Fuçando o baú do Pensador

Texto de Rafael Moreno

Vem cá, bora dar uma fuçada no baú de um dos maiores nomes do rap nacional? Bora lá, garanto para vocês que não irão se arrepender. No baú do Gabriel o Pensador tem muita coisa interessante. Um pouco de ritmo, um pouco de poesia e temos um mix de boa música. Um forte abraço e boa viagem nessas letras

Que tal um papo sobre música?

E que tal se esse papo sobre música for de ritmo e poesia?

Vamos falar um pouco de rap?

Melhor, não iremos fazer uma historiografia do rap, por mais que isso seja culturalmente necessário para todos nós, vamos falar de um cantor específico.

Bem, quem me conhece sabe que sou suspeito pra falar desse cara. Como canso de repetir a todos, ele é responsável pela minha primeira lembrança musical. Lá estava, com meus dez, onze anos, cantando "apaga a fumaça do revólver, da pistola / manda fumaça do cachimbo pra caixola / acende, puxa, prende, passa / índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça", no meu diskman (obrigado pai!), na época que os CD's vinham com a playlist e tudo mais!

Mal sabia esse moleque o quanto as letras do Gabriel o Pensador o influenciaria nessa itinerante jornada em ser um escritor. Ser antes de ter, só uma breve recordação dos objetivos.

Se vocês virassem e me perguntarem "qual música ou álbum devo escutar do Gabriel o Pensador?", com toda a certeza eu responderia "Todas!". Porém, por aqui farei um pouco diferente.

Sabemos, e isso a Wikipédia diz (e se está por lá, é verdade), acerca de todos os álbuns, músicas, shows, biografia, historiografia e seja la mais o que você quer saber. Então, pra irmos um pouco na contramão disso tudo, bora falar de algumas músicas em específicas e, de certa maneira, aquelas que fogem um pouco do nosso conhecimento, mas que são igualmente sensacionais!

Pega a caneta, o papel, e anota sua nova playlist.

Dentro de você - "Aprenda a viver, descanse quando morrer, tudo o que precisa está dentro de você"

Se tem uma música que casa perfeitamente com o filme Clube da Luta é essa. Numa busca por auto-entendimento e aceitação do próprio ser que é, os versos procuram mostrar que não importa como, onde e porquê, desde que esteja bem com si mesmo. E sim, assista ao Clube da Luta e ouça a música, é o Tyler Durden falando contigo.

Brazuca – “Brazuca é bom de bola, Brazuca deita e rola. Zé Batalha só trabalha, Zé Batalha só se esfola”

Temos, dentre tantas canções, uma das mais críticas no que diz respeito a (super)valorização que damos a um esporte que deveria ser tratado, assim como já foi, como um mero entretenimento. Já diziam que o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes e por aqui temos a inversão dos valores, seja no tratamento, na ascensão social, na prioridade midiática e no comportamento da sociedade para com ela mesma.

Pra onde vai? – “Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol, quando a noite cai?”

No ritmo de baladinha dos anos oitenta e numa letra incrivelmente linda, temos uma das mais belas e tristes histórias que retratam a injustiça que nem mesmo o mundo pode prever. Aqui a gente fica perdido, sem entender onde, como e porque começou. Só somos levados a entender o que vai acontecer daqui pra frente. É forte, eu sei, mas vale a pena.

Cavaleiro Andante – "Não me arrependo nem do que eu não fiz, não vou na onda desses imbecis, não tô na boca nem tô no nariz, quem fala muito não sabe o que diz"

Temos por aqui um pouco de reflexões e experiências já vividas, afinal de contas, não se arrependa nem do que não fez e veja, a cabeça não foi feita pra segurar um chapéu. E é assim que levamos a vida pra frente, erramos, erramos muito, mas daí ganhamos experiência pra irmos acertando, certo?

Palavras Repetidas – “Sou um grão de areia no olho do furacão, em meio a milhões de grãos. Cada um na sua busca, cada bússola num coração. Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação”

Ok, convenhamos, para muitos essa, talvez, não seja uma letra tão desconhecida assim, possuindo até mesmo um clipe. Mas sua menção se dá, justamente, nesses tempos de medo e incertezas, ou melhor, nas certezas que temos que o mundo talvez não seja tão bom assim. Mas veja bem, o segredo disso tudo é ter amor, afinal, sem amor, nada seríamos, mesmo que falássemos a língua de todas as etnias.

Sem Parar – “Pra saber o que é possível é preciso que se tente conseguir o impossível, então tente! Sempre alimente a esperança de vencer. Só duvide de quem duvida de você.”

Tendo como a analogia a boa e velha bicicleta, afinal de contas, andar sem rodinhas já é um sinal de libertação (não é mesmo?), a gente entende que é assim mesmo que funciona, sem desânimo, por mais que tudo indique que não dará certo. Porque, vamos, lá, se pararmos, caímos. E se cairmos, bora levantar né?

Sei lá – “Que piração: tô na procura por uma cura pro meu coração. E na loucura da procura eu procurei você, e fiz uma procuração. É, pro coração, pra curar o coração e deixar o cara são...Pronto pra outra lição.”

Vem cá, quem é que nunca teve um coração partido? Daquelas partições e repartições que pensa, repensa, vive e revive cada momento dito e não dito, vivido e não vivido, naquele misto de tristeza de desejo de boa sorte para aquela pessoa que se foi e que, talvez, bem talvez, tenha sido a melhor coisa que poderia ter acontecido contigo?

Acho que essas são algumas tracks da nossa fita aqui do blog. Um pouco de ritmo, um pouco de poesia e temos um mix de boa música. Gabriel o Pensador.

Espero que curtam suas músicas da mesma forma que curti. Veja só, por culpa dele, e do Maurício de Souza (daí já é outro papo), estou falando com todos vocês.

Um forte abraço e boa viagem nessas letras.