No ano de 2018 as produções da música nacional seguiram a todo vapor, a exemplo do que foi no ano de 2017. Do rap ao rock, passando pelo reggae, samba e MPB, com muito experimentalismo e coragem de arriscar esse ano trouxe grandes álbuns para a nossa galeria musical.
Final do ano é o momento dos
portais especializados em música divulgarem suas listas de melhores do ano.
Aqui no Submundo do Som vamos apresentar nossa lista também, porém sem a
pretensão de ranquear, classificar álbuns em posições, nada disso, vamos
apresentar uma lista de 50 indicações, 50 discos lançados em 2018 que
recomendamos, de grandes e consagrados artistas ao underground, do popular ao peculiar, sem mais delongas confere aí:
Essa lista cai mais para o
underground, lembramo-nos dos discos esquecidos, enquanto os relacionamos ao
lado de obras de grande notificação das mídias. Não é a lista dos melhores do
ano, até por que não ouvimos todos os lançamentos de 2018, mas é a lista que
faz um amante de música, principalmente underground, se sentir feliz!
O ano de 2018 começo com uma
ótima surpresa, logo no primeiro dia o grupo Synestesia nos presenteava com o EP V.I.D.A., acrônimo para Viagem Instável, Doce e Amarga, os manos de
Jaguariúna colocaram na rua um tampo fino e com a alma do underground, projeto
gravado e mixado no MilGrauTape Studio, o QG de Anauê, Beiço e Leozera. (Clique aqui para ver o review do disco).Inquérito
e pesado é pleonasmo, já me disse o Renan, mas esse álbum Tungstênio veio com várias toneladas,
as faixas inicias com guitarra e baixo orgânico dão uma cara rock n’roll, que
em seguida assume um lado melódico, principalmente pelos feats como de Zeca
Baleiro, Tulipa Ruiz e Mato Seco. (Clique aqui para ver a resenha do álbum).
Barba Negra & Sala 70 também lançaram um trampo original, desde
a estética, nome e conteúdo, o álbum Opera
Pirata (O Mistério de um Loop Velho) é um prato jeito pra em curte a
simplicidade do rap, mas não abre mão da qualidade sonora. O Gangrena Gasosa sete anos depois está
novamente na pista com o disco Gente
Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta, o primeiro com o vocalista
Eder Santana, e segue na pegada do saravá metal, estilo criado pela banda.
Já Anelis Assumpção veio com o disco Taurina, mistura de samba, MPB e R&B, musicando sentimentos e
empoderando o feminino num paralelo entre a sexualidade e fragilidade. Karol Conka apresenta seu segundo
álbum, o disco Ambulante, e se firma
cada vez mais como um dos principais grandes nomes do hip hop brasileiro, sua
veia pop e letras sobre o cotidiano são apresentadas num caldeirão de
influências que transborda no disco.
Esse foi um ano de destaque para Marcelo D2, o rapper reforçou seu
protagonismo na luta contra o fascista e estreou dois filmes, o “Legalize Já –
A Amizade Nunca Morre” que contou sua história e de seu amigo Skunk no começo
do Planet Hemp. E o filme “Amar é Para
os Fortes” que roteirizou a parada e deu origem ao álbum homônimo, trilha
sonora do filme, com destaque para “Febre do Rato” e “Resistência Cultural”.
Outro que teve um grande ano foi o rapper Siloque,
primeiro com o aclamado Guia Prático de Como
Fazer Inimigos, lançado aqui pelo Submundo do Som, na sequência o vídeo
clipe da música “No Passinho do Imbecil” sucesso de audiência, e antes que ano
acabasse, juntou um time de beatmakers e colocou na rua o “Guia Prático de Como
Fazer Remixes”, um álbum remixado e desconstruído do seu terceiro disco com
novas roupagens para suas músicas.(Clique aqui para ver a resenha do disco)
Do Rio Grande do Sul teve os Versos Pontiagudos de Di MC Kranio Loko com letras engajadas
e rimas acidas, como sugere o titulo (clique aqui para ler o review). A banda Vigarioz Crod Alien, de Limeira,
interior paulista, lançou o trabalho Carta
ao Velho Pássaro, que mescla o experimentalismo, principalmente com beats e
o rock alternativo. A Sé, ou o Sé, artista de rua e rapper lançou um
dos discos mais pesados, originais e pé no peito, o álbum Universo em Crise que narra sua vivência nas ruas de um pais
racista e homofobico (clique aqui para ler o review). De Indaiatuba Anderson Xavier trás à tona os Segredos de Estado, em seu álbum de
estreia em carreira solo.
Elza Soares veio provocativa logo no titulo de Deus é Mulher, dando continuidade a um novo universo de sua
carreira a cantora carioca, de 81 anos, aborda politica, religiosidade, violência,
e os nuances do feminino, variando entre a MPB e o samba, o disco tem uma boa
dose de rock e se destacam as faixas “Hienas na TV” e “Exu Nas Escolas”. A
banda do interior paulista, Laranja
Oliva, apresentou um dos melhores discos do ano, com um projeto de
sustentabilidade o álbum Carta a Terra
aborda a importância de vivermos em concordância com o meio ambiente.
