites em claro
Sorriso sincero de fato vale muito mais que ouro
E será cada vez mais raro
A música oito traz outro talento
de Limeira, a banda La Família 019, conhecida em todo território brasileiro por
fazer covers do eterno Charlie Brown Jr, devido aos inúmeros programas de TV
que os manos participaram. Porém a banda também tem um projeto autoral, e para
a coletânea do Programa Consciência Brasileira, apresentaram o som “Linha de
Frente”, onde o grupo pode mostrar seu trampo próprio.
Qualé que é Zé?
Não tenho carro eu vou a pé
A pé eu não chego lá, eu vou pegar o busão
O busão tá lotado, ta ficando bolado
Bolado é pouco, tá saindo pelo ladrão
Ladrão!
Eu sou trabalhador!
Ladrão!
O grupo De Buenos Crew, um dos
maiores nomes do rap na região de Piracicaba, cidade de onde se originam, chega
com o novíssimo som “Deixa a Noite Cair”, lançado exclusivamente no Programa
Consciência Brasileira, em 2018. A canção trata-se de um rap com influências de
jazz enquanto a letra suavizada fala sobre as nuances da noite e a celebração
entre os nosso. Vale destacar que a produção ficou a encargo do cabuloso Léo
Machion, o monstro dos beats.
Deixa a noite cair
Pr'eu pode me divertir
E se amanhã não ligar não
Venha me procurar
Na minha cabeça meus problemas focando igual tsunami
Um beat class de um velho jazz
Pra gente a sós entrar em transe
Mil planos mirabolantes
De Campinas vem os caras da banda
Cidadão José, com a animada track “Nossa Rotina”, mostrando o rock n’ roll na
veia, com inspiração dos anos 90, do hardcore, grunge, new metal rap e reggae e
a abordagem questionadora sobre o cotidiano, o amor e aquela fé. Um som skate
rock, música que eleva a autoestima e tem aquela essência nostálgica dos tempos
áureos do rock nacional.
Acordar cedo para enfrentar
Dificuldades nessa rotina e coisas pra aturar
Buscar o sonho e sem se iludir
Vou com raça na humildade
Eu, sim, estou aqui
O Bang Loko Sound é outra pedrada
que vem da cidade de Campinas, a banda é de rock, com atitude HC e dois vocais
que amam passear pelo rap, além disso a banda utiliza-se de mesclas com regge,
ska e muita brasilidade nas canções. Na coletânea os manos somaram com o som
“1.5.7.”, que fala sobre correr atrás e manter a fé, que a vida não é só de
tombos, uma hora haverá a ascensão também.
Mas quem sabe faz a hora, e agora é a minha vez
O que é meu eu vou buscar, quero ver me segurar
A vida tá foda e pra minha não é diferente
o impossível é uma barreira que na mente fraca ta presente
Não quero atrasar seu lado, até adianto quando posso
Eu não estou errado, só luto pelo que eu gosto
Na faixa 12, o som da banda
Freddy Groovers da cidade de Amparo, a banda traz o groove no nome e na cabeça
e muito suingue nos bailes, sempre com canções inspiradas, para a coletânea do
Programa Consciência Brasileira, o grupo escolheu uma faixa que resgata a
memória dos verdadeiros heróis mundiais, conectando o ouvinte as suas raízes e
sentimento de luta, num legitimo “Contato Imediato”.
Contato imediato com a nossa história
Não deixe os heróis perdidos na na sua memória
Black Panther, Black Power, James Brown
Cuidado, rolou pro jogo, mas eu tô na moral
Sapata, Lampião, Sandino e Zumbi
Mandela, Zulu Nation e Guarani
O Povo que não conhece sua raiz
Os mesmos erros está fadado a repetir
Prosseguindo tem os manos do Vigarioz
Crod Alien, com o som “Beat Lunar”, a banda é de limeira, e traz uma canção
forte com aquela atmosfera cinematográfica que abduz para outra dimensão. Os
malucos são adeptos do experimental, misturando a modernidade dos beats
eletrônicos com o velho rock n roll.
Eu sempre grito alto quando a lua nasce
Mas desmonto em ilusões quando eu vejo a sua face
Então tome o tempo que for pra entender
Que fugindo dessa vida - não - não vai saber
Sobre todo aquele estrago que um dia foi causado
Todos os caminhos de um universo desvendado
Com cauda de peixe e olho de felino
O trem está chegando, logo estou partindo
A faixa 14 é o hardcore da banda
Tessalonica, no protesto contra as “Autoridades Sensacionais” que temos. A
banda é de Araraquara é segue uma linha de canções de impacto e diretas, sem
massagem, no melhor estilho HC e metal core e somam nessa coletânea como a
porrada sonora do disco.
