Depois de 11 anos o Pavilhão 9 retorna, com Doze, Rhossi e uma rapaziada nova, porém com muita experiência: Leco Canali, (ex-Tolerância Zero), na bateria, Heitor Gomes, (ex-Charlie Brown Jr) no baixo e Rafael Bombeck Freiria, na guitarra, além dos scratchs do DJ MF.
A produção do disco ficou a cargo de David Krotoszynski e do Pailhão 9, no estúdio DNAudio, com base produzida por DJ Nave Beatz.
O disco foi lançado pela Deckdisc e tem quase 30 minutos de porrada
sonora no velho estilo de rap mais hardcore, ou rapcore, ou ainda quem
chame de rap metal. Mas o Pavilhão é uma daquelas bandas que não se
rotula, as letras seguem a mesma vertente dos últimos trabalhos da
banda, o descaso com a periferia, a patifaria da classe política e a
denuncia contra a policia assassina.
O disco abre com “Antes Durante Depois”, faixa que dá nome ao disco, como peso nos instrumentos e scratchs logo de cara, a música é o cartão de visita do álbum, que traça a trajetória da banda:
“Antes
Durante Depois/O que mudou tudo ou nada/Vou caminhando sem deixar uma
pegada/Antes Durante Depois/ Nossa família é sagrada/ Vou liquidando
culpando quem deu mancada/ Antes Durante Depois/ Durante toda etapa/ Vou
conquistando jogando ganhando de virada”.
Seguindo temos a faixa “Tudo Por Dinheiro”
música de trabalho do disco, traz uma bateria pulsante e ótima
dobradinha entre guitarra e baixo que mantém o mesmo protagonismo na
track, enquanto que a letra fala do que geral faz tudo para se manter
montado na grana:
“Dinheiro
faz dinheiro, mas não compra a paz/ Se é falso ou verdadeiro tão
querendo mais/ Bens materiais se sentem sagaz/ Acelera o opalão só
gastando o gás/ De todas as cores de todos os países/ Bolsa de valores
uma nova crise/ Guerra e terror tomam as marquises”.
A música três é “Acredita Não Dúvida”
tem um vocal mais rap, mas os instrumentos ainda batem pesado, temos
viradas incríveis de bateria e riff de guitarra estável, como os
clássicos do rapcore, a letra, como o nome sugere, diz para acreditar que a luta não é em vão:
“Caminhando
escutando/ Observando o bando/ Nossa vida na mira até quando/ O
confronto não é brando/ Estão reivindicando/ Tem muitos passando o pano/
Acredita, não dúvida/ Todos na mira no muro a escrita”.
Na faixa “Número 1”,
com o baixo protagonizando a levada e a guitarra entrando
incidentalmente durante o tempo normal de música, no refrão a bateria
bate mais alta e a guitarra ganha a cena, a letra fala de como ser o
“número 1”, ser um vencedor e provar que a periferia é capaz:
“Mostre como é que se faz/ Prove que você é capaz/ E sem problema algum/ O vencedor número 1!”
Já na track “Pesadelo Gangsta”, inicia com latidos de cães, numa atmosfera que parece ser noturna, e aqui o estilo é o rap, que mescla boombap com trap, porém de forma orgânica, é possível notar a presença do baixo no compasso e a guitarra fazendo seu feat:
“De
mili anos no bang presenciamos a cena/ O efeito é bumerangue trago de
volta o tema/ Não é cena de cinema/ Se livrando de algema/ Walkie tolkie
na escuta nada disso não muda/ Cada um com a sua loucura, não aturo
filha da puta”.

A música seguinte é “Ideia Quente”, volta a pegada do rock n’ roll, com dobradinha no vocal entre Rhossi e Doze, o refrão vem recheado de scratchs
do DJ MF, com colagens do Sabotage, a música fala da ideia quente do
Pavilhão, que tá na estrada a uma cara e que pavimentou a estrada que
muitos passam hoje, destaque para o solo de guitarra no final:
“É
quente/ Pra frente não quer que a gente anda/ É quente/ A banca aqui
não joga na retranca/ É quente/ Só quem pode por aqui comanda/ É quente/
É quente”.
A música sete é “Os Guerreiros”, que começa no peso do riff da guitarra, até Doze assumir o vocal rap, e a música tornar-se um boombap com
bateria e guitarra e melodia também feita pela guita, o baixo de Heitor
não passa despercebido, a letra fala da resistência, do trabalho e de
como o Pavilhão escreveu sua história:
“Não
vim da fama/ Vim da lama/ E tô vestido/ Porta, barreira, muralha,
conflito/ Sobrevivi e sobrevivo como se fosse o último dia/ Vejo na
educação a saída/ E quem dúvida? Não cola, não arrasta, não contraria”
A faixa oito é “Boca Fechada”
é uma música que fala sobre a corrupção, o enriquecimento ilícito por
parte da classe política e sobre as delações que viram piada enquanto a
policia nada faz com esses corruptos e segue a perseguição com moradores
de favela, com destaque para o verso d’O Rappa “Todo camburão tem um
pouco de navio negreiro”.
“Estão guardando segredo/ Estão fazendo silêncio/ Estão fingindo não vendo/ Boca fechada”.
“Isto Não Para” é a versão em português da música “Esto No Para” do rapper espanhol Kase.O, vulgo de Javier Ibarra Ramos,
que compões o grupo Violadores del Verso. A música do P9 vem como uma
homenagem para a América Latina e toda essa situação dos refugiados ao
redor do mundo, aqui o Pavilhão pôs o peso da guitarra em sua versão:
“Isso
Não/ Isso Não/ Isso Não Para porque nada não para/ E se nada não para/
Porque nada se para/ E se nada se para/ Porque nada não para/ E se nada
não para/ Nada eu disse nada/ Prepara minha rima aqui não falha”.

E fechando o disco, a faixa “Na Malandragem” é um rap, boombap,
com baixo orgânico, tocado Heitor Gomes, e finaliza o álbum “Antes
Durante Depois” com os BPM mais baixos, numa pegada mais relax, onde
Rhossi e Doze rimam sobre a malandragem:
“Vou
procurando e vou achando e o progresso fluindo/ Quem é malandro se
jogo/ E quem não é vai caindo/ A ladeira subindo, da viatura fugindo/ O
momento é intenso, gente indo e vindo, vou seguindo”.
O
disco é tiro curto, menos de 30 minutos de paulada, mas em tempos de
tudo tão imediato é o esquema para passar as mensagens de maneira rápida
e direta, mas se engana se pensa que por ser rápido o disco é simples,
ou de baixo teor da essência do “Pavilhão 9”, pois segue o mesmo peso dos outros trabalhos, porém com uma roupagem P9 2107.
O
disco também coloca a boca no trombone contra a corrupção e violência
policial, como raiz dos anos 90, temas que muitos grupos e bandas estão
se esquecendo nas suas letras nos dias de hoje., infelizmente esses
temas estão mais comuns hoje do que nos anos 90, e assim o Pavilhão 9
traz sua pedrada musical para o público já consolidado mas abre espaço
para arrecadar novos fãs, já que a estética desse novo álbum é pensada,
também, para essa nova geração.

Leia mais sobre Antes Durante Depois, do P9 clicando aqui
Confira, também, a entrevista que o Submundo do Som fez com a banda Pavilhão 9, clique aqui.
Confira, também, a entrevista que o Submundo do Som fez com a banda Pavilhão 9, clique aqui.
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