Brisa Flow trouxe um trabalho moderno para o rap com o álbum
Selvagem como o Vento, com menos peso de bumbo e caixa e se aproximando mais na
nova MPB, porém sem ser bunda mole num belo disco com melodias incríveis. Negra Li também soltou a voz em 2018,
com o disco Raízes, certeiros nas
participações o álbum vai para o pop, porém com a maloqueiragem dos tempos de
RZO e como o titulo sugere, a cantora aborda sua ancestralidade e militância no
movimento negro.
A banda Cólera retomou aos lançamentos em estúdio, depois de 12 anos, com o
álbum Acorde! Acorde! Acorde!, o
primeiro sem o Redson, falecido em 2011, e trabalho do grupo não foi fácil,
acabaram as músicas deixadas pelo vocalista e repensaram arranjos, e se saíram
bem, fizeram um grande disco, incluindo a “opera-punk” e versões demos do
Redson. 38 Mil Manos também
apresentou novo trampo em 2018, com o disco Genesis 4.12, numa
viagem de volta aos anos 90, levando em consideração o papo contundente e de
visão pra molecada. Outra viagem no tempo é o disco do Matéria Prima & Dário, que no próprio nome do disco, Bem Boombap, entregam o que vem a ser
esse projeto, em evidente ascensão do trap, eles voltam com uma sonoridade
semelhante a do bom do rap underground e lírico de meados dos anos 2000.
De Natal, no Rio Grande do Norte,
o rapper Teagacê soltou não um, mas
dois discos, ou EPs, chamem como preferirem. Black Album saiu primeiro, e mostra uma evolução na trajetória do
rapper, tanto de escritas como técnica, e em #OkêArô, (clique aqui para ver a resenha) um disco conceitual e de
agradecimento, essa evolução é ainda mais nítida, e sem exageros o MC é dos
mais elevados poetas do rap BR, e breve vamos ouvir falar bastante dele (anote
aí). Slim Rimografia foi outro mano que 2018 ficou pequeno para o tamanho de
sua genialidade, também soltou na pista dois álbuns, o #SinGo e Mr Dinamite,
enquanto que o primeiro trabalho cai para o trap e grime, com peso dos
eletrônicos, no segundo assume o alterego que dá título ao disco e aposta no
flow, passando pelo ragga, e pelos estilos costeiros dos EUA.
Após completar 01 ano no ar o
Programa Consciência Brasileira, da Rádio Estrela FM (94.5), lançou uma
coletânea juntamos nomes da música da cena 019, o álbum Programa Consciência Brasileira apresenta: Interior, Mas Não Inferior
–vol 1, juntou o punk rock, hardcore, psicodelia, reggae, groove e rap com
dezessete artistas: Mazzaropi Contra o Crime, Mr Dic, Siloque, Laranja Oliva,
Cigana, Synestesia, De Buenas Crew, Freddy Groovers, Bang Loko Sound,
Klandestinos, SOS, Gambiarre, Tessalonica, Vigarioz Crod Alien, La Família 019,
Cidadão José, e os veteranos do Face da Morte. (Clique aqui para ver o review)
2018, como qualquer outro ano,
teve os discos do hype, aqueles aguardados ansiosamente, e verdade seja dita,
liderando essa expectativa o mundo do rap só fala em dois discos os grandes
projetos de Djonga com O Menino Que Queria Ser Deus, e o
infalível BK com Gigantes, ambos os discos sucedem obras
aclamadas e passaram no “teste do segundo disco”. Outro que colocou na rua um
segundo disco foi o baiano Baco Exu do
Blues, com o Blvsman, numa obra
conceitual que trata sobre a saúde mental. Um projeto que superou as
expectativas foi o do ADL (Além da
Loucura) com o álbum Da Favela Pro
Mundo, trazendo a modernidade de timbres com elementos do trap e narrando a
vida nas comunidades.
Os sergipanos da banda The Baggios apresentaram seu quarto disco Vulcão que mescla afrobeat com ritmos orientais e psicodelia com
ritmos regionais de Sergipe, e ainda trouxe as participações de Céu e Russo
Passapusso, do Baiana System. A banda
gaúcha Ultramen retoma as atividade
e lança o disco Tente Enchergar, que
segue na mistura do rock e ragga, e tem um tom mais leve e humorado, falando
sobre a vida, anseios e até atacando a indústria farmacêutica. Carne Doce mostra sua evolução no rock e no experimentalismo através do aclamado disco Tônus, que firma cada vez mais a banda como uma gigante do cenário musical, e destaque para o projeto gráfico da capa do álbum que ficou incrível.
17 anos de espera por parte dos
fãs e o mestre KL Jay põe na rua a
sequência do clássico de 2001, em sua nova obra prima, o Kl Jay Na Batida Vol II – No Quarto Sozinho, com a mesma vibe do
vol III, o projeto mescla gerações de artistas bum único disco, com a destaque
para a track “Tudo Por Você Também”, uma continuação da faixa que leva o mesmo
nome no trabalho anterior, versada por Xis.
