Tá afim de curtir um excelente álbum do nosso rap? Então dá play em Nova Inquisição, do rapper Siloque, sendo esse o segundo trampo do artista. Disco direto e reto, e nas suas 7 faixas traz a nova inquisição, na era da internet.
A
Inquisição do século XII, promovida pela igreja, perseguia mentes
esclarecidas em uma verdadeira “caça as bruxas” (literalmente). Enquanto
a tecnologia avança a humanidade regride, e com popularização da
informação novos inquisidores surgem.
Na faixa que abre o disco, “Meme”, que tem participação de Franco Torrezan,
a música faz alusão as notícias falsas que são cada fez mais
frequentes, e buscam caluniar e difamar alguém, mas sempre tem quem as
defende, e comprar briga com quem tenta esclarecer a parada. A música
também aborda os muitos casos em que faltou respeito e compromisso com o
rap, praticado pelos por aqueles que se dizem militantes da cultura Hip
Hop.
“O tempo ta fechando, tira a roupa do varal
Fecha as porta, sai da pista, tempestade tropical à vista!
Mas se você preferir, eles te parcelam
Eles cortam nossa força e a gente janta à luz de vela”
Fecha as porta, sai da pista, tempestade tropical à vista!
Mas se você preferir, eles te parcelam
Eles cortam nossa força e a gente janta à luz de vela”
Na música seguinte, Siloque apresenta “Fogo de Palha”, que segue denunciando os inquisidores num beat tenso e flow marcante com ótimo jogo de palavras para o trap:
“Só trepe com quem concordar
O trato foi nunca tretar
Tem truta que tenta atingir o topo
Mas treme e lhe falta Q.I
Minha bic, meu mic são meus E.P.I
Meus peso queimando os P.A
To preso querendo voar!”
O trato foi nunca tretar
Tem truta que tenta atingir o topo
Mas treme e lhe falta Q.I
Minha bic, meu mic são meus E.P.I
Meus peso queimando os P.A
To preso querendo voar!”
Na faixa 3 o rapper tem a companhia de Laura Camarini, num belo dueto em “Prata da Casa”, uma música good vibrations que fala das coisas simples da vida, do amadurecimento do ser humano e como o refrão cita, sobre viver bem a vida:
“Já é vitória
Antes mesmo do final
Afinal de que vale a vida
Se for mal vivida?
Não vim ser igual!”
Antes mesmo do final
Afinal de que vale a vida
Se for mal vivida?
Não vim ser igual!”
“Leão” é a próxima música, que vem com participações de Buda e Nobre Sam, com um boombap
de responsa e levada contemporânea, a letra vem dar a letra sobre o
leão combatente das autoridades que se apresentam e manipulam o povo, e
que acaba formando novos inquisidores:
“Eu não nasci pra me enquadrar
Mas pra pintar meu próprio quadro
No formato que eu julgar ser adequado
Não escute o que eles dizem a você
Eles perderam a razão!
Não precisa obedecer, mas se desprender é bom!”
Mas pra pintar meu próprio quadro
No formato que eu julgar ser adequado
Não escute o que eles dizem a você
Eles perderam a razão!
Não precisa obedecer, mas se desprender é bom!”
A faixa 5 é a “Festa Cheia”, que também leva o nome de “Nova Inquisição Parte I”, nessa Siloque vem de speedflow do início ao fim, intermediado pelo refrão, que encaixa perfeitamente com o beat:
“Não é nada sério / Nada do que eu falo é sério”, em analogia ao
Brasil, país que realmente não dá pra ser levado a sério, onde os altos
impostos roubam a brisa:
“Não quero desapontar, “que é que tem para almoçar?”
Mesma janta requentada, não deu pra gourmetizar
Ouço o som do meu alarme e dá-lhe contas pra pagar”
Mesma janta requentada, não deu pra gourmetizar
Ouço o som do meu alarme e dá-lhe contas pra pagar”
Tem também a “Nova Inquisição Parte II”, chamada “Portões Brancos”.
Neste rap Siloque denuncia a onda de fascismo que vem crescendo em
nosso país, onde as pessoas desesperadas estão dando tiro errado,
virando inquisidores, querendo queimar o indivíduo cujo perfil não se
encaixa, e clamando pela volta de erros do passado:
“Cresce nessa academia
Que ensina o “não se opina”
Chacina é seu progresso
Não há vacina pro que peço
Pensamento militar pra limitar a juventude
Em nome de Jesus foi se tornando fria e rude”
Que ensina o “não se opina”
Chacina é seu progresso
Não há vacina pro que peço
Pensamento militar pra limitar a juventude
Em nome de Jesus foi se tornando fria e rude”
Fechando
o disco, Siloque apresenta “Moeda de Troca”, um trap que passa uma
mensagem importante sobre os conflitos internos, para se auto afirmar e
vencer numa comunidade cada vez mais doente e de valores trocados:
“Sei que tô atrapalhando, mas só até me ajeitar
Sempre fui o rejeitado e deitado vou ejetar
Por que já ficar cansado de ser caçado e amaciar
A carne dura pro churrasco
A rapa dura até o fiasco”
Sempre fui o rejeitado e deitado vou ejetar
Por que já ficar cansado de ser caçado e amaciar
A carne dura pro churrasco
A rapa dura até o fiasco”

O
disco é uma obra importante para o rap, pois acompanha o atual cenário,
tanto em batidas como em técnicas, mas não abandona a essência do rap,
que são as fortes letras de denuncia e critica social. "Nova Inquisição"
vem no momento certo, também, pois várias atitudes, principalmente
vistas na web, praticadas por aqueles que se dizem MC's e "amantes" do
rap, acabam distorcendo a real mensagem (ou nem mensagem trazem), e Siloque vem para mandar o recado de forma original e fenomenal.
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