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A Radiola da Nação Zumbi

Jeff Ferreira
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Em dezembro de 2017 a Nação Zumbi lança um novo disco, porém diferente pois trata-se de um álbum de releituras da música brasileira e internacional, intitulado Radiola NZ vol 1., que segundo Jorge Du Peixe é a continuação de um costume de adolescência que constituía em criar "seletas" ou seja selecionar  o melhor da música em fitas K7 para permitir a si e aos amigos uma viagem música que ia desde o funk de James Brown ao afrobeat da Nigéria do multinstrumentista Fela Kuti.

A Nação Zumbi, um dos ícones da musica nacional,  com muita brasilidade no som, se permitiu ainda mais interpretando outros artistas nesse projeto Radiola NZ buscando canções que lhes traziam boas lembranças, nesse que é um sonho da banda desde antes do disco Rádio S.Amb.A., de 2000. Parte da Nação participa do projeto Los Sebozos Postizos, conjunto que interpreta músicas de Jorge Bem, além da Nação firmar uma parceria com Ney Matogrosso para o Rock In rio 2017, fatos que mostram como a banda têm conhecimento e experiência para equilibrar o respeito e a inovação em obras de terceiros, isso desde os tempos de Science, como por exemplo em "Todos Estão Surdos", de Roberto Carlos.

O disco tem nove faixas, experiência musical rápida, mas que valeu a penas, inicia-se  com "Refazenda" de Gilberto Gil do ano 1975, o hino entoado é fiel a versão original, mas a Nação Zumbi conseguiu dar sua cara pra esse clássico, com destaque para a voz de Du Peixe e o arranjos de Letieres Leite e a Orquestra Rumpilezz , e que nos faz desejar que o manguebit e a tropicália se cruzem mais vezes nas esquinas da MPB. Tem também "Balanço" de Tim Maia, de 1973 que já chega pesado com riff na introdução dando uma cara mais rock, comparando com a versão original, há menos metais e mais peso da guitarra.

"Amor" foi apresentada no Rock In Rio, com participação do Ney Matogrosso, nessa versão a guitarra é mais groovada que o baixo original, o que deixa o som mais pesado e que quebra os arranjos de violões, canção de João Ricardo e João Apolinário do ano de 1974.  Com o objetivo de visitar fases da música brasileira, a jovem guarda está presente em "Não Há Dinheiro que Pague" no mesmo groove de Roberto Carlos, composta por Renato Barros em 1980. Visitando a música internacional, uma das escolhidas foi "Do Nothing", do grupo The Specials, composta em 1980 por Lynval Golding, numa versão também mais pesada, o que não descaracterizou o som, deixando-o numa pegada mais ska.

A música "Dois Animais Na Selva Suja da Rua", sucesso na voz de Erasmo Carlos, e composta por Taiguara, em 1971, traz mais um pouco de jovem guarda, seguindo a pegada rock and roll de Erasmo, mas colocando uma cara de psicodélica ao usar os sintetizadores ao invés do clássico teclado. Os Beatles também são homenageados nesse álbum, com a música "Tomorrow Never Knows" de 1966 composta por John Lennon e Paul McCartney, a Nação moderniza o som, mas mantém (e potencializa) a atmosfera melancólica do clássico, que compôs o lendário álbum Revolver da banda de Liverpool.

Fechando o álbum, mais dois sons gringos, que ao lado de "Tomorrow Never Knows", fazem uma espécie de lado B do Radiola NZ. Um é a música "Sexual Healing" de Marvin Gaye, Odell Brown e David Ritz do ano de 1982, menos new wave e mais manguebit, com a potencia da voz de Du Peixe. E fechando, vem o som "Ashes to ashes" de David Bowie de 1980, que o vocalista comenta: "Ouvíamos muito essa música nas festas no Recife. E, quando era DJ, também colocava para tocar [...] É preciso ter cuidado. Não é simples fazer uma versão”, e nessa versão a Nação Zumbi traz uma batida mais frenética e uma guitarra distorcida, além, é claro, da voz grave de Du Peixe.

Retomando a fase de adolescência, bem antes das plataformas digitais, onde várias músicas eram gravadas em fita K7, a Nação nos traz de presente uma fita pensada com carinho. Radiola, também é o nome dado as vitrolas e soundystens no Maranhão, e na versão dos pernambucanos trouxe uma união entre tropicália, funk, jovem guarda e o manguebit com a pegada do que é de melhor do rock internacional, com respeito e admiração a música, o que realmente foi um presente para os fãs.

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