Paulinho Moska lançou o álbum Beleza
e Medo que marca uma nova fase mais voltada ao pop rock, mas com a verve de
protesto que sempre o acompanhou. Quebrada
Groove Convida é um projeto do DJ e Produtor Jonathas Noh que reuniu
artistas independentes em apresentações livre e ao vivo, nessa coletânea vol 1,
participaram Kadesh, SJ, Gegê, Opanijé, Fino Du Rap, Tatu DuBem, Negrifero,
Eliabe, Luiz Preto, Mis Ivy, Jah Dartanhan, Sistah Mari e Americano
FiduHenrique trazendo groove para artistas do rap.
Algumas ótimas surpresas foram os
álbuns da Drik Barbosa, o Espelho (clique aqui para ver a
resenha), lançado pela Lab Fantasma e canções lindas, o álbum do rapper FBC, o aclamado SCA, e o disco Versos
Oníricos do Ontem, paulada do rap nacional, do capixaba Rafael Warlock. Esses trabalhos citados
como surpresa pelo fato de virem para agradar, mas quem já acompanhava esses
nomes não se surpreendeu com a qualidade dos discos.
Rashid lançou vários singles, principalmente em 2017, numa
estratégia de lançamento inovadora, quando o álbum Crise saiu, seus fãs já conheciam as músicas, é claro que teve
novidades também, o álbum faz um panorama da vida, os altos e baixos,
incertezas, confiança e conquistas. Os pernambucanos da banda Eddie, em atividade desde 1989, somam
na lista com o disco Mundo Engano, o
oitavo da discografia dos caras, e traz como temas o carnaval de rua, a
poluição nos oceanos, a violência e perdas. Raphão Alaafin também apresentou um projeto excepcional, o álbum A Gosto, dez anos depois do seu primeiro
disco, e veio pra mostrar toda sua evolução e experiência acumulada nessa
caminhada.
O Poder Bélico da Favela colocou rua seu segundo trabalho o álbum Sinal de Paz, resgatando a era de ouro
do rap nacional, mas sem parar no tempo, o álbum é rap de mensagem trás
participações de grandes nomes numa verdadeira celebração do hip hop nacional. Lucas D’Ogum traz um disco inspirado no
banzo, ou seja, no estado mental e espiritual melancólico, ode traduz a sua
vivência em músicas que compõem o álbum Do
Banzo ao Ogum.
Outra pedrada de natal é o som do
Cargo Chefe, que vem imprimindo se
nome no seio do rap potiguar, e com a mixtape Extremamente Calmo mostra a originalidade de composições e som. Os
manos da banda Braza lançaram o EP Liquidificador, e que como o nome
sugere, segue na pegada dos trabalhos anteriores, desde o termino do For Fun, onde
os remanescentes se entregaram num projeto de mistura de reggae, rock, ska,
groove, dub e rap.
Gigante no Mic lançou sua mixtape, projeto solo, com 25 sons, o
álbum Eu e Minha Habitual Falta de
Moderação, é um daqueles trabalhos que elevam o nível, com rimas fora da
caixa e o abuso de técnica, Gigante apresenta um disco muito consciente. Arnaldo Antunes uniu o samba e o rock
em seu novo disco RSTUVXZ, além de
experimentar outros estilos como soul e reggae, esse projeto traz uma parceria
com o igualmente ex-Titã Paulo Miklos, o álbum é bagunça musical, no bom
sentido, e se encerra com música de ninar para organizar a casa.
Os goianos do Atentado Napalm somam com o EP Explosivo, um álbum mais enxuto que
seus antecessores, porém tão marcante quanto, e trazendo pra dentro do disco
grandes nomes do rap nacional e letras afiadas e contundentes. Os veteranos do Realidade Cruel lançaram o álbum A Voz Que Não Se Cala e seguem com o
estilo gangsta mostrando que em 2018 os temas são os menos dos anos 90/2000,
que os motivos para lutar e protestar ainda são os mesmos.
Mundo Livre S/A retomou com um trabalho de estúdio (e de inéditas!)
depois do DVD Manguebit Ao Vivo, e já chegou com hits do underground como “A
Maldição (Das Paginas Que Não Viram”, “Tóxico” e “Meu Nome Está No Topo Da
Sagrada Planilha”. A criatividade no álbum A
Dança dos Não Famosos vai além das letras e do título, a capa desse projeto
traz o estudante Matheus Ferreira da Silva sendo agredido na cabeça por um
cacete policial em uma critica social que extrapola os limites da música. E por
falar nisso Diomedes Chinaski
colocou na rua a mixtape Comunista Rico,
com um interessante vídeo clipe para a música título, o álbum divide
opiniões, isso se deve a modernidade
apostada pelo Aprendiz, mas que captura a fase atual do rap no Brasil.
Confira também a playlist que o Submundo do Som Preparou reunindo música desses 50 álbuns, se liga:
Postar um comentário
0Comentários