O
Criolo é o Kleber Cavalcante Gomes, pesquisando rapidamente você vê que
o cara é do meio artístico do rap, porém o ouvinte old school (pra não
dizer conservador) pode escutar os discos “Nó na Orelha” e o mais
recente “Convoque seu Buda” e ficar disconfiado, pois a levada desses
dois álbuns é diferente do primeiro registro “ Ainda há Tempo”, nesse
disco as faixas são “rap” da primeira a última, letras carregadas, flow,
gírias, os BPM das pick up’s, os sampler’s e os discursos contundentes,
seguindo a escola do rap nacional como Thaide, Racionais, RZO, Sabotage ou SNJ. Um pesadíssimo disco de rap do Criolo Doido.
“Cantar rap nunca foi pra homem fraco, saber a hora de parar é pra homem sábio”,
rima Criolo em “Sucrilhos no Prato”, pois após 10 anos de hip hop
decidiu que era hora de aposentar o flow, por insistência dos irmãos de
caminhada resolveu “documentar”, como ele mesmo disse, as músicas que
estavam engavetadas. Como seria apenas um registro ora família, sem a
pretensão de virar um CD comercial, o Criolo queria colocar todo seu
potencial que ia além do rap, gravou samba, bolero, reggae, inde, MPB
além de muito hip hop, tudo bem mesclado, então a primeira vez que se
ouve o Nó na Orelha vem a desconfiança: “Música comercial pra tocar na
rádio!”, mas o ouvinte mais atento percebe a poesia das letras e a
melodia dos hinos de uma música ímpar, que foi feito pra tocar nos auto
falantes de um grupo seleto, sem a pretensão de vender, Criolo botou o
coração em cada faixa desse disco.
Há
uma máxima que os Racionais MC’s são o grupo de rap mais rock n' roll
do país, não por ter rock, o estilo musical, nas composições de Mano
Brown ou nas batidas de KL Jay, mas pela atitude rock n' roll que o
grupo apresenta. Nessa pegada, eu digo que o Nó na Orelha, e o Convoque
seu Buda também, são duas pauladas, dois discos de rap raíz, mesmo não
sendo rap de uma ponta à outra, mas por que traz a essência do rap em
cada faixa, o discurso, a mensagem, o louvor, o samba do Criolo, o
Bolero do Criolo, o reggae do Criolo é mais rap do que artistas e
músicas que se dizem rap “puro”, tô falando da essência meu irmão!
Então
o Criolo sobe no palco canta seus raps, canta suas músicas que as vezes
não são rap, mas que tem a essência e a vibe do rap e acaba sendo mais
rap do que muitos rap. Isso atrai uma molecada nova, que se pá nem é do
rap, mas ouve um Criolo é se identifica, com a poesia, com a levada, e
hoje você vai no YouTube e vê vários maluquinho fazendo versão do Criolo
com violão, e não é só das MPBs do Criolo não, “Subirusdoistiozin”,
“Lion Man”, “Esquiva da Esgrima” e por aí vai. Então aí que você vê que o
Criolo é doido mesmo, e que virou o jogo, do “ — Ihh Man… esse é mais
um som comercial, pra prayboy” para um “ — Porra veio, Criolo representa
a quebrada, levou o rap e as gírias pra onde muito medalhão num
conseguiu (ou nem tentou)!!!”
Pra
finalizar, se ainda dúvida do Criolo é só ver as causas que o maluco
apoia, são causas que o hip hop apoiava lá trás, nis anos 90, séc xx,
mas que com as facilidades da informação deixaram de lado. Então lição
de casa: prestar atenção nos discursos do Criolo e se lembrar da
essência do RAP, rapaz!
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