Autoridades mentirosas
Governantes estrategistas
Nova ordem mundial
Não faço parte, não sou fascista
Países reunidos em um plano de ação
Partidos políticos manipulam a nação
Formando uma guerra, formando generais
Impondo novas regras em planos reais
Trazendo a desgraça como plano de ação
Gerando a miséria
Roubando a nação
De Campinas vem o som “Base”, da
banda Gambiarre, outro vocal feminino, da talentosíssima Júlia Moretzsohn, e
vem no melhor estilo do rock alternativo em uma track sobre o próprio estilo. A
banda eleva o nível da coletânea com a levada da música, que põem peso nos
instrumentos, numa faixa pra cima, descontraída e reflexiva.
Vamos embora pra outro carnaval, vem de carona nessa minha conversa
Pegue atalho no som das minhas palavras, sua base já não tem mais vez
Te enveneno, faço tua cabeça, tento te convencer
Aquela mesma antiga história que recusamos entender
O grupo Klandestinos é uma das
vozes de Hortolândia e representa o original rap nacional, com a essência dos
anos 90, no conceito de rap que todo uma geração cresceu ouvindo. Para a
coletânea do Programa Consciência Brasileira, o grupo chegou com o som “Os
Sonhos Não Envelhecem”, que também dá titulo ao disco do grupo, uma canção de
agradecimento e mensagem positiva para os ouvintes.
O tempo passa, e a gente nem percebe
A essa altura os primeiros cabelos brancos já aparecem
Obrigado Deus, por me permitir chegar até aqui
Conheço bem os limites e sei o que é persistir
Por que os sonhos não envelhecem
E na luta cotidiana os anjos me protegem
Nas trincheiras regendo a canção que me emociona
Os sonhos não envelhecem
Jesus te ama
Comprovando que o rock não
morreu, a banda SOS, de Piracicaba, chega com a faixa “Contradições”, com toda
aquela vibe oitentista, da era de ouro do rock n’ roll nacional, mas também com
a modernidade dos timbres e produção em uma bela canção que aborda sobre os
contrastes do cotidiano.
Ando pra frente, olho pra trás
Todas essas contradições
Acumulo tudo e menos é mais
Todas essas contradições
O eterno se desfaz
Justiça injusta
Não aguento mais
Todas essas contradições
Fechando a coletânea temos o
lendário grupo Face da Morte, que somaram nesse projeto com a música “Feito no
Brasil”, um grande clássico do rap nacional, e que também dá nome ao disco
duplo do grupo lançado em 2004. Na época formado por Aliado G, Mano Ed e DJ
Viola o grupo sempre se mostrou um dos mais contundentes e correntes do cenário
do Hip Hop Brasileiro. A música em si traz a formação original e teve sua letra
composta pelo sangue bom Mano Ed, e aborda sobre o consumismo que dá prioridade
a produtos e músicas feitas no estrangeiro, negligenciando as pratas da casa.
Derramando sangue nessa guerra pela vida
aqui é o manifesto que vem da periferia
Acreditando nas flores derrubando o canhão
Face da morte e pessimismo não combinam
Mas também se pá já ate ouviu falar em Hortolândia
Pois lá fabricou a bomba "H" alta tecnologia "A"
A coletânea do Programa
Consciência Brasileira apresenta: Interior, Mas Não Inferior, é uma viagem pelo interior
paulista, pela região 019, com a missão de dar voz para aqueles que dão a alma
em seus trabalhos, reunir um time de peso em um único disco é mostrar para
todos que o interior tem voz, como diria o grupo Primavera Nacional, que
infelizmente não está nesse projeto por um pequeno descuido do tempo, ou da
falta dele, já que conheci o trampo dos caras depois que a coletânea estava
fechada. Porém nada impede que o grupo esteja conosco no volume 2, mas esse
exemplo é legal para mostrar como vários grupos extraordinários de nosso
interior ficaram de fora, pois sua mensagem por mais da hora que seja ainda não
chega a todos os ouvidos. E essa é a missão do Programa Consciência Brasileira,
levar música, diversão e informação